Jornal Estado de Minas

ADIAMENTO

Enem: estudantes se preparam para a prova em meio a polêmicas

Após várias polêmicas envolvendo o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a data se aproxima e os estudantes se preparam para o grande dia. São seis milhões de inscritos para realizar a prova nos próximos domingos (17 e 24/11), segundo o Ministério da Educação. As datas previstas para a prova dividem opiniões e o assunto tem sido um dos mais comentados nas últimas semanas.





De um lado, alguns estudantes mantêm a opinião de que não é o momento mais adequado para fazer a prova, devido ao aumento de casos de infecção pelo novo coronavírus por todo país. No outro, há quem acredita que, com os devidos cuidados de prevenção à COVID-19, é possível manter a aplicação da forma como está programado.

Adiamento

Na última sexta-feira (07/01), a Defensoria Pública da União pediu à Justiça um novo adiamento, devido à nova onda de contágio ter crescido no Brasil. A ação é em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e entidades da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Educafro.

No mesmo dia, outras 45 entidades científicas publicaram uma carta direcionada ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, em que se mostram preocupados com a realização da prova. A carta garante que as medidas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do governo federal “não são suficientes para garantir a segurança da população brasileira, num momento de visível agravamento da pandemia no país”.





Apesar de todo esforço, a Justiça Federal negou o pedido de adiamento e, com isso, as datas estão mantidas. Cada estudante deve acessar o portal do aluno para ter acesso ao local de realização da prova.

Segundo o Inep, são 14 mil locais de prova no Brasil e 205 mil salas. São Paulo é o estado com maior número de inscritos (910.482), seguido por Minas Gerais (577.227) e Bahia (446.978).

Preparação

A estudante Marcella Andrade, 20 anos, pretende tentar uma vaga em medicina e conta como foi o último ano se preparando para a prova do Enem. “Desde o início de 2020 até hoje eu fiz cursinho para vestibular e eles continuaram com as aulas mesmo durante a pandemia, de forma on-line. Então faço exercícios com as minhas apostilas e tenho um acompanhamento dos professores, mas nessa última semana estou diminuindo a quantidade para ver se me acalmo um pouco”, disse.

Para ela, a data deve ser mantida e essa discussão toda só prejudica os alunos que vão fazer o exame. “Prefiro que mantenha as datas, porque eu acho que é um assunto muito complicado para colocar em pauta justamente na semana do Enem, sinto que é simplesmente para passar mais ansiedade no assunto que já está ansioso”, acrescentou.





Marcella, que vai fazer a prova na UNA João Pinheiro, acredita que, com todos os cuidados preventivos, é possível fazer uma prova segura. “Em relação a segurança da pandemia, acredito que se todo mundo tomar os cuidados necessários e o MEC estiver preparando tudo de forma segura não tem problema nenhum. Eu prestei vestibular para a federal em Uberlândia e eles tomaram todos os cuidados, nós tivemos que trocar nossas máscaras de 2 em 2 horas e usar álcool em gel, teve distanciamento. Eu senti que era um ambiente bem seguro e ventilado, então eu não vejo problema em relação a isso”, concluiu.

Essa não é a opinião de Fernanda Veloso, de 20 anos, que já é estudante de medicina na Faminas-BH e vai prestar o Enem para tentar conseguir o Programa de Financiamento Estudantil (FIES). Ela conta que, apesar de ser mais favorável para ela fazer a prova agora, já que a data de inscrição do programa é entre 26 e 29 de janeiro, acredita que o contexto da pandemia pode prejudicar muitos alunos. 

“Eu não fico tranquila em relação à prova devido ao cenário que estamos vivendo nesta pandemia, uma vez que são várias pessoas vão estar no mesmo ambiente e eu tenho certeza que os métodos utilizados pelos profissionais não vão ser dos melhores, já que são muitas pessoas e vai acabar saindo da linha. E, por mais que seja de máscara, são muitas pessoas. Além disso, a maioria vai ficar muito preocupada com esta situação e não vai ser capaz de dar o melhor na prova”, disse.





Fernanda, que já fez a prova três vezes, vai levar um kit com os materiais básicos do Enem, como de costume (caneta esferográfica de tinta preta ou azul, fabricada com material transparente, documentos, água e lanches). Mas desta vez, ela também tem que se preparar com um kit de COVID-19: álcool gel, máscara (uso obrigatório no dia do exame), faceshield.

Heitor Frattari, de 21 anos, que já faz faculdade de psicologia na PUC-MG e quer fazer filosofia na UFMG, vai fazer a prova na UNA do campus Center Minas. Ele conta que vai tomar todas as medidas preventivas contra a COVID-19. "Meu meio de transporte até o local da aplicação vai ser de carona com meus pais de carro, para me prevenir", explicou.

Novas regras

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) preparou algumas medidas necessárias para realizar a prova com segurança. As medidas que devem ser adotadas tanto na aplicação do Enem impresso quanto do Enem digital estão previstas nos editais dos exames, e o descumprimento poderá levar inclusive à eliminação dos candidatos.







Dentro de sala, os estudantes deverão permanecer com a máscara durante toda a realização do exame. O edital prevê que a máscara deve ser usada da maneira correta, cobrindo o nariz e a boca. Caso isso não seja feito, o participante será eliminado. Os candidatos poderão levar máscaras para trocar durante a aplicação, seguindo a recomendação de especialistas da área de saúde. 

O equipamento de proteção poderá ser retirado apenas para a identificação dos participantes, para comer e beber. Toda vez que retirarem a máscara, os participantes não devem tocar na parte frontal dela, e devem, em seguida, higienizar as mãos com álcool em gel próprio ou fornecido pelo aplicador. As mãos devem ser higienizadas também quando os participantes forem ao banheiro e no decorrer do exame. 

Outra regra é o distanciamento social. As salas, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), estarão dispostas de forma a assegurar a distância entre os participantes. 

Quem for diagnosticado com COVID-19 ou apresentar sintomas da doença, ou de outra doença infectocontagiosa até a realização do exame deve comunicar o Inep pela Página do Participante e pelo telefone 0800 616161. Esses candidatos terão direito de participar da reaplicação do Enem nos dias 23 e 24 de fevereiro.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria




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