Em meio à escalada de casos de COVID-19 no Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem seu segundo dia de aplicação de provas neste domingo (24/01). Em todo país são esperados cerca de 2,6 milhões de candidatos que, em sua maioria, temem pela segurança durante a aplicação dos exames. Em Minas, são 568 mil inscritos na avaliação.
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O movimento na portaria principal da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), no Bairro Coração Eucarístico, na Região Noroeste de Belo Horizonte, foi tranquilo no final da manhã. Na frente da faculdade, alguns grupos conversavam e compartilhavam ideias sobre o exame.
Leonardo Eloi, de 26 anos, está no seu terceiro Enem e conta que ficou apreensivo pelo aumento de casos de COVID-19 no Brasil. “Fiquei muito apreensivo na semana passada. Aqui na PUC não foi tão complicado. As salas estavam mais vazias mas isso não tira nosso medo. É complicado falar de segurança. É um vírus que a gente ainda não conhece. Como a prova foi mantida, tive que vir fazer”, explica.
Leonardo Eloi, de 26 anos, está no seu terceiro Enem e conta que ficou apreensivo pelo aumento de casos de COVID-19 no Brasil. “Fiquei muito apreensivo na semana passada. Aqui na PUC não foi tão complicado. As salas estavam mais vazias mas isso não tira nosso medo. É complicado falar de segurança. É um vírus que a gente ainda não conhece. Como a prova foi mantida, tive que vir fazer”, explica.
Ele conta que pegou dois ônibus para chegar até a faculdade. “O que não foi dito é que não é só fazer a prova, tem todo um trajeto de riscos.”
Fernanda Moraes, 17 anos, também compartilha desse sentimento. Filha de enfermeiros, que já foram vacinados contra a COVID-19 durante a semana, ela conta que sentiu medo quando o anúncio das provas foi confirmado.
“Ter meus pais vacinados me deu uma tranquilidade. No início fiquei com muito medo. Mas o Enem tinha que acontecer. No primeiro dia, não teve protocolos. Foi tudo muito midiático. As pessoas não trocaram máscaras, não teve álcool em gel e não teve distanciamento social”, conta.
Ainda na frente da universidade, pequenos grupos de incentivo aos candidatos ofereciam brindes. Ambulantes vendiam água e canetas para os inscritos.
Participantes barrados
Na primeira rodada de provas, que aconteceu na última semana, diversos participantes foram barrados de fazerem o exame, devido a lotação máxima das salas.
No entanto, a juíza federal Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível Federal de São Paulo, determinou que os candidatos do Enem que foram barrados têm direito à reaplicação em fevereiro. A solicitação deve ser feita da mesma forma.
A magistrada também negou o pedido de adiamento, feito pela Defensoria Pública da União (DPU), para o segundo dia de provas, marcado para este domingo.
No primeiro dia do Enem, no último domingo (17/01), foi registrado o maior número de abstenções da história. O Inep confirmou que 51,5% dos 5.523.019 inscritos na edição 2020 não compareceram aos locais de prova. Mesmo com o recorde de ausências, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que o Enem “foi um sucesso” e avaliou como “algo vitorioso”.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Daniel Seabra
Ambulantes
Na frente da faculdade, Alberto José de Alcântara, 78 anos, vende doces, água e canetas. Ambulante há cerca de 20 anos ele conta que nunca viu uma aplicação do Enem como a deste ano. “Tá tudo muito diferente. As pessoas, o movimento, tudo. Não tô vendendo nada. Sobre distanciamento social e as medidas contra a COVID-19 não estão sendo tomadas. Pelo menos, não aqui de fora”, conta.
Portões abertos
Por causa da pandemia de COVID-19, o Inep alterou o horário de abertura dos portões, que antecipado em meia hora, das 12h para às 11h30. A medida visa evitar aglomerações na chegada dos candidatos ao local de prova.
No segundo dia de aplicação de provas, os portões foram abertos às 11:20, mas poucos estudantes decidiram entrar, formando alguns pontos de aglomeração na portaria principal da universidade.
#AdiaEnem
A aplicação do Enem tem sido alvo de disputas judiciais e campanhas estudantis. A prova, que estava prevista originalmente para novembro de 2020, foi adiada para janeiro de 2021 mesmo depois da enquete com participantes indicar o mês de maio como a opção mais votada.
De acordo com o Ministério da Educação, a prova em maio atrasaria o cronograma de outros programas de ingresso no ensino superior.
Leticia Vieira, 18 anos, foi contra a aplicação das provas nos dias 17 e 24 de janeiro. "Cheguei até participar de movimentos nas redes sociais. Foi muito complicado para mim, psicologicamente falando, ficamos de quarentena e não sabíamos se o Enem ia ser feito. Conciliar os estudos com EAD foi mais complicado ainda. Fiquei bem mal e senti muita falta de um apoio. A maioria dos estudantes votou na enquete do MEC para as provas serem realizadas em maio. Não consigo entender o porque do governo não ter seguido nossa opinião”, explica.
A jovem, que mora com avó de 78 anos, conta que sentiu medo de ser contaminada pela COVID-19. “Eu fiquei apreensiva. Ela mora comigo e posso colocar a vida dela em risco”, conta. “São 200 mil pessoas mortas e mesmo assim a prova está sendo aplicada”, finaliza.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Daniel Seabra