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Estado de Minas Pandemia

Férias escolares? COVID-19 bagunça ano letivo e volta às aulas

Sem calendário único pela primeira vez, escolas terão recessos em épocas distintas, afetando planos de alunos, professores e instituições


10/08/2020 06:00 - atualizado 10/08/2020 07:30

Sem saber quando voltam as aulas físicas, escolas têm dúvidas no calendário e se estruturam para transmitir conteúdo dado em sala(foto: Alexandre Guzanshe/ EM/D.A Press )
Sem saber quando voltam as aulas físicas, escolas têm dúvidas no calendário e se estruturam para transmitir conteúdo dado em sala (foto: Alexandre Guzanshe/ EM/D.A Press )


A incerteza das famílias sobre a volta das aulas presenciais vai avançando para recair sobre o planejamento de um dos momentos mais esperados do ano: as férias.

Pela primeira vez, cronogramas letivos deixaram de ser uniformes e, como consequência, escolas terão sua pausa de verão em épocas diferente. De forma inédita, os calendários não são os mesmos entre cidades, nem entre muitas delas e as redes dos estados, nem entre escolas municipais, estaduais e privadas e sequer entre as particulares.

Uma “bagunça” que certamente vai se refletir em planos de viagens de famílias e, por isso, em vários outros setores da cadeia produtiva, com destaque para o turismo. Sem contar que esses reflexos não devem se restringir ao atual ano letivo. Na rede particular mineira, na qual os estabelecimentos de ensino ganharam autonomia para fazer seus próprios calendários, orientação é para que colégios trabalhem em datas e parâmetros que se adequem aos dois modelos – presencial e remoto.

Em Belo Horizonte, instituições privadas se antecipam e, mesmo pondo sobre a mesa planos sanitários para a retomada, traçam o plano B caso o ensino on-line tenha de perdurar devido à pandemia de COVID-19

“Cada escola preparou o início das aulas remotas num período e adotou metodologia diferente. Algumas anteciparam recesso de julho, outras não. Algumas já estão dando parte das férias de janeiro. A organização do calendário não está em função de não voltar (ao presencial), mas de dar o conforto às famílias de saberem os próximos passos, para que elas também se organizem, uma vez que entramos em agosto”, afirma a presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Reis.



Mas ela reconhece que o grande dificultador será conciliar tantos calendários diferentes, sobretudo no caso de pais com filhos em escolas diferentes e professores que trabalham em mais de um colégio. “O Sinep sempre enviou sugestão de calendário, mas, desta vez, a organização de cada instituição foi diferente. Teve escola que começou só em abril as aulas on-line, outras nem começaram. Cada escola terá que ver o que precisará fazer para cumprir as 800 horas letivas, que não foram flexibilizadas”, acrescenta. 

O Coleguium é uma das redes que preferiram  tranquilizar pais e alunos e deixá-los livres para uma agenda em família. Depois de antecipar para maio o recesso de julho, a escola criou um calendário fixo que será mantido independentemente de retorno e da data em que isso ocorrer. Aulas vão até as vésperas de ano novo, em 28 de dezembro, com datas já fixadas de atividades e provas, sejam presenciais ou virtuais. “Damos tranquilidade aos pais e estabilidade emocional para nossos estudantes. Se fazemos desta forma, eles conseguem se organizar”, afirma a diretora-geral, Daniele Passagli.

"A organização do calendário não está em função de não voltar, mas de dar o conforto às famílias de saberem os próximos passos"

Zuleica Reis, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais



A única lacuna é a possibilidade de uma parada de dois ou três dias, caso haja retorno presencial e dependendo de quando ele ocorrer, para uma espécie de “respiro” antes da retomada das classes. Mesmo com calendário definido uma coisa é certa: férias serão mais curtas a que as famílias já se se acostumaram, até porque o Coleguium não pensa em postergar o início do ano letivo de 2021.

“Esse é um outro processo em que se deve pensar. O nosso projeto de retomada envolve também o ano que vem, com preocupação e cuidado com a saúde física. Esse projeto tem que ser muito forte na questão de acolhimento e no cuidado com o emocional, que precisa ser continuado”, afirma Daniele. “Os alunos estarão cansados e abalados. Também em 2021, avaliar será um processo não só de conteúdo. É um conceito que nós, como educadores, precisamos revisitar. Fazíamos muito para o 3º ano do médio por causa de vestibular e vamos descer para outras séries.”

Calendário avança para o próximo ano

Há escola que já anunciou o fim do ano letivo para meados de janeiro; outras informaram estar ainda em processo de revisão de calendário. Diante do quadro, se em alguns colégios as perspectivas estão definidas, em outras os pais ainda aguardam sem saber o rumo a tomar. Caso da analista de marketing Paula Oliveira, de 44 anos, mãe de Ana Cecília, de 6, e Natália Maria de Oliveira Soares, de 10.

As irmãs Natália, de 10 anos, e Ana Cecília, de 6, tiveram cronogramas distintos nas aulas on-line, o que deve se refletir no recesso e na viagem prevista para dezembro(foto: Alexandre Guzanshe/ EM/D.A Press )
As irmãs Natália, de 10 anos, e Ana Cecília, de 6, tiveram cronogramas distintos nas aulas on-line, o que deve se refletir no recesso e na viagem prevista para dezembro (foto: Alexandre Guzanshe/ EM/D.A Press )


A família planeja férias para dezembro, mas como ainda não foi apresentado o calendário na escola das filhas, no Bairro Colégio Batista, na Região Nordeste da capital, ela teme pagar a viagem e não poder embarcar. “Não sei nem se elas terão férias. A única certeza que tenho até o momento é que viverei situações diferentes com as duas”, afirma.

Ana Cecília, aluna do 1º ano do fundamental, não teve aulas durante todo o mês de maio. A escola deu recesso nos primeiros 15 dias, para ser compensado quando as aulas voltarem e a segunda quinzena foi a antecipação das férias de julho. Já Natália, aluna do 4º ano, teve aulas on-line na primeira quinzena e também a antecipação do recesso de julho na sequência. “Não sei se haverá sábados a mais, se vão deixar de emendar feriados para compensar. E as reposições com certeza serão diferentes para as duas, o que pode afetar as férias.”

O assunto virou prioridade na casa das meninas desde a semana passada, quando a avó perguntou como o recesso vai ocorrer. O projeto é poder ir para o Natal Luz de Gramado (no Rio Grande do Sul). “Todo ano temos parentes que fazem esse passeio. Da última vez, deixamos para ir este ano, justamente na época do aniversário da Ana Cecília”, conta Paula.



“Tenho dois problemas: eu acredito que voltando ou não, até o Natal deve ter aula. E tenho medo de programar viagem, pois não sabemos como estará a situação dessa pandemia. Preocupação tanto de não ser viável e perder dinheiro, quanto pela segurança da nossa saúde. Está complicado programar qualquer coisa. E é o único período em que consigo viajar, pois depois do Natal o movimento no restaurante da família aperta”, relata.

Sem certeza sobre a escola e sobre a situação sanitária, Paula aposta mais no plano B: ir para a casa dos pais no interior, onde as meninas terão espaço para correr e brincar. “Lá pelo menos está tranqüilo, ainda pensando na questão de contaminação pela COVID-19. Isso se houver férias, e quando...”

Difícil também para escolas

Trabalhar tanto em termos de calendário quanto pedagógicos com um plano A (volta ao presencial), sem deixar de lado o plano B (concluir o ano de maneira remota). Essa é a ordem no Colégio Arnaldo unidade Anchieta, na Região Centro-Sul de BH, onde as opções são revistas semanalmente e mudam de acordo com os cenários. Atualmente, trabalha-se com a hipótese de retorno à sala de aula física no mês que vem.

“Fechamos a primeira etapa com prova e fecharemos a segunda com todos os requisitos necessários e habilidades requeridos pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), com avaliações diversificadas, provas e simulados tradicionais a partir do 4º ano do fundamental até o ensino médio”, conta a diretora, Cléa Mara Mattos do Prado.



Nessa perspectiva, o ano letivo do Arnaldo terminará em 23 de dezembro. As férias às vésperas do Natal só serão possíveis porque, além de ter começado as aulas remotas em 23 de março, cinco dias depois do fechamento das escolas, o Arnaldo já está fazendo reposição de aulas aos sábados. “Oferecemos desde o início a interação pedagógica, mas estávamos estruturando ainda e demorou para chegarmos ao formato adequado, o que criou uma lacuna de horas de atividades”, explica Cléa.

As atividades consistem em gincanas científico-culturais para os mais novos e debates para os mais velhos. A carga horária do ensino médio também foi aumentada: ganhou uma tarde de aula, para além das três vezes por semana habituais. 



A escola está contratando consultoria de infectologista para ajudar com as particularidades sanitárias. “Voltar tem suas vantagens, mas há a preocupação de voltar e, em seguida, ter de interromper. As instituições educacionais como um todo não têm autonomia de uma volta facultativa. Autorizado o retorno, vamos nos organizar”, diz.

Será que volta?

O colégio também planeja transmitir aula híbrida (o que estiver sendo dado em sala será transmitido ao vivo para quem estiver em casa). A diretora, que considera a possibilidade real de o ensino presencial não voltar este ano, vê um provável retorno com cautela: “O presencial é muito melhor, mas diante da realidade não podemos brincar. Educação é um valor, temos que buscar as melhores formas de apoiar as famílias”.

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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