presidente do Federal Reserve, Jeromy Powell

O presidente do Federal Reserve, Jeromy Powell, disse após reunião do Fed, esperar um "pouso suave" da economia dos EUA este ano

Stefani Reynolds/AFP


Washington – Após uma breve pausa no ciclo de alta de juros no mês passado, o Federal Reserve, o banco central dos EUA, voltou a subir a taxa em 0,25 ponto percentual em reunião de ontem, para uma faixa de 5,25% a 5,50% – o nível mais alto em 22 anos – e deixou a porta aberta para novas altas. A decisão, unânime, não surpreendeu o mercado, que apostava em um novo aumento. A dúvida agora é qual será o próximo passo do Fed em sua missão de controlar a inflação americana. Questionado sobre um novo aumento de juros na próxima reunião do Fed, em 20 de setembro, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, afirmou a jornalistas que isso é possível, assim como uma pausa.

No comunicado, a instituição afirma que a atividade econômica vem crescendo em um ritmo “moderado” – na reunião anterior, a avaliação era de um ritmo “modesto”. O Fed também destaca que a alta de preços e a expansão de vagas de trabalho seguem em patamar elevado. “O comitê vai continuar a avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

A alta divulgada ontem foi a 11ª elevação em 12 reuniões. A expectativa do mercado agora varia entre o fim do ciclo de altas ou uma nova alta de 0,25 ponto percentual até dezembro. Em junho, o Fed havia projetado que faria mais dois aumentos neste ano. Em nota após a decisão, o Goldman Sachs avalia que o Fed não deve mexer nos juros em setembro.

O banco central dos EUA subiu a taxa de um patamar próximo de zero em março de 2022 para mais de 5% na tentativa de desaquecer a economia e, assim, levar a alta de preços do país para dentro da meta, atualmente em 2%. Os dados mais recentes de inflação nos EUA mostram uma desaceleração. Em junho, o índice de preços ao consumidor registrou alta de 3% no acumulado em 12 meses, a menor variação em mais de dois anos. Indicadores relativos ao mercado de trabalho também têm mostrado um desaquecimento, embora com alguma volatilidade.

Analistas, no entanto, avaliam que o Fed deve seguir adotando uma postura cautelosa diante desses dados. Em entrevista após a divulgação da decisão, Powel, afirmou que o núcleo de inflação (que exclui itens de maior volatilidade) ainda segue elevado. Por outro lado, há o temor de que a dose aplicada já seja alta demais, derrubando a economia para além do necessário – muitos economistas, inclusive do próprio Fed, vinham projetando uma recessão nos EUA, o que não se confirmou até agora.

Ontem, Powell afirmou que a autoridade americana passou a descartar uma retração neste ano e disse ser uma "bênção" o fato de a elevação dos juros ter ocorrido sem resultar em uma disparada do desemprego – a taxa está em 3,6%, praticamente a mesma de quando a autoridade começou o aperto monetário. O BC americano vem diminuindo o ritmo de elevação dos juros, e chegou a fazer uma pausa em junho. A expectativa é que o banco central americano consiga fazer o que economistas chamam de "pouso suave": um desaquecimento da economia suficiente para colocar a inflação sob controle, mas não a ponto de minar a atividade.