Fachada do banco de Brasília

Banco apresenta prejuízo de R$ 43,7 milhões no primeiro semestre

Ed Alves/CB/D.A Press
Lisboa - A decisão do Banco Central de obrigar o Banco de Brasília (BRB) a refazer seus balanços, tanto de 2022 quanto de 2023, por causa de lançamentos indevidos de receitas, provocou estragos nos demonstrativos financeiros da instituição controlada pelo Governo do Distrito Federal (GDF). O impacto foi tamanho, que, nos primeiros três meses do ano, o BRB passou de um lucro líquido de R$ 69,9 milhões para um prejuízo de R$ 43,3 milhões. Esse tombo foi calculado por analistas financeiros com base nas divulgações feitas pelo próprio banco referentes ao primeiro semestre de 2023.

 

 


Os dados do BRB mostram que o buraco dos três primeiros meses do ano foi coberto pelo lucro líquido de R$ 85,4 milhões computado entre abril e junho. Por isso, o resultado consolidado do banco no primeiro semestre de 2023 ficou em R$ 42,1 milhões. Ou seja, os ajustes determinados pelo BC não apenas zeraram o lucro anunciado inicialmente pelo BRB entre janeiro e março, como ainda deixaram um saldo negativo que comeu quase a metade dos ganhos obtidos nos três meses posteriores. 

É importante ressaltar, ainda, que o BRB só continuou com lucro no primeiro semestre no seu balanço deste ano porque lançou créditos tributários de R$ 71,6 milhões como receitas. Foi essa contabilidade que permitiu o lucro líquido de R$ 42,1 milhões. Ou seja, o resultado antes da tributação do IR foi negativo em R$ 23,7 milhões, o que significa que a operação do banco público não apresentou resultado positivo.

Quando descontados esses créditos tributários, o BRB teve prejuízo de R$ 23,7 milhões no período. Essa, portanto, é a realidade dos balanços do banco, diz um técnico da autoridade monetária.

Além da utilização do crédito tributário, o banco aplicou uma reversão de R$ 20 milhões em provisões para o pagamento de dívidas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em 2001, a instituição controlada pelo GDF foi autuada quatro vezes por não recolher contribuições previdenciárias sobre participações nos lucros de seus funcionários e sobre abono salarial. Agora, em 2023, 22 anos depois, os advogados do BRB entenderam que vencerão o processo com o INSS. Portanto, os R$ 20 milhões poderiam sair da rubrica despesas e pular para a coluna de receitas.

Ao tirarmos essa reversão da provisão de débitos tributários, fato não recorrente, e o lançamento de créditos tributários, o BRB apresenta um prejuízo em sua operação de R$ 43,7 milhões no primeiro semestre deste ano.

Mesmo com os ajustes contábeis lançados pelo BRB, o certo é que os números pioraram muito, no próprio balanço do banco. Houve uma queda no lucro líquido de 73,7%. 

Números 


Balanço 

R$69,9 milhões 
Lucro líquido do primeiro trimestre antes dos ajustes do balanço determinados pelo BC

R$ 43,3 milhões 
Prejuízo do primeiro trimestre após os ajustes no balanço 

R$ 85,4 milhões
Lucro do segundo trimestre

R$ 42,1 milhões 
Resultado positivo apontado pelo balanço do primeiro semestre

Lançamentos contábeis não operacionais


R$ 71,6 milhões 
É o lançamento dos créditos tributáveis, não recorrentes, referentes ao primeiro semestre

R$ 20,1 milhões 
É a reversão do crédito tributário referente a uma antiga dívida com o INSS

R$ 91,7 milhões 
Soma dos valores lançados como crédito nos ajustes contábeis 

Saldo

R$ 43,6 milhões 
É o valor negativo calculado sem os lançamentos dos ajustes contábeis.