No final do século XIX a literatura francesa criou um tipo literário muito interessante, o flâneur. O termo vem do substantivo masculino francês 'flâneur', que significa basicamente 'andarilho', 'caminhante', 'passeador'. Flâneur é aquele que anda sem destino, que se deixa levar pela curiosidade e vai de encontro ao acaso que a cidade oferece. Flanar é, portanto, o oposto de dirigir-se a um local específico para fazer uma visita pontual; flanar é caminhar sem pressa ou sem rumo, é se perder e se encontrar no labirinto da cidade.
Mas como pode um estudante atarefado se dar ao luxo de flanar sem rumo pela cidade diante de tantas obrigações? Com tanta coisa pra estudar, ler, revisar, exercitar e escrever quase não sobra tempo para passear livremente por aí. Será? O ato de flanar pode proporcionar uma leitura do mundo, além de bons momentos de lazer e boa distração (sim, também é imprescindível descansar o cérebro). Pensando nisso resolvemos elaborar um breve itinerário para que o estudante possa passear pela capital mineira e vivenciar não apenas a aventura urbana da flânerie, mas também conhecer e relembrar de alguns temas que são caros ao Enem e aos outros vestibulares.
Comecemos pela Praça Sete, epicentro urbano e político de Belo Horizonte, cidade planejada pelo engenheiro e urbanista Aarão Reis, que foi inaugurada em 1897 (o mesmo ano da Guerra de Canudos). A disposição da praça é um bom exemplo de como o Positivismo, doutrina proposto por Auguste Comte, norteava a construção e a organização das cidades; são grandes avenidas que delimitam o espaço e proporcionam o sentido de centralidade urbana, ou seja, um lugar de convergência social, comercial e cultural. Vale lembra que Belo Horizonte nasceu para ostentar o título de primeira cidade brasileira construída pela República. Há, na localização da praça, uma preocupação sanitária e higienista, pois seu idealizador acreditava que a área seria beneficiada pelos ventos vindos da Serra do Curral, capazes de “varrer” os maus ares das doenças e epidemias. Outro ponto importante é perceber como a capital mineira simbolizava, por meio da sua arquitetura, o desejo de progresso e ordem preconizado na bandeira nacional. Sim, passear pela Praça Sete é passear pela Sociologia e pela História do Brasil.
Sigamos agora pela Avenida Afonso Penna (ex- presidente da República e fundador da cidade) em direção ao Parque Municipal. O parque abriga um representativo ecossistema que ocupa uma área de 128.000 metros quadrados de extensa vegetação. Lembremos que o cálculo da extensão de áreas verdes desmatadas já foi cobrado, por exemplo, na prova de matemática do vestibular da Unicamp. Esse recanto verde incrustado no meio da cidade faz o caminhante pensar em vários temas relevantes para o vestibular: ocupação do espaço urbano, ecologia e ecossistemas, questão ambiental, poluição, cidadania… Entremos agora no imponente e elegante Palácio das Artes, o maior centro de produção, formação e difusão cultural de Minas Gerais. O edifício, projetado por Oscar Niemeyer (figurinha carimbada na prova de linguagem do Enem) um exemplo da arquitetura modernista, em com suas linhas sóbrias grandiosas. O edifício abriga a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o Coral Lírico de Minas Gerais e a Cia. de Dança Palácio das Artes. É ali também que fica o Cine Humberto Mauro, instituição que realiza amplas mostras de cinema gratuitas, em total sintonia com o tema da redação do ENEM de 2019: a democratização do acesso ao cinema no Brasil.
Penso que nesse breve passeio já visitamos a História, a Biologia, a Geografia, a Matemática, as Linguagens e a Redação... Temos receio que este texto-passeio fique muito longo e o que o flâneur-estudante acabe se cansando da jornada. Poderemos voltar ao tema futuramente. Pois ainda nem falamos da Praça da Liberdade (e da Belle Epòque) ou da Lagoa da Pampulha (e do governo JK). Todavia temos certeza de que andar pela cidade é uma oportunidade única de aprender caminhando, de pensar fora da caixa e, ao mesmo tempo, se divertir. Não há um dia em nossa vida em que não aprendemos nada, afinal somos seres “programados” pra aprender. Então por que não unir o útil ao agradável? É só calçar calçados confortáveis, levar um bloquinho de notas, o celular para fazer pesquisas e sair explorando os segredos de Belo Horizonte. Você já deve ter notado, inclusive, que as ruas centrais da cidade homenageiam escritores, estados da federação e povos indígenas. Aliás, qual foi o tema da redação de 2022 mesmo? Pois é, exatamente.
Um ótimo passeio e bons estudos!
Onde estudar para o vestibular e ensino médio em Belo Horizonte.
Sobre o Colégio e Pré-vestibular Determinante
A instituição é referência em BH e está comemorando em 10 anos da sua fundação em 2023. Sua metodologia é baseada no Sistema de Aprendizado para auxiliar cada aluno(a) em sua individualidade.
A escola é líder de aprovações nos cursos mais concorridos, como Medicina. No Sisu de 2023 ficou em 1º na UFMG da Minas Gerais entre os pré-vestibulares no curso de medicina, além do 1º lugar em medicina na Ciências Médicas nos anos 2021, 2022 e 2023. A instituição acreditar que em um mercado altamente competitivo estudar em uma Universidade reconhecida pela sua competência e qualidade é de grande importância para o sucesso de seus alunos.
Flávio de Castro é pós-graduado em Letras pela Unicamp e escritor. Escreveu Desaparecida (2018) e Minério de Ferro (2021), além de colaborar em diversas revistas, jornais e suplementos, Atualmente é pesquisador no Posling do CEFET-MG e professor de Literatura e Interpretação de Textos no Curso Det-Online.