O primeiro dia de prova do Enem 2020 neste domingo (17/01) registrou o maior número de abstenções da história da avaliação. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que realiza o exame, 51,5% dos 5.523.019 inscritos não compareceram aos locais de prova. Embora a maioria ausente, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, avaliou o evento como “algo vitorioso”.
Ribeiro afirmou em coletiva que o baixo comparecimento foi fruto do medo de infecção por coronavírus e resultado de uma atuação injusta da mídia, que, segundo ele, “fez um trabalho contrário ao Enem”, diferentemente do tratamento dado ao vestibular da Fuvest, que seleciona os alunos para as universidades estaduais de São Paulo, como a USP. “Nunca ouvi ninguém falando tão enfaticamente contra o Enem”.
“Nós qualificamos o Enem como um sucesso porque no meio de uma pandemia nós conseguimos mobilizar milhões de pessoas de maneira segura. Para mim foi um sucesso. Nós estamos numa situação de calamidade e, ainda por cima, nós temos toda uma questão política de mídia contra, falando e criticando a realização do exame.”
Segundo o ministro, o governo enfrentou quase 20 ações contrárias à realização do Enem, mas que a pasta foi vitoriosa em todas, exceto na ação que suspendeu as provas no Amazonas. “O Judiciário do país reconheceu que o nosso pleito era um pleito melhor em termos gerais para a sociedade”, afirmou.
A Justiça Federal acatou pedido de adiamento da avaliação no estado que alegava o aumento expressivo nos casos de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo o ministro, o próprio governo reconheceu a necessidade de prorrogação das provas no Amazonas, que agora estão previstas para 23 e 24 de fevereiro. O exame também foi suspenso em duas cidades de Rondônia, onde prefeitos decretaram lockdown: Espigão d’Oeste e Rolim de Moura.
“O MEC foi tido como um ministério insensível à dor, mas não é verdade. Estamos falando com jovens adultos, o que não é a mesma coisa do que (falar) com crianças. Todo mundo sabe do espaçamento, dos cuidados de biossegurança. Estamos falando com jovens adultos que sabem se proteger. (...) Não somos insensíveis. Nós não queríamos prejudicar ainda mais os estudantes e foi por isso a nossa insistência”, protestou o ministro.
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, recordou a estrutura da prova aplicada neste domingo, que mobilizou 14.447 locais de prova em 1.689 municípios, e afirmou que as normas de segurança sanitária estabelecidos pelo órgão foram cumpridas.
“Tivemos uma aplicação tranquila do ponto de vista da segurança sanitária. Houve avaliações e verificações pelos órgãos competentes. O Ministério Público tinha também uma força-tarefa observando salas de aplicação pelo Brasil inteiro e nós não tivemos nenhum local de prova interditado por questões de saúde” ressaltou.
Questionado sobre os participantes que alegam terem sido barrados na hora da prova por superlotação de salas, Lopes garantiu que os inscritos que foram prejudicados poderão solicitar a reaplicação da prova. Até a noite deste domingo, 10.171 participantes tinham encaminhado ao Inep pedido de reaplicação da prova em 23 e 24 de fevereiro, por apresentarem sintomas de COVID-19. Desse total, o Inep tinha aceitado a solicitação de 8.180 inscritos.
Em Minas Gerais, a prova foi aplicada em 188 municípios e a ausência notada no estado foi maior do que a média nacional. Segundo o Inep, 52,8% dos inscritos para a realização da prova em Minas não se apresentaram. O presidente do órgão revelou que o prefeito de Mariana pediu pra visitar salas de aplicação da prova no município para averiguar a observação de normas sanitárias.
Veja a coletiva do MEC e do INEP: