O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre deste ano, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em relação aos três meses anteriores.

O número representa uma desaceleração em relação ao crescimento registrado nos três primeiros meses do ano, quando o resultado foi puxado por um desempenho do agronegócio acima do esperado.

 

Segundo a agência Bloomberg, analistas de instituições financeiras e consultorias estimavam avanço de 0,4% na comparação com o primeiro trimestre e de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

Foi o oitavo resultado positivo consecutivo do indicador nessa comparação.

O resultado é menor do que o registrado no primeiro trimestre (dado revisado de 1,9% para 1,8%). Segundo o IBGE, a atividade econômica está 7,4% acima do patamar pré-pandemia, no quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série histórica iniciada em 1995.

 

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A alta do segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%), segundo o instituto.

 

"O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo", diz a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

 

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A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre (-0,9%). A retração vem após o avanço de 21,0% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada.

 

"Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre", afirma Palis.

 

CONSUMO DAS FAMÍLIAS

 

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre. O consumo do governo cresceu 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), avançaram 0,1%. A taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022 (18,3%).

 

"Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família", diz a coordenadora do IBGE.

 

"Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar."

 

As expectativas agora são de um PIB ainda mais fraco neste segundo semestre, em um ambiente de juros ainda elevados, apesar do corte recente da taxa básica pelo Banco Central.

 

Segundo a pesquisa Focus do BC como economistas, o PIB deve crescer cerca de 2,3% neste ano, resultado ligeiramente abaixo dos 2,9% registrados no ano passado e bem acima dos cerca de 1% projetados para 2023 no começo deste ano.

 

O Banco Central, por exemplo, revisou sua projeção de 1,2% para 2%, citando um cenário de desaceleração da atividade econômica no Brasil sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política de juros por aqui. Algumas instituições, como o Bank of America, já falam em um crescimento de 3%.

 

CÁLCULO DO PIB

 

Produtos, serviços, aluguéis, serviços públicos, impostos e até contrabando. Esses são alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padrões internacionais. O objetivo é medir a produção de bens e serviços no país em determinado período.

 

O levantamento é apresentado pela ótica da oferta (o que é produzido) e da demanda (como esses produtos e serviços são consumidos).

O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período em questão e traz um dado preliminar.

 

O número final é apresentado quase 24 meses após o fim do ano e traz também a ótica da renda (soma das remunerações do trabalho e capital, que mostram como cada parte se apropriou da riqueza gerada).

 

Os dados definitivos de todos os trimestres de 2023, por exemplo, serão conhecidos em novembro de 2025.

 

VARIAÇÃO DO PIB DE 37 ECONOMIAS NO 2º TRIMESTRE DE 2023

 

Em relação ao trimestre anterior, em %

 

  • Irlanda - 3,30
  • Lituânia - 2,80
  • Japão - 1,5
  • Eslovênia - 1,40
  • Costa Rica - 1,3
  • México - 0,9
  • Romênia - 0,9
  • Brasil - 0,9
  • Indonésia - 0,8
  • China - 0,8
  • Israel - 0,70
  • Finlândia - 0,70
  • Coreia do Sul - 0,60
  • Estados Unidos - 0,5
  • França - 0,5
  • Espanha - 0,4
  • Eslováquia - 0,4
  • Canadá - 0,30
  • Reino Unido - 0,2
  • Dinamarca - 0,2
  • Bélgica - 0,2
  • República Tcheca - 0,1
  • Noruega - 0
  • União Europeia - 0
  • Alemanha - 0
  • Portugal - 0
  • Arábia Saudita - -0,1
  • Chile - -0,30
  • Estônia - -0,30
  • Hungria - -0,30
  • Holanda - -0,30
  • Itália - -0,30
  • Áustria - -0,4
  • Letônia - -0,60
  • Colômbia - -1
  • Suécia - -1,5
  • Polônia - -3,7

 

Fonte: OCDE Data