Em audiência pública realizada no Senado, ontem, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, afirmou que as provas do Enem são montadas pela equipe técnica, seguindo a metodologia de Teoria de Resposta ao Item (TRI). Mas admitiu que "é comum que, durante a montagem da prova, tenha itens que são colocados e que são retirados".
"Os itens utilizados para a prova do Enem 2021 já estavam prontos e disponíveis no banco de itens, pois foram produzidos em gestões anteriores. Não há qualquer interferência na montagem das provas", disse.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo de ontem, Dupas teria excluído 24 itens da prova deste ano, sob alegação que seriam assuntos "sensíveis" - o que confirmaria a intervenção do governo para um suposto ajuste ideológico. O presidente do Inep foi cobrado sobre essa possível interferência no certame e, também, pelos 37 pedidos de exoneração por servidores da instituição. Ele disse que tais funcionários "representam 10% do total da entidade e podem ser substituídos por outros igualmente competentes".
O senador Marcelo Castro (MDB-PI) afirmou que há a necessidade de investigar o que de extraordinário aconteceu no Inep para que 37 pessoas não "suportassem ficar em seus cargos". "Isso precisa de uma averiguação. Estamos tratando do futuro do nosso país. E, evidentemente, o Inep, que já tem o quinto presidente neste governo, nos leva a achar que realmente há uma instabilidade", cobrou.