Escritor Lucão ministra aula na próxima terça, 22. FOTO LU BARCELOS
O ano é 2022 e o escritor Lucão cativa quase 500 mil pessoas no Instagram com poesias e textos suscintos e que vão direto ao ponto, mas com uma baita dose de reflexão para além de um simples like. O compartilhamento dos escritos é mais potente dentro de quem lê. O trabalho dele não para por aí. Autor de Poemas Para Respirar Debaixo D'água (2021), Amores ao Sol (2018), Telegramas (2016) e outras obras, utiliza a internet apenas como um canal de disseminação de suas obras e não se limita à classificação de "instapoetas", sendo antes disso um escritor.
"O Instagram é uma ferramenta de divulgação, não como um lugar de obra. Pensar nisso me ajuda muito a produzir um material autêntico e original meu mesmo. Acredito que assim como não existe instamédico, instaadvogado ou instaenfermeiro, não existe o instapoeta. Existe um poeta que ocupa as redes como qualquer pessoa. Se o cara é um instapoeta, ele não é um poeta, apenas um trabalhador da plataforma", brinca o escritor que começou a se aventurar na escrita ainda adolescente para suprir uma paixão própria pelas palavras e literatura. Antes de alcançar os leitores, Lucão escreve para si mesmo.
"Escrevo para satisfazer uma paixão muito grande que é minha e que é íntima. Eu fico muito feliz que as pessoas gostam do resultado disso e se tornam leitores do que eu faço para mim. Tudo que me comove e me deixa emocionado e eu sou bastante emocionado mesmo! me estimula a escrever. Vem dos meus sentimentos, da minha família, vem das relações que tenho e, não digo só de relações românticas, mas do meu relacionamento com as pessoas", ressalta.
Lucão brinca com as palavras e seus variados significados criando outros tantos. A síntese em seus textos se contrapõe à generosidade com que compartilha suas criações e processos com seus leitores e admiradores. Por meio de aulas livres, cursos e mentorias, o autor busca acompanhar outras pessoas que desejam exercitar o dom ou simplesmente destravar o processo de escrita. Na próxima terça-feira, dia 22, o escritor vai reunir interessados nesse universo na aula gratuita "Brincar com as palavras: um caminho para o desbloqueio". Nela, promete contar como ideias despretensiosas de coisas do seu cotidiano já viraram poemas, crônicas e até livros.
"O objetivo é ajudar as pessoas a sofrer menos e se divertirem mais quando forem escrever. Muitas pessoas não conseguem escrever porque travam com medo da primeira linha ou de serem julgadas. Então, essa aula é para ensinar aprender se divertindo, brincando com as palavras e seus significados ou fazendo joguinhos de palavras que deem em algum versinho", explica. O encontro vai ser ao vivo, através da plataforma Zoom, às 20 horas. Todos que se inscreveram no site poderão participar. O link para entrar na sala será enviado no dia da aula.
O "Brincar com as palavras: um caminho para o desbloqueio" dará um gostinho de como vai funcionar outro curso de escrita do autor, o "Destrava: escrita livre". Mais profundo, no Destrava Lucão vai mostrar como a escrita pode nascer de um caminho mais livre, sem travas. "É um curso para a gente soltar a mão. Iniciantes podem participar, mas, digamos assim, este curso é para quem já escreve, mas se sente travado mesmo", resume. As inscrições começam na próxima semana e mais informações sobre carga horária, conteúdos abordados, assim como valores podem ser consultadas no https://www.lucaoescritor.com/destrava. No site já é possível fazer a pré-reserva do curso.
100 Anos de Poesia Modernista
O ano era 1992 e não havia Instagram para os poetas reverberarem suas obras. Mesmo assim, a poesia modernista, que teve como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, deu as caras com força no período marcando gerações de artistas até hoje. Fazer um passeio estético pelo movimento modernista não só na poesia, apresentando ferramentas de leitura, análise e interpretação de manifestos, poemas, conferências e outros textos do movimento é uma das missões do curso gratuito e on-line 100 Anos de Poesia Modernista. As inscrições já começaram e seguem abertas até o dia 25 de março através do link https://bit.ly/3HSF6fi.
Concebido e guiado por Felipe Neiva, poeta, professor e mestre em Teoria Literária pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o curso vai apresentar elementos que buscam facilitar a compreensão dos processos plurais e, muitas vezes, contraditórios da poética modernista. O foco é na primeira geração do movimento (1922-1930) e em autores como Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Raul Bopp, Luiz Aranha, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Murilo Mendes, Movimentos posteriores, como o Concretismo, o Tropicalismo e até mesmo a poesia contemporânea também serão também temas da formação.
"Essas composições e seus estilos impactaram, de forma direta ou indireta, a escrita desses poetas e funcionarão como uma forma de enriquecer o repertório sonoro e de ampliar a experiência com os textos poéticos", diz Neiva, cujo interesse pelo modernismo surgiu ainda na adolescência, à luz dos tropicalistas.
O curso faz parte de uma extensa programação comemorativa do centenário da Semana de Arte Moderna de 22. A formação é direcionada prioritariamente a professores, bibliotecários e mediadores de leitura, mas também é aberta estudantes do ensino fundamental e médio e graduação, artistas e demais interessados no tema.
"O curso integra as comemorações, mas sem um olhar ufanista, e sim a partir de uma postura crítica que nos permita pensar as contradições, abraçar o que é difícil e tornar essa discussão acessível para o maior número de pessoas interessadas em pensar nossa cultura e arte", explica o professor.
Serão cinco aulas transmitidas pelo YouTube, de forma assíncrona, de 29 de março a 26 de abril. Toda terça-feira, às 18h, será disponibilizada uma nova aula, que poderá ser acessada pelo público a qualquer momento. O curso terá duração total de 7,5 horas e as pessoas inscritas que completarem 70% da carga horária oferecida terão direito a um certificado de participação. Como a poesia lírica sobretudo a do início do século XX é inseparável da música, cada aula ganhará uma playlist no Spotify, na qual composições representativas daquele período serão apresentadas, a exemplo da música popular brasileira (que influenciou Villa-Lobos) e da música de vanguarda europeia (dodecafonismo, futurismo, entre outros).
A iniciativa 100 Anos de Poesia Modernista foi contemplada pelo Prêmio Riachão - Projetos de Pequeno Porte, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei Emergencial Cultural Aldir Blanc, destinado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.