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Estado de Minas INCERTEZAS NA ESPERA

Sisu fecha hoje (9/4) inscrições para um semestre atípico

Com pandemia e crise, 'excluídos' devem adiar matrícula em rede particular


09/04/2021 06:00 - atualizado 09/04/2021 07:44

Um dos mais procurados, curso de medicina da UFMG exige avaliação alta, mas que cai com definições em todas as instituições(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 7/10/20)
Um dos mais procurados, curso de medicina da UFMG exige avaliação alta, mas que cai com definições em todas as instituições (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 7/10/20)

Sistema de Seleção Unificada (Sisu) encerra hoje as inscrições e, em meio ao “leilão” de notas para garantir uma vaga em universidade federal, pelo menos uma faceta da educação superior já está definida. Ao contrário de anos anteriores, grande parte de quem ficar de fora de instituição pública não correrá para se matricular nas particulares. Entre pandemia e crise econômica, a palavra prudência parece tomar o lugar do sonho da graduação. Já na corrida das federais, especialista alerta para “pegadinha” do sistema.

Num ano de adiamento excepcional do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de toda a cadeia que dele depende, foi quase consenso entre as faculdades particulares postergar o período de matrículas do primeiro semestre de 2021, na expectativa de captar estudantes não aprovados por meio do Sisu. Mas, a segunda edição da pesquisa Observatório da educação superior: análise dos desafios para 2021 mostra um cenário igualmente atípico.

Os que querem se inscrever em algum curso imediatamente representam pouco mais de um quarto dos entrevistados (27%). O contexto econômico, o aumento no número de casos de contaminação por COVID-19 e a baixa taxa de vacinação da população levaram 38% a esperar um pouco mais e só entrar na graduação no segundo semestre. A incerteza também é grande: 24% não sabem quando entrarão para o ensino superior, enquanto 10% só pretendem fazê-lo daqui um ano.

O levantamento foi feito depois da divulgação das notas do Enem pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). “Dois terços da base de entrevistados receberam auxílio emergencial. Para 56%, a interrupção afetou a decisão do curso superior”, afirma o diretor da Educa Insights, Daniel Infante.

“Quem recebe auxílio emergencial é a classe menos favorecida economicamente e isso vai ao encontro do que temos martelado e tentado mostrar ao governo: que precisamos ampliar a política do Fies para essas pessoas terem aceso à educação”, completa o diretor-executivo da Abmes, Sólon Caldas. A pandemia surgiu como golpe duro para o setor, que vinha amargando queda de 700 mil para 50 mil contratos firmados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) nos últimos sete anos, pondo em risco o aumento do acesso ao ensino superior. “Para reverter, o governo precisa fazer política pública que atenda o interesse dos alunos e não tratar educação como possível rombo fiscal”, ressalta Caldas.

Para o presidente da Abmes, Celso Niskier, a retração só não é maior por causa da educação a distância. “Preços mais acessíveis são alternativa para recuperação. Por isso, é importante as instituições investirem na inovação e adaptar modelos para oferecer educação de mesma qualidade, mas de maneira mais acessível.”

SISU Se nas particulares a captação do início do ano parece definida, nas federais, a primeira parte do jogo encerra nas próximas horas, com mostras de que essa partida terá nuances diferentes de anos anteriores. Até ontem, notas de cortes, principalmente dos cursos mais concorridos, como medicina e algumas engenharias, estavam mais altas. Mas nada que desanime os candidatos, caso o novo sistema de inscrições também guarda surpresas indesejadas, como explica o diretor de Ensino do Bernoulli, Rommel Domingos.

Segundo ele, a redação é um dos pontos que fizeram “inflacionar” as notas de corte: mesmo que apenas 28 candidatos em todo o país tenham cravado nota mil, aumentou o número daqueles que tiraram notas acima de 900, com destaque para pontuações na faixa de 980. A nota da produção de texto é considerada decisiva no Enem e, logo, no Sisu.

A segunda explicação tem a ver com um processo implementado no sistema ano passado e considerado falho pelo especialista. “Na simulação, o aluno joga uma nota alta em duas opções. A simulação o põe nas duas vagas e, com isso, sobram menos lugares. Quando de fato essas notas forem distribuídas, essa vaga sai e a nota cai”, explica. Ele dá como exemplo o curso de medicina da UFMG, ano passado, que no último dia de inscrições do Sisu fechou com nota de corte em 799 e, na segunda-feira, com as notas e vagas já distribuídas, caiu para 794.

“O estudante que estiver muito longe do corte sabe que não conseguiu, mas aquele que estiver 10 ou 15 pontos está vendido, sem saber se será ou não aprovado”, diz Rommel Domingos. “Objetivamente, se o corte de um curso é 800, o aluno pode pensar que ele cairá de uns seis pontos e depois tem lista de espera que faz cair mais uns 10. Se ele tiver até 785 pontos faz sentido querer a vaga. Com 20 a 30 pontos de distância não entra mais na lógica do sistema.”


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