As escolas da rede privada de Minas Gerais estão preparadas para, com segurança, pôr fim ao modelo de aprendizagem remoto, adotado desde março em razão da pandemia causada pelo novo coronavírus. Para isso, uma série de medidas foram avaliadas e desenvolvidas a fim de compor um protocolo sanitário eficiente no que tange à prevenção da COVID-19 e, também, à segurança de alunos, professores e demais funcionários.
“Desde o início da pandemia, estruturamos um comitê formado por uma equipe de diversas áreas, com assessoria médica, para estudar protocolos de biossegurança do Brasil e do mundo. A partir disso, a equipe elaborou uma cartilha de orientação aos estudantes e colaboradores com o objetivo de equipar toda a comunidade escolar com as informações necessárias para a formação de novos hábitos de convivência no período da pandemia de forma segura e consciente”, relata a coordenadora do Comitê de Retorno às Aulas Presenciais do Colégio Batista Mineiro, Andrea Silva.
Assim, seguindo as orientações disponibilizadas por diversos órgãos oficiais de saúde, como a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, da Sociedade de Pediatria e, também, do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep MG), bem como de demais notas técnicas e estudos, as medidas de segurança foram estabelecidas e criadas.
Segundo Andrea, entre elas estão inclusas as políticas de acolhimento; treinamento do corpo docente; aquisição de equipamentos de proteção individual e sinalização de distanciamento e capacidade máxima em cada ambiente da instituição. Além disso, mídias indicadoras de como se deve fazer a higienização correta das mãos e dispensers de álcool em gel 70% foram instalados. “Preparamos também a equipe de serviços gerais para higienizar os ambientes constantemente”, informa.
VALIDAÇÃO De acordo com Daniele Passagli, diretora-geral do Coleguium Rede de Ensino, apesar dos distintos embasamentos para a criação dos protocolos sanitários, ambos se assemelham, haja vista que grande parte das medidas primordiais para o retorno às aulas presenciais seguem instruções mundiais, locais e, também, do próprio sindicato responsável pelas escolas particulares mineiras.
“Contamos ainda com a revisão e validação de uma empresa parceira, especializada em gestão de saúde e segurança do trabalho. E algumas medidas distintas aos cuidados básicos – uso de equipamentos de proteção, higienização e distanciamento social – serão tomadas na fase um de reabertura de nossas unidades. Em um primeiro momento, cantina, escolinhas (futebol e dança, por exemplo), ensino integral e áreas comuns, tanto externas quanto internas, não funcionarão.”
Segundo Daniele, outras medidas como horários diferenciados para a realização das atividades, procedimentos de limpeza e desinfecção constantes, uso e disponibilização de álcool em gel e ventilação natural das salas foram adotadas. Haverá aferição de temperatura e uma central de monitoramento para que, em caso de febre ou outros sintomas, o aluno seja encaminhado para a sala de espera, avisando à coordenação para que o responsável seja notificado.
“Reorganizaremos, também, as carteiras na sala de aula ou remanejaremos as turmas para outros possíveis locais da unidade. Os recreios das turmas serão em horários e locais diferentes e não haverá disponibilização de brinquedos nos intervalos e recreios. Em outras fases, em que será permitido o uso das áreas comuns, todos os espaços serão limitados, seguindo as regras de distanciamento social e higienização constante”, completa.
Mudança comportamental
No Colégio Santo Agostinho, a política de segurança para o retorno das aulas já é estudada pelo grupo de trabalho da instituição, composto por uma equipe multidisciplinar de lideranças. “Estamos atuando no plano de retomada, cujo objetivo é minimizar os possíveis riscos aos quais toda a comunidade escolar poderá estar exposta”, diz Fernanda Fernandes, gestora de relações humanas da mantenedora da escola.
“Para dar robustez ao processo, contratamos a empresa global de engenharia e consultoria ambiental e de projetos Arcadis, responsável pelos planos de retomada pós-pandemia em sistemas de ensino dos Estados Unidos e, também, de projetos em desenvolvimento na China e no Reino Unido.” Segundo ela, a principal medida tomada pela instituição foi a conscientização das famílias, alunos e colaboradores, haja vista a necessidade de mudanças comportamentais e nas rotinas. “Além disso, temos um plano de retorno cujas medidas sanitárias estão customizadas às particularidades de cada unidade do colégio, em função das diferentes realidades, como número de portarias, alunos e salas.”
Apesar disso, faz-se comum em todas elas as orientações de distanciamento social em sala de aula e demais ambientes da escola, controle da capacidade de pessoas nas dependências da instituição e barreira sanitária. Ainda, haverá um plano de manutenção rigoroso dos equipamentos de ventilação, monitoramento de saúde, sinalização de espaços seguros, rotinas de higienização e utilização de equipamentos de proteção individuais.
Em função da constante mudança do cenário de pandemia, Fernanda destaca que o grupo multidisciplinar realiza encontros semanais para validar as medidas e ações já realizadas, definir os próximos passos e avaliar as lições aprendidas. “Esse grupo seguirá atuando enquanto a pandemia estiver instalada. Todos os ajustes necessários serão feitos levando-se em conta as peculiaridades do momento e de forma rápida”, pontua.
Segundo ela, todo o processo de garantia de segurança sanitária e emocional dos estudantes no retorno às aulas presenciais é de suma importância. “Temos ciência da responsabilidade da escola em cuidar de cada criança, jovem e colaborador que adentra nossas de- pendências. Após tantos meses distante da escola, é esperado que o retorno às atividades presenciais gere ansiedade e insegurança em alguns alunos. Vamos transmitir segurança e mostrar os cuidados que temos com eles no retorno, por meio de diálogo prévio nas aulas remotas, para que eles estejam cientes do que vão encontrar.”
RESSIGNIFICAÇÃO Para a gestora do Comitê de COVID-19 do Colégio Loyola, Agripa Mairink, o sistema de ensino está passando por um processo de ressignificação. Por isso, seguindo irrestritamente as recomendações das autoridades públicas, vinculadas à autorização da Rede Jesuíta de Educação, a coordenadora destaca a criatividade para a melhor adaptação .
“Estamos em um processo consciente de explicitação e sistematização de norteadores para um funcionamento a partir de novas premissas: segurança sanitária, acolhimento e cuidado com as pessoas. Justamente por isso, fizemos pesquisas com os pais e capacitamos nossos profissionais, a fim de lidar da melhor forma possível com o momento atual. Estamos trabalhando, também, com foco na adaptação e otimização dos espaços, inclusive com a reestruturação de vários ambientes.”
Emília Caldeira, gerente de Educação do Sesc, em Minas Gerais, e Fernando França Monteiro de Barros, administrador da Rede Sagrado – Sagrado Coração de Maria, também dizem acreditar nesse processo de ressignificação. Por isso, todas as medidas básicas, como demarcação de distância e aquisição de equipamentos de proteção e sistematização protocolar, já foram tomadas, a fim de preparar física e psicologicamente o ambiente escolar para a recepção de alunos e profissionais. (JM)
*Estagiária sob supervisão
da editora Teresa Caram