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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Minas Gerais lidera ranking de detentos matriculados em faculdades no Brasil

Ao todo, 221 custodiados mineiros estão cursando graduações


postado em 01/06/2020 20:43 / atualizado em 02/06/2020 16:38

Detentos Flávio Rezende e Lucas Ferreira durante aulas de graduação a distância(foto: Assessoria Sejusp)
Detentos Flávio Rezende e Lucas Ferreira durante aulas de graduação a distância (foto: Assessoria Sejusp)
Flávio Rezende e Lucas Ferreira, detentos que cumprem pena no Presídio de Lagoa Santa, iniciaram no final do mês de maio os cursos universitários de Educação Física e Marketing do Centro Universitário Unicesumar. Eles foram aprovados no Exame Nacional do Ensino do Ensino Médio (Enem) e farão as obrigações de maneira remota, pelo computador.

Flávio e Lucas integram um grupo de 221 detentos mineiros que estão cursando universidades. O estado, aliás, lidera o ranking brasileiro de detentos matriculados em faculdades. Só em 2019, 2,6 mil custodiados mineiros foram qualificados na educação profissional e tecnológica.

A oferta de ensino superior e profissionalizante não é obrigatória ao Departamento Penitenciário (Depen MG), da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), lembra a diretora de Ensino e Profissionalização do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), Bruna Maciel.

“É fundamental que a população prisional possa dar continuidade aos estudos. A educação é um dos principais pilares da ressocialização. Ela faz parte da vida de todo cidadão, livre ou preso, sendo necessário promover meios para que os apenados retornem à sociedade com novas perspectivas”, diz Bruna Maciel.

O recorde mineiro coloca o Presídio de Lagoa Santa em destaque, pois 20 dos internos prestaram provas no Enem. Os exames foram aplicados por fiscais que não têm relação com o presídio.

Segundo o diretor-geral da unidade, Daniel Feliciano, o ensino transforma vidas. “Hoje, vejo que os estudos são de grande relevância na ressocialização desses indivíduos. Acompanho o empenho deles e acredito que irão progredir por meio do conhecimento”.
 
Empolgado, Lucas Ferreira diz que as aulas trazem mudanças e a esperança de um futuro melhor. “Só de voltar a estudar, a mente da gente se abre e melhora a autoestima. Escolhi cursar Marketing porque quero trabalhar para mim. Tenho consciência que será complicado ingressar no mercado de trabalho por causa do preconceito. Por isso, pretendo montar um negócio próprio, prestar consultorias.”

Flávio Rezende espera retomar um passado que, durante algum tempo, pareceu distante e impossível. “Estou fazendo o curso de Educação Física, porque, antes de ser preso, eu era competidor de crossfit. Como entendo que será difícil competir depois de sair daqui, resolvi ser professor, para ensinar o que eu sei. Eu me sinto determinado, com mais vontade de seguir no caminho certo”.

Lucas e Flávio têm aulas duas vezes na semana, durante quatro horas por dia. E para cumprir seus objetivos, eles contam com a ajuda do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que cedeu computadores. Eles foram instalados numa sala da unidade prisional. Durante o tempo em que estão estudando, os dois são acompanhados por agentes penais.

As bolsas de estudos de ambos são parciais. Mas, para a complementação, ambos dizem que dependem do apoio familiar. Os parentes foram fundamentais para que pudessem voltar a estudar.

Liderança mineira

Em 2019, 198 presos mineiros fizeram cursos de graduação. Santa Catarina ficou em segundo lugar no ranking nacional, com 173 detentos no ensino superior. Em terceiro lugar ficou o Distrito Federal, com 67 internos matriculados. Os dados são do Departamento Penitenciário Nacional/Ministério da Justiça e Segurança Pública.


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