Jornal Estado de Minas

PRIMEIRO DIA

Enem 2020: Medo de COVID-19 e erros de informações elevam tensão no 1º dia

O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 levantou diversas polêmicas sobre a realização da prova em meio à pandemia de coronavírus. Alguns inscritos, relataram que a maior preocupação não era a prova e sim o medo de contrair a doença. Além disso, também tiveram reclamações de estudantes em relação às medidas de segurança contra a COVID-19 nos locais de prova e erros de informações.



Lucas Pinheiro Pereira, de 18 anos, está prestando o Enem pela segunda vez para comunicação social. Ele conta que por fazer parte do grupo de risco, estava apreensivo para passar 5h30 dentro de uma sala com várias pessoas. “Estou bem nervoso, com um pouquinho de medo de muita gente. Pensei em desistir dois dias atrás, porque sou do grupo de risco. Tenho anemia falciforme”, disse.

O jovem explica por que pensou em não fazer a prova. “Faço procedimentos todo mês no Hemominas e estou tendo todo o cuidado. Pensei em desistir porque estou me resguardando tanto em casa, só saindo o mínimo possível, tendo todo o cuidado. Então você tem aquele medo porque não são só uma ou duas horas com as pessoas. É muito tempo dentro de uma sala”, explicou.

Segundo ele, a desinformação também contribui para sua preocupação. “O INEP não orientou sobre a distribuição nas salas, já vi muita reclamação da ocupação. Dá medo”, ressaltou. Porém, o estudante disse que decidiu fazer a prova pois não sabe como será a próxima edição, em função da pandemia. “A gente estuda o ano inteiro e se perde uma oportunidade. A gente não sabe como vai ficar o Enem em 2021. Tá tudo muito incerto, então é melhor garantir esse ano”, afirmou.

Sobre a possibilidade do exame ser adiado, ele diz que aumentou sua ansiedade. “Até ontem (sábado 16/01)a gente não sabia se ia ter ou não”, relatou. Lucas foi até a PUC Minas de carro por aplicativo e chegou mais cedo para evitar o contato com outras pessoas.



Enem 2020: Guia completo com regras e mudanças

E não foi só ele que teve esta apreensão quanto ao coronavírus. Carolina Manzali Bottcher, de 18 anos, está realizando o exame pela segunda vez. Ela quer fazer Ciências Biológicas e conta que está tranquila em relação às provas. “Acho que vai ser uma prova tranquila. Estou mais preocupada com a questão da doença”, disse. Para ela, a realização do Enem em meio à pandemia é perigosa. “A cidade está toda em lockdown e colocar um monte de adolescentes em salas, que eu imagino que estejam lotadas, para fazer uma prova, acho muito incoerente”, ressalta.

Carolina preparou um kit com máscaras para trocar ao longo da tarde e álcool em gel para higienizar as mãos e chegou mais cedo à PUC Minas para evitar aglomeração na porta. Quanto à possibilidade do exame ser adiado, para ela, a incerteza não teve tanta influência. "Aumentou um pouco minha ansiedade porque já me preparei o ano inteiro. Se adiar tem que estudar mais, não sei se posso acabar esquecendo algum conteúdo”, afirmou.
 

Salas cheias 

Apesar de várias reclamações em relação a aplicação da prova em meio à pandemia de COVID-19, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) justificou que seguiria todas as recomendações das autoridades sanitárias contra o novo coronavírus. No entanto, não é o que os participantes relataram.





 

Alguns deles utilizam as redes sociais para reclamar do distanciamento social nas salas que as provas estão sendo aplicadas. “Tem 40 pessoas na minha sala e 32 na do lado, grande distanciamento #Enem2020”, escreveu um jovem no Twitter.

Informações erradas

Além das reclamações em relação ao coronavírus e às medidas de prevenção, também tiveram inscritos que ficaram prejudicados com informações erradas dos voluntários nos locais de aplicação. Beatriz Abreu Avelar, de 19 anos, foi fazer a prova e pediu a orientação de ajudantes na porta da PUC-MG, no campus da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte.

Segundo ela, ao chegar na sala confirmada pelos funcionários, os aplicadores chamaram o coordenador informando que ela estava no local errado. "Eu tinha entrado no prédio e pedi a ajuda de uma moça que estava lá para confirmar o local de prova dos estudantes. Ela me informou o andar que eu precisava me direcionar e minha sala", disse. 





 

Ao chegar na sala, Bratriz disse que os aplicadores verificaram a incompatibilidade, certificando de que ela não estava no local correto, mas os portões já haviam sido fechados. "Eu estava com o cartão de confirmação em mãos, mostrando que eu estava na sala certa, mas meu nome não foi localizado. Eles chamaram o coordenador, que pediu meu CPF para confirmar e logo em seguida ele chamou os seguranças para me acompanhar até a saída", afirmou.

 

Na porta do prédio, ela encontrou mais pessoas que tiveram um erro na aplicação da prova e não foram autorizadas a realizar o exame. Beatriz gravou um vídeo relatando sobre o assunto. 

 

Ela informou que vai relatar o erro ao Inep e entrar com algum recurso para realizar a prova na segunda chamada ou de forma on-line. 

 
*Estagiárias sob supervisão do subeditor Rafael Alves

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