O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que há "pressão de gastos para todo lado", mas considerou fazer parte do seu trabalho localizar os riscos.
Em evento da revista Exame nessa quarta-feira (13) à noite, que reuniu alguns dos principais empresários dos país, ele afirmou que os gastos devem ter sempre um "retorno positivo" e que a função do governo é mapear os perigos.
"O trabalho de um governo sério é localizar os riscos fiscais. A gente mapeia até os riscos judiciais. A gente tem feito trabalho nos tribunais para localizar causas que podem trazer problemas muito grandes", explicou.
Ele citou a necessidade de falar "não" a alguns pedidos, o que pode ser um problema nas negociações com o Congresso Nacional e empresários. Para compensar, despejou elogios na atuação de deputados, senadores e no diálogo com setores da economia nacional.
"O que nos cabe é vigiar. Ver qual ministro teve uma grande ideia, o que o Judiciário está decidindo, quais as grandes questões, o que o Congresso está aprovando. Tem de haver vigilância para que a disciplina fiscal seja natural no país. Temos de ser o chato que diz não, que não deixa, que bate na mesa. É a tarefa", afirmou.
Prestes a viajar na comitiva presidencial de Lula que vai a Nova York neste mês, Haddad espera embarcar após ter anunciado detalhes do Plano de Transição Ecológica --a ideia de impulsionar o desenvolvimento baseado na preservação ambiental e combate às mudanças climáticas.
O ministro quer usar a novidade para buscar investimentos. "Vamos usar a nossa matriz energética, que é a mais limpa do mundo", disse.
Diante dos empresários e sem ser contestado, Haddad adotou um discurso otimista e lembrou todo o caminho percorrido desde sua nomeação, em dezembro do ano passado. Também considerou inadmissível o índice de crescimento brasileiro do ano passado, de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto a média mundial foi de 3,4%.
"Este país não pode crescer menos do que a média mundial, não temos o direito de oferecer à sociedade menos do que isso, com tudo o que o destino colocou nas nossas mãos", disse.
Um dos pontos do qual mais se vangloriou foi o texto da reforma tributária que, segundo ele, ninguém acreditava ficar pronto no primeiro semestre de 2023. Esta foi outra fonte de elogios na relação com o Congresso Nacional.
Haddad disse acreditar que, após conversas com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) e com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o cronograma de votação será cumprido até o próximo mês.
"Precisa gostar muito de risco para investir no Brasil. Quando converso com fundos estrangeiros, eles não querem saber quando as contas públicas vão estar ajustadas. Querem saber: tem gente séria pilotando a economia para que a trajetória seja consistente? Sim. Tem sistema tributário cristalino, transparente e justo? Sim. Tem vantagens competitivas em relação a seus concorrentes? Sim", afirmou.
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