Um futuro mais verde é o alvo da indústria aérea mundial, com bilhões de dólares sendo direcionados para alcançar a meta de zero emissões de CO2 até 2050. Esta promessa surge em um cenário de crescente demanda por viagens aéreas, que deve dobrar nas próximas duas décadas, segundo previsões das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, Airbus e Boeing.
A grande questão que se coloca é: como conciliar a preocupação ambiental com a expectativa de aumento do tráfego aéreo? Segundo as principais empresas do setor, a solução está na inovação tecnológica. Essa discussão foi um dos temas centrais do Paris Air Show, evento internacional de aviação realizado nos arredores da capital francesa, que marcou a recuperação do setor após a queda provocada pela pandemia de COVID-19.
No último ano, apenas na França, o setor contratou 18 mil novos funcionários e a projeção é de que outros 25 mil sejam contratados em 2023. O tráfego de passageiros deve superar os números pré-pandemia já no próximo ano. Empresas com o a Air France planejam aproveitar o evento de aviação para expandir seu quadro de funcionários. O interesse por aeronaves mais eficientes e menos poluentes está em alta.
No primeiro dia do Paris Air Show, a Airbus assinou o maior contrato da história da aviação civil: a venda de 500 aeronaves A320neo para a companhia aérea indiana de baixo custo IndiGo, pelo valor aproximado de US$ 55 bilhões. Esses modelos prometem ser de 15 a 20% mais eficientes em termos de consumo de combustível e emissões de CO2.
Aumenta também a pressão por novas regulamentações no setor, que responde por entre 5 a 6% das emissões globais de gases de efeito estufa. Em 2022, 193 países membros da Organização da Aviação Civil Internacional se comprometeram a alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
O setor aéreo vem buscando alternativas mais sustentáveis há algum tempo. Desde 1960, as emissões de CO2 por passageiro reduziram em cinco vezes graças aos avanços tecnológicos. Contudo, no mesmo período, o número de passageiros aumentou 45 vezes.
Países como França, Alemanha e Estados Unidos estão investindo pesadamente na nova geração de aeronaves. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou recentemente um investimento de € 2,5 bilhões até 2030 para pesquisa e desenvolvimento de aviões com menor impacto ambiental.
O Paris Air Show dedicou um pavilhão inteiro para exibir as inovações do setor, como os novos combustíveis de biomassa. No entanto, esses combustíveis ainda são usados apenas em curtas distâncias e representam apenas 1% do total embarcado na Europa.
Além disso, a indústria está explorando o conceito de ecopilotagem, que envolve mudanças técnicas e operacionais para reduzir o consumo de combustível durante o voo. A expectativa é que os aviões elétricos ou híbridos comecem a operar na próxima década. A aposta a longo prazo são as aeronaves movidas a hidrogênio verde, previstas para 2050.
Apesar do progresso, alguns especialistas e organizações ambientais alertam que os avanços podem não ser suficientes para atingir as metas de descarbonização. Se a ideia de reduzir o número de voos ainda é rejeitada pelos países, essa pode se tornar a única alternativa para enfrentar a emergência climática.
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