Nadim Donato

Fecomércio Minas Gerais promoveu o Inova Varejo, com mesas de debate sobre a reforma tributária e o comércio

Jair Amaral/EM/D.A Press
O presidente do sistema da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Nadim Donato, afirma que setembro foi um mês ruim para o setor, mas que o crescimento de 2023 vem ocorrendo em padrões comparativos com o período anterior a pandemia de COVID-19. O empresário e a Fecomércio sediaram o INOVA Varejo, nesta quinta-feira (5/10), no Minascentro, em Belo Horizonte, onde debateram as mudanças que o comércio e setor de serviços têm passado nos últimos anos.

“Nós tivemos um mês de setembro péssimo, muito ruim para o comércio de Minas. Porém, o ano de 2023 vem um pouco melhor do que 2022, e nessa reta final ainda temos ótimos momentos, como o Dia das Crianças, Black Friday, Natal, então vamos ter um ganho real esse ano. Acreditamos que nos aproximamos de 2019 na maioria das empresas”, afirma Nadim Donato.

A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada com os dados do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) em relação ao primeiro semestre de 2023, revelou um crescimento no volume de vendas em Minas Gerais na casa de 5,8% em relação ao mesmo período do último ano. Já a variação acumulada em 12 meses, tem um desempenho positivo no estado de 3,1%.

Nadim destaca que o desempenho ruim em setembro representa uma flutuação da economia, sendo um evento factível de ocorrer. “Em momentos diferentes da economia acontece esse tipo de evento em que a população parece que está endividada e recolhe um pouco as compras. Você sente isso até nos géneros de primeira necessidade, o remédio e a comida, então o comércio todo vai junto. Nós tivemos uma retração, que pode ser uma recuperação do poder de compra do consumidor para depois voltar a consumir. Por isso nós acreditamos que esse último trimestre será melhor”, pontuou.

Para além dos eventos de fim de ano que aquecem a economia, o presidente da Fecomércio ainda avaliou as medidas do Governo Federal que tem o objetivo de diminuir a inadimplência da população. Na última terça-feira (3/10) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto do Desenrola Brasil que renegocia dívidas bancárias e não bancárias, tendo beneficiado milhões de pessoas já nas primeiras etapas.

“O endividado ele quer pagar, ele só não consegue. Quando o governo vem com um plano, o banco vem com um projeto, que ele (consumidor) possa pagar de maneira reduzida e alongada a sua dívida, ele vai fazer. Estamos tendo um retorno muito grande de pessoas, que estão até pagando à vista para limpar seu nome. Acreditamos que isso vai refletir no consumo do último trimestre de 2023”, afirmou Nadim Donato.

O Inova Varejo BH reuniu o empresariado mineiro durante essa quinta-feira (5/10). Entre as discussões sobre o futuro do comércio, foi debatido o perfil do consumidor moderno, o consumo digital, as tendências de mercado e as inovações no consumo.


Reforma tributária

Nadim Donato ainda participou de uma mesa que debateu as nuances da Reforma Tributária, com a participação do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), o economista-chefe da Confederação nacional do Comércio e Serviços, Fábio Bentes, e do jornalista da GloboNews, Gerson Camarotti. Em coletiva após a roda de conversa no grande teatro do Minascentro, o presidente da Fecomércio-MG expressou preocupação com o impacto da reforma no setor de serviços, mas disse que a mudança no sistema tributário é fundamental e ajustes podem ocorrer por meio da Lei Complementar.

O setor de serviços se preocupa com a alíquota única prevista no sistema de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Para tentar sanar possíveis distorções, a CNC propõe a emenda emprego, uma medida que prevê um redutor da alíquota atrelado ao grau de empregabilidade para as atividades. “Não é justo que o empresário que mais emprega no país não possa usar isso para abater o imposto. É o que a gente tem defendido na segunda fase de discussão da reforma tributária", afirmou Fábio Bentes, pontuando uma boa receptividade da proposta com os parlamentares.

Reginaldo Lopes, coordenador do grupo de trabalho da reforma tributária, concordou com a proposta da emenda do emprego, mas também reforçou que o foco deve ser promulgar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o que ele prevê que ocorra até o fim de novembro. “O mundo cobra imposto sobre renda, patrimônio e consumo. O Brasil inventou de tributar folha de pagamento. A emenda do emprego é importante, tudo que for para gerar empregos é importante. No futuro poderemos discutir todas essas questões", disse o petista.


ICMS

Nadim Donato afirmou que o aumento da alíquota adicional de 2 pontos percentuais sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sancionado pelo governador Romeu Zema (NOVO) no último sábado (30/9), recebeu posição contrária da Fecomércio Minas. “Entendemos que o governo do estado vem fazendo um bom trabalho, mas somos contra o imposto. Temos uma posição muito firme em relação a isso, infelizmente perdemos, e isso vai refletir em aumento de preços para o consumidor. Nós apenas atravessamos o imposto, quem paga é o consumidor”, disse.