A inflação acumulada em 12 meses no Brasil continuou caindo em maio e atingiu 3,94% - informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (7).
A inflação oficial de maio foi de 0,23%, abaixo do 0,61% registrado em abril, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. No mesmo mês de 2022, os preços no varejo haviam aumentado 0,47%. É o menor acumulado em 12 meses desde outubro de 2020, quando ficou em 3,92%.
Os dados divulgados nesta quarta-feira mostram que as altas de preços voltaram a cair pelo 11º mês consecutivo, cenário que levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a pressionar o Banco Central (BCB) a reduzir a taxa de juros de referência Selic, hoje entre as mais altas do mundo (13,75%).
O setor de transportes, por sua vez, destacou-se pela queda (-0,57%), consequência da redução das passagens aéreas e dos combustíveis fósseis.
O maior aumento ocorreu na saúde e cuidados pessoais (0,93%), impulsionado pelo aumento dos planos de saúde.
O dado oficial ficou abaixo da previsão do mercado, que previa alta de 0,37% para o quinto mês do ano, segundo a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta semana.
Enquanto isso, a expectativa para este ano se situava em 5,69%, abaixo das semanas anteriores, mas ainda acima do teto da meta do BCB (4,75%).
A taxa de inflação está na mira da autoridade monetária, que mantém as taxas altas para alinhar essas projeções com seus objetivos.
- Críticas -
O governo Lula reforçou as críticas ao nível da taxa de referência, que encarece o crédito para empresas e famílias, e dificulta o crescimento.
"Não há nenhuma explicação para a gente ter o juro mais alto do mundo, de 13,75%. Para que esse juro tão alto? Quem ganha com isso?", questionou Lula na terça-feira, durante um ato em Pernambuco.
O presidente do BCB, Roberto Campos Neto, defendeu nesta semana que os juros altos se explicam porque "o governo deve muito (dinheiro). Se devesse menos, o juro seria mais baixo".
Gustavo Sung, economista-chefe da empresa de investimentos Suno Research, disse que o "resfriamento significativo" da inflação mostrado na quarta-feira "pode ajudar positivamente o Banco Central" a cortar a Selic.
Ele avaliou, porém, que o corte pode começar em agosto, e não na próxima reunião deste mês do Comitê de Política Monetária do BCB.
O BCB "só dará início ao processo de cortes na taxa de juros quando tiver certeza de que a inflação está em trajetória estável e em direção à meta, às expectativas ancoradas - já vem dando sinais de arrefecimento - e sem grandes choques que o façam mudar de rota no meio do caminho", explicou Sung.
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