*Conteúdo produzido por Flavio de Castro
Textão é um substantivo moderno, oriundo do mundo digital, que designa de forma rabugenta os grandes posts em redes sociais (daqueles que “continuam nos comentários”, ou ainda parágrafos extensos em aplicativos de comunicação instantâneas. Nota-se no uso do aumentativo uma certa preguiça por parte do leitor e também uma advertência do tipo: se preparara que lá vem textão! Mesmo assim, eu prefiro ler um textão do que ouvir uma série de áudios de 3 minutos, aff. Meu coordenador costuma dizer que áudio só é bom pra quem manda e diz isso, curiosamente, sempre que eu mando áudio pra ele (risos).
Voltemos ao textão. Sabemos muito bem que o ENEM e os principais vestibulares do país exigem bastante leitura. E sabemos também que os textões não aparecem somente na prova de Linguagens e outros códigos, mas também nas provas de Matemática e Ciências da Natureza. Um textão sobre a poluição do meio ambiente pode, por exemplo, acompanhar uma questão de química; um textão sobre as diferentes combinações de ingredientes em uma receita pode muito bem ilustrar uma questão de matemática. Muito do bom desempenho no vestibular depende da leitura atenta e crítica de dezenas de textões.
Faço aqui um breve levantamento dos textões que caíram na prova de Linguagens em 2022: teve reportagem, projeto de lei, pesquisa acadêmica, post (isso mesmo!), trechos de contos e romances, poema, artigo de divulgação científica, artigo de opinião… Perceba que o que importa não é a quantidade, mas sobretudo a variedade de textões que a prova exige. Essa variedade, aliás, tem nome: são as diferentes formas de gêneros textuais, literários e digitais. O post, por exemplo, é uma das principais formas do gênero digital, e pode mesclar o texto verbal ao não verbal ou ainda fazer um link com outro texto. Tenho certeza que o leitor está bastante familiarizado com essa forma textual.
Cada forma textual possui características, ambientes e funções específicas. E esse é o ponto que quero tratar aqui. A questão não é estudar apenas as características ou a teoria dos diferentes gêneros e formas, mas sobretudo alcançar a disposição e a versatilidade para a leituras desses textos. Caso o estudante não esteja habituado a ler com frequência, ou ainda não esteja habituado a ler fora do ambiente digital, é necessário começar, o quanto antes, a ler diariamente a maior variedade possível de textões. Sim, não estou aqui recomendando a leitura exclusiva de cânones literário, principalmente para o vestibulando que (ainda) não tem o hábito da leitura. Veja bem, quem não está acostumado a ler certamente sentirá bastante dificuldade pra iniciar a leitura de um romance do Eça de Queirós ou mesmo um conto epifânico da Clarice Lispector. É preciso começar devagar e com frequência, como quem inicia uma atividade física. Vejamos.
Imagine um sujeito sedentário, com pouco fôlego e nenhum treino. Esse sujeito não pode – e nem consegue – dar a volta da Pampulha ou correr a São Silvestre. Ele corre o risco de lesões, luxações ou até algo mais grave. É preciso, antes de tudo, ganhar condicionamento físico, aeróbico e muscular. Assim acontece com a leitura: quem não está condicionado a ler não pode – e nem consegue – se aventurar nas páginas de Os Sertões, obra prima de Euclides da Cunha. Assim como o sedentário deve começar com caminhadas, trotes e esteira, o leitor destreinado deve começar com pequenos e variados textões.
Que tal amanhã, já no café da manhã, ler o rótulo do achocolatado? Você pode se surpreender ao ver que praticamente não tem chocolate no achocolatado, apenas açúcar e corante! Gosta de espertes? Que tal acompanhar a coluna do divertidíssimo Fred Melo Paiva (aqui mesmo no Portal Estado de Minas)? Poemas de Paulo Leminski são ótimos pra se iniciar na leitura de poesia. Ler as fábulas de La Fontaine ou as lendas do folclore brasileiro revisitadas por Monteiro Lobato é diversão garantida. Artigos sobre geopolítica ou saúde em publicações especializadas, coletâneas de entrevistas, biografias, letras de música, revistas de curiosidades, manuais de instrução, horóscopos, propagandas, bulas de remédio, rezas e anedotas – opção é o que não falta.
O que vale, mais uma vez, é a variedade e a constância. O que importa é ler sempre, pelo menos meia hora por dia, revezando gêneros digitais, textuais e literários, até alcançar um bom condicionamento e proficiência de leitura.
E quando a maratona dos vestibulares chegar, você certamente estará pronto pra ler com concentração e senso crítico, sem cair em pegadinhas ou perder o fio da meada no meio da questão. E, se não bastasse, esse “condicionamento de leitura” pode te ajudar na graduação, na pós-graduação e na vida profissional. Aliás, se você chegou até o fim desse texto já é um ótimo começo. Bons “treinos” e boas leituras!
(E para quem já está habituado à leitura e quer uma sugestão, deixo aqui como dica o Torto Arado, premiado romance do escritor baiano Itamar Vieira Júnior publicado em 2019.)
Clube do Livro
O Colégio e Pré-vestibular Determinante possui em seu cronograma anual datas fixas para realização do Clube do Livro. Nesses encontros, um grupo de alunos se reúne mensalmente com professores de diversas disciplinas, como Literatura e Geografia para conversar sobre uma obra específica que foi escolhida pelo grupo.
Nos encontros, os alunos compartilham suas impressões, críticas e pontos de vista sobre a obra. Além de incentivar a leitura, citamos abaixo algumas vantagens em fazer parte de um Clube do Livro:
- possibilidade de criação de laços com a comunidade;
- oportunidade de conhecer novas obras e autores;
- desenvolvimento Pessoal;
- poder Compartilhar suas emoções;
- desenvolver sua autocrítica;
- desenvolver sua oratória.
Sobre o Colégio e Pré-vestibular Determinante
A instituição é referência em BH e está comemorando em 10 anos da sua fundação em 2023. Sua metodologia é baseada no Sistema de Aprendizado para auxiliar cada aluno(a) em sua individualidade.
A escola é líder de aprovações nos cursos mais concorridos, como Medicina. No Sisu de 2023 ficou em 1º na UFMG da Minas Gerais entre os pré-vestibulares para o curso de medicina, além do 1º lugar em medicina na Ciências Médicas nos anos 2021, 2022 e 2023. A instituição acreditar que em um mercado altamente competitivo estudar em uma Universidade reconhecida pela sua competência e qualidade é de grande importância para o sucesso de seus alunos.
Flávio de Castro é pós-graduado em Letras pela Unicamp e escritor. Escreveu Desaparecida (2018) e Minério de Ferro (2021), além de colaborar em diversas revistas, jornais e suplementos. Atualmente é pesquisador no Posling do CEFET-MG e professor de Literatura e Interpretação de Textos no Det-Online.