Jornal Estado de Minas

Pela 1ª vez na história, educação superior a distância tem mais vagas que a presencial no Brasil



A oferta de vagas no ensino superior a distância (EAD) ultrapassou a de vagas em cursos presenciais em 2018. É a primeira vez que isso ocorre no Brasil, segundo dados do Censo da Educação Superior, apresentado nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O levantamento também mostra um alto índice de desistência dos estudantes, e logo no início dos cursos, em todas as modalidades. 



(foto: MEC/Inep; Censo da Educação Superior)


“Pela primeira vez os cursos à distância passam na frente dos presenciais. Houve uma ampliação expressiva do número de vagas, que é muito maior que o de alunos que temos hoje”, disse Carlos Eduardo Moreno Sampaio, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep. No ano passado, as vagas para o curso superior fora da sala de aula eram 7.170.567, contra 6.358.53 no ensino presencial. A maior parte das vagas de educação a distância foi oferecida na rede privada. Chama atenção que o total do número de vagas é maior que o de estudantes na graduação. No ano passado, foram 8,4 milhões de matrículas na graduação. 

(foto: MEC/Inep; Censo da Educação Superior)


Segundo o levantamento, o número de estudantes que entram nos cursos de graduação à distância vem crescendo nos últimos anos, dobrando a participação de ingressantes de 20% em 2008 para 40% em 2018. Já nos cursos presenciais a matrícula caiu 13%. No entanto, a pesar da grande oferta de vagas, o maior número de matrículas efetivadas ainda é na educação presencial. No ano passado, 2.072.614 se matricularam nos cursos presenciais contra 2.072.614 nos cursos à distância. 

O Censo também mostra que o número de pessoas matriculadas em instituições particulares é maior do que nas públicas. Em 2018, 75,4% das pessoas entraram na graduação em faculdades particulares. Nas públicas foram 24,6% dos ingressantes.  

Desistências


Ao abrir a coletiva de imprensa para apresentação dos dados, o ministro da Educação Abraham Weintraub criticou o grau de desistência dos jovens que entram no ensino superior. “A gente é muito ineficiente aqui no Brasil, onde mais da metade dos ingressantes desiste ao longo do curso ou as pessoas ficam mais do que o tempo necessário”, disse o ministro. “Se a gente reduzisse significativamente a ineficiência, conseguiríamos dobrar o número de pessoas com ensino superior no Brasil, utilizando os mesmos recursos e sem nenhum investimento”, afirmou. 





A evolução dos indicadores de trajetória dos estudantes entre 2010 e 2016 mostra que no último uma taxa de desistência de 56,8/100. A de conclusão era de 37,9 e 5,3 de taxa de permanência. 

(foto: MEC/Inep; Censo da Educação Superior)


No recorte por idade, a desistência dos mais jovens é maior entre todas as faixas etárias analisadas. A taxa de desistência dos estudantes de até 24 anos era de 61 em 2016. 

Ainda segundo o Censo, a desistência é menor entre os estudantes da rede privada que possuem Fies e ProUni.  Esse detalhe também foi destacado por Weintraub. “Justamente no jovem pobre que paga financiamento e vai para a faculdade privada é onde você tem a menor taxa de desistência. Esse jovem que está vendendo o almoço para comprar o jantar escolhe direito o curso que vai fazer e quando ele entra ele leva a sério”, criticou. “Mesmo com todos os problemas pelo veículo inadequado que foi o Fies, até o alto grau de inadimplência, você vê que esse jovem mesmo com dificuldade tem mais sucesso do que aquele que é custeado pelos pais na faculdade privada, ou daquele que entra na pública, seja porque não precisa pagar ou porque o curso na federal é desestruturado”, pontuou. 




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