A Pearson, maior empresa de aprendizagem do mundo, acaba de divulgar os resultados de uma pesquisa anual com milhares de estudantes de diversos países. A segunda edição da Global Learner Survey busca identificar as percepções e expectativas desses jovens sobre o futuro da aprendizagem. As descobertas deste ano apontam para uma compreensão geral de que a pandemia do novo coronavírus deixará marcas permanentes na educação.
Os formatos on-line em todos os níveis de ensino e uma nova realidade de trabalho moldando o que e como as pessoas aprendem também estão entre as tendências.
Os formatos on-line em todos os níveis de ensino e uma nova realidade de trabalho moldando o que e como as pessoas aprendem também estão entre as tendências.
Segundo o estudo, quase 80% das pessoas acreditam que os ensinos fundamental, médio e superior vão mudar substancialmente por causa da pandemia. Para quase 90% dos entrevistados, a aprendizagem on-line fará parte desses três níveis educacionais, e as pessoas precisarão estar mais confortáveis trabalhando a distância e em ambientes altamente digitais.
Cresce, ainda, a percepção de que a educação está se tornando mais "self-service", especialmente em países como Índia e Brasil. Por aqui, 90% afirmam que as pessoas vão precisar assumir maior responsabilidade sobre o que aprendem para suas carreiras.
Recursos on-line de aprendizagem, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e preocupação com letramento digital despontam como tendências globais no que diz respeito à preparação para um novo mundo do trabalho.
Assim como no ano passado, a Pearson conduziu o estudo em parceria com a Harris Insights & Analytics, um importante instituto de pesquisa, com o objetivo de coletar opiniões de estudantes de todas as faixas etárias sobre assuntos como educação básica, ensino superior, carreira, futuro do trabalho e tecnologia.
Foram ouvidas sete mil pessoas com idades entre 16 e 70 anos em sete países: Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
Foram ouvidas sete mil pessoas com idades entre 16 e 70 anos em sete países: Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Índia e Reino Unido.
"A pandemia do novo coronavírus trouxe mudanças muito profundas e imediatas para os cenários de educação e trabalho ao redor do mundo", afirma Juliano Costa, vice-presidente de Produtos Educacionais da Pearson para a América Latina.
De acordo com ele, o fato de as pessoas perceberem que algumas dessas mudanças são permanentes mostra que muitas delas não são inesperadas, apenas chegaram antes do que se previa.
A COVID-19 só acelerou alguns processos de transformação que já vinham ocorrendo: “Agora, instituições educacionais e empregadores têm a missão de responder rápido e capacitar os profissionais de hoje e de amanhã para se adaptarem a essa realidade".
A COVID-19 só acelerou alguns processos de transformação que já vinham ocorrendo: “Agora, instituições educacionais e empregadores têm a missão de responder rápido e capacitar os profissionais de hoje e de amanhã para se adaptarem a essa realidade".
Outras descobertas
O estudo revela ainda que a confiança na educação está crescendo. Em um mundo de incertezas, as pessoas acreditam que o conhecimento gera oportunidades – 70% dos entrevistados globais veem a educação formal como um importante impulso para o sucesso pessoal, aumento de dois pontos percentuais em relação ao ano passado.
No Brasil, esse número é ainda maior: 84%, crescimento de 1% em relação a 2019. Apesar disso, ainda há uma certa desconfiança em relação a faculdades e universidades.
No Brasil, esse número é ainda maior: 84%, crescimento de 1% em relação a 2019. Apesar disso, ainda há uma certa desconfiança em relação a faculdades e universidades.
Em geral, as pessoas valorizam o ensino superior – 60% delas afirmam que é preciso ter um diploma para ser bem sucedido. No entanto, 64% dos estrangeiros e 67% dos brasileiros acreditam que essas instituições não estão em sintonia com os estudantes.
Já a confiança no ensino profissionalizante está crescendo: para 72%, 4% a mais que no ano passado, uma formação desse tipo tem mais chance de levar a um bom emprego do que um diploma universitário. No Brasil, esse crescimento foi de três pontos percentuais, de 65% para 68%.
Já a confiança no ensino profissionalizante está crescendo: para 72%, 4% a mais que no ano passado, uma formação desse tipo tem mais chance de levar a um bom emprego do que um diploma universitário. No Brasil, esse crescimento foi de três pontos percentuais, de 65% para 68%.
Apesar de terem demonstrado frustração com o ensino on-line no início da pandemia, os estudantes acham que essa modalidade veio para ficar – e, por isso mesmo, querem que ela melhore.
Para 67% deles (sendo 75% no Brasil), as instituições educacionais são menos eficazes no uso da tecnologia que em outros setores, como o de saúde, por exemplo.No entanto, eles esperam que isso mude.
Para 67% deles (sendo 75% no Brasil), as instituições educacionais são menos eficazes no uso da tecnologia que em outros setores, como o de saúde, por exemplo.No entanto, eles esperam que isso mude.
Investimento público
Quando se trata de direcionamento para investimentos públicos em educação, a disponibilização de tecnologia para estudantes desfavorecidos e a preparação de escolas para o ensino on-line aparecem como prioridades em todos os países pesquisados.
Além disso, 70% dos que responderam à pesquisa estão preocupados com a possibilidade de a pandemia aprofundar a desigualdade entre estudantes do ensino básico. Esse número é ainda maior no Brasil, chegando a 78%.
Por aqui, 74% das pessoas acreditam que o ensino on-line tem o potencial de ampliar o acesso à educação de qualidade, mas 90% enxergam que a tecnologia necessária para aprender nessa modalidade não está disponível para todos.
Cerca de 89% dos brasileiros veem um aumento na distância entre as crianças que têm acesso à tecnologia e as que não têm, e 92% acreditam ser importante que as escolas façam mais para combater a desigualdade econômica e digital entre os alunos.
Cerca de 89% dos brasileiros veem um aumento na distância entre as crianças que têm acesso à tecnologia e as que não têm, e 92% acreditam ser importante que as escolas façam mais para combater a desigualdade econômica e digital entre os alunos.
Efeitos da pandemia
A COVID-19 mudou também a percepção das pessoas sobre trabalho e habilidades. Uma economia massivamente transformada pelo desemprego e pela tecnologia não é mais coisa do futuro. É o cenário atual.As pessoas perceberam que o universo do trabalho está mudando ainda mais rápido que antes. Assim, é urgente adquirir as habilidades para a empregabilidade em um mundo digital.
Para 76% dos brasileiros, a pandemia ajudou a repensar suas trajetórias profissionais, e 59% temem precisar mudar de carreira por causa dela.
Já 86% afirmam ter aprendido que o trabalho em home office demanda um conjunto diferente de habilidades. E 89% dos entrevistados de outros países acreditam que as pessoas precisarão desenvolver mais habilidades digitais, como colaboração virtual, comunicação, análise de dados e gerenciamento remoto de equipes.
Já 86% afirmam ter aprendido que o trabalho em home office demanda um conjunto diferente de habilidades. E 89% dos entrevistados de outros países acreditam que as pessoas precisarão desenvolver mais habilidades digitais, como colaboração virtual, comunicação, análise de dados e gerenciamento remoto de equipes.
Os estudantes esperam, ainda, que as universidades assumam um papel de liderança na solução dos problemas econômicos causados pela pandemia.
O ensino superior está diante de uma oportunidade real de ajudar as pessoas a voltarem a trabalhar e se tornarem mais fortes economicamente: 86% dos estrangeiros e 88% dos brasileiros dizem que as universidades precisam investir em treinamentos e requalificação de trabalhadores desempregados.
Entre as soluções esperadas estão o oferecimento de cursos mais curtos e alternativas de menor custo para quem está sem emprego.
O ensino superior está diante de uma oportunidade real de ajudar as pessoas a voltarem a trabalhar e se tornarem mais fortes economicamente: 86% dos estrangeiros e 88% dos brasileiros dizem que as universidades precisam investir em treinamentos e requalificação de trabalhadores desempregados.
Entre as soluções esperadas estão o oferecimento de cursos mais curtos e alternativas de menor custo para quem está sem emprego.
Acesse aqui a íntegra da Global Learner Survey.
*Estgiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina
*Estgiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina