O professor Gabriel Gonçalves, de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte, criou uma plataforma virtual para alunos do Ensino Médio voltada para habilidades do futuro. A ideia surgiu devido à dificuldade das escolas implementarem a reforma do Novo Ensino Médio.
Com o investimento de R$ 150 mil e mais de 1,2 mil alunos, a ICE Play — ICE de Inovação, Criatividade e Empreendedorismo, os três novos pilares da reforma — oferece 10 cursos, com duração de 35 horas, sendo cinco em cada semestre de 2022.
(Confira as atividades propostas)
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“Sabemos que o mercado de trabalho, cada vez mais, busca habilidades e competências que não são propriamente ensinadas na sala de aula tradicional. Por isso, precisamos de pessoas que saibam trabalhar a inteligência emocional, gerenciar grupos, estimular a criatividade e colocar projetos em prática”, explicou Gabriel.
Autonomia e liberdade são fundamentais quando se pensa em educação
O professor, afirmou que a iniciativa também é uma forma de oferecer liberdade e autonomia para os alunos do Ensino Médio. “Acredito que a educação deve estar associada à liberdade e que os estudantes, que já estão chegando na fase adulta, precisam ter a independência de escolher a sua jornada educacional”, explica.
Segundo Gabriel, esse processo é importante, pois mais da metade dos ingressantes das universidades abandonam ou trocam de curso. “Durante o Ensino Médio, os alunos, na maioria dos casos, não são preparados para descobrirem quais são as suas vocações. Portanto, o nosso principal objetivo é aproximar esses discentes dos seus objetivos profissionais”, completa.
Para selecionar quais cursos seriam oferecidos, a edtech ICE Play entrevistou, em 2021, mais de 300 estudantes, a fim de compreender quais conhecimentos eles gostariam de aprender, mas que não são fornecidos pelas disciplinas tradicionais. “Buscamos descobrir os interesses desses alunos para escolher as opções mais populares e que os estimulavam”, contou.
Além disso, a partir da análise de dados, a equipe da plataforma consegue implementar medidas não só para engajar os alunos, como também descobrir quais métodos precisam ser melhorados para conseguir a atenção deles.
“O André Elias, cientista de dados e também sócio da ICE Play, desenvolveu um sistema que avalia o desempenho dos alunos e das aulas, consideradas mais atraentes e com maior taxa de adesão, tendo em vista que estamos lidando com a “geração Tik Tok”. Isso possibilita que a plataforma e o aprendizado se tornem mais eficazes, uma vez que as escolas também possuem acesso a essas informações”, disse Gabriel.
Modelo também prepara os alunos para o Enem
Segundo o professor, apesar do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não ser o principal foco, a ICE Play complementa a escola ao preparar os alunos para a prova. “Por escolherem o curso de interesse na nossa plataforma, baseado nas áreas profissionais, o estudante consegue avaliar se tem vocação para atuar no campo pretendido e, com isso, adquirir mais certeza sobre o seu futuro profissional”, completa.
Além disso, assim como a reforma aplicada na grade curricular do EM, o teste, a partir de 2024, pode passar por algumas mudanças, trazendo foco para área do conhecimento que o estudante queira desempenhar.
“Muitas questões ainda não foram resolvidas, mas a prova sofrerá algumas mudanças, principalmente na segunda etapa, em que as questões serão baseadas conforme a profissão escolhida pelo estudante. Por isso, comunicamos aos nossos alunos em quais categorias cada curso oferecido se encaixa, o que futuramente vai auxiliar nesta segunda fase”, explica Gabriel.
Projeto já alcançou três estados e o Distrito Federal (DF)
Até o momento, 12 escolas, em Belo Horizonte e Região Metropolitana, além de outros estados — como Goiás, Espírito Santo — e o Distrito Federal (DF), já estão adotando a solução.
Entre os estudantes, 40 frequentam a ONG Casa Sr. Tito, em Lagoa Santa, que dá apoio às famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Além das aulas, esses alunos têm o auxílio da equipe edtech para a solução de possíveis dúvidas e para o encaminhamento profissional.
Todos os estudantes são avaliados pela equipe da ICE Play, contando com a supervisão das escolas que, em reuniões semanais, entregam os resultados. Ao final de cada aula, o aluno deve fazer o teste relacionado ao assunto tratado, que mede a atenção do estudante.
Assim como nas disciplinas tradicionais, os alunos precisam entregar trabalhos valendo pontos, que serão importantes para definir a nota no fim do semestre.
Entenda o Novo Ensino Médio
O Ministério da Educação (MEC) estabeleceu que, em 2022, todas as escolas brasileiras devem implementar o Novo Ensino Médio. A medida, que está de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, institui nova carga horária e modalidade de aulas.
Ao todo, serão acrescentadas 600 horas, somando 3 mil horas/aula durante os três anos do Ensino Médio. Dessa carga horária, 60% deve ser formada por conteúdos tradicionais — como Português, Matemática , Biologia e História —, e os outros 40% precisam ser preenchidos pelos itinerários formativos.
Para isso, as instituições de ensino devem ofertar novas disciplinas, criar a infraestrutura necessária e capacitar ou contratar novos professores, a fim de executar plenamente a reforma. No entanto, aplicar essas medidas se mostra complicado, tendo em vista a realidade precária de várias escolas do Brasil.
Como implementar a ICE Play na escola
As escolas interessadas em adotar a edtech no seu planejamento de ensino podem acessar o site de demonstração ou pelo telefone de contato (31) 99232-2447. A equipe da ICE Play oferece todas as informações necessárias e ajuda na aplicabilidade da plataforma.