Se no passado palavras apareciam no enunciado das provas dos vestibulares de maneira maliciosa, para confundir candidatos e testar seu poder de escapar às questões feitas para induzir o estudante ao erro, na era do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) as pegadinhas não se escondem.
Leia Mais
Dicas para a nota mil de Redação no EnemDe que forma o governo Bolsonaro pode impactar o ENEM?Assista ao aulão gratuito de Exatas e Ciências da NaturezaLá se foi o tempo em que as questões afirmavam que todas as alternativas são corretas, a não ser por um detalhe: o exceto. Ou, ainda, pediam para achar aquela resposta incorreta. Palavras consideradas perigosas, que misturadas ao nervosismo dos candidatos a uma vaga nas universidades exigiam a máxima atenção, desapareceram das 90 questões do Enem. O Enem é 100% alternativa correta, como explica a coordenadora do pré-Enem e professora de biologia do Colégio Chromos, Denise Regina Arão.
Dicas para não cair em armadilhas
- Na prova de ciências humanas ou linguagens, é mais provável que as questões ofereçam uma alternativa que possa levar o estudante a marcá-la, pois um conceito foi exposto de forma correta, mas a pergunta não é respondida objetivamente
- Nas matérias que pedem cálculos, as alternativas podem conter resultados alcançados por erros básicos, como uso equivocado de sinais, fórmulas ou raciocínios que fujam da lógica-padrão de resolução
- Os erros mais comuns cometidos pelos candidatos do Enem estão ligados à interpretação de textos motivadores, comandos e enunciados
- Fique atento: apenas uma resposta entre as cinco alternativas é a correta. As outras contêm informações que não conseguem responder corretamente aos questionamentos expostos nos enunciados e comandos das questões
São três tipos de “distratores”, que, como a palavra sugere, estão ali invariavelmente em quatro das cinco possibilidades para “distrair” quem faz a prova. O primeiro é o de redução. Nele, a alternativa parece correta, mas falta informação do comando da questão. O segundo, o de extrapolação, ao contrário, ultrapassa o comando. Já o de contradição vai totalmente contra o comando e o texto-base, conforme destaca Denise.
“Sempre terá a redução, a extrapolação, a contradição e uma estará inteiramente fiel ao comando”, relata. E fica outra dica preciosa: sem ler o texto motivador, nem pensar em resolver. “Ele é fundamental para tomar como referência e dominar o assunto da questão”, afirma Denise.
Cuidado com as distrações no texto
O professor de história e coordenador pedagógico do QI Pré-Vestibular, Rafael Verdim, ressalta que os participantes da prova do Enem devem ficar atentos ao fato de que nem sempre as informações contidas nos “distratores” estão erradas conceitualmente.Outra pegadinha é o fato de as provas serem transdisciplinares. Logo, ao serem separadas por áreas e não por matérias, num mesmo caderno o candidato passa em questão de minutos de uma disciplina para outra e que, ao mesmo tempo, conversam entre si. Caso da área de ciências da natureza, que abarca química, física e biologia. “Não tem muito bem definido quem é dono da questão. Não é uma prova específica, mas que interage e transita em várias disciplinas, o que exige do candidato ter uma maestria maior. Uma hora precisa dominar certa disciplina, depois outra. O cérebro deve, assim, fazer ligações entre elas.”
E é nessas ligações que ocorrem os erros mais comuns dos estudantes – na interpretação de textos motivadores, comandos e enunciados.