A cantora Marina Sena recebeu críticas nas redes sociais por sua interpretação da música "Meu nome é Gal", em homenagem a Gal Costa, durante sua apresentação no evento The Town. Apesar dos elogios recebidos, a performance, que emulava os gritos agudos da cantora homenageada, gerou uma onda de “ódio” nas redes sociais, com algumas pessoas expressando sua insatisfação com a maneira como a canção foi executada.
Por meio de sua rede social a jovem cantora demonstrou uma certa incapacidade de lidar com as críticas, mesmo sendo uma artista muito bem sucedida. Em seu twitter ela se posicionou de forma contundente e atacou aqueles que não gostaram de sua performance e disse para os seus detratores: “Que se mordam!”. É claro que não é fácil receber vaias, mas a rejeição do público é algo que faz parte da vida de qualquer pessoa pública, seja ela artista, esportista ou comunicadora.
Gostando ou não da performance da jovem cantora mineira e aceitando ou não as críticas de parte do público, você pode estar se perguntando: “Tá, mas o que isso tem a ver com o ENEM e o vestibular? “. A partir dessa polêmica, elencamos abaixo dois temas que podem aparecer na prova de linguagem do maior exame vestibular do país.
1. As vaias e a Semana de Arte Moderna de 1922
Não é a primeira vez que jovens e talentosos artistas são vaiados pelo público. Na verdade, isso já aconteceu há um século atrás, no evento que marcou o início do modernismo no Brasil. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um evento cultural que ocorreu em São Paulo marcado por uma série de manifestações artísticas revolucionárias para a época. No entanto, essas manifestações modernistas também causaram controvérsias e receberam vaias de alguns setores da sociedade. Uma das principais razões para as vaias foi a quebra com os padrões artísticos tradicionais e conservadores da época.
Os artistas modernistas, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Anita Malfatti, apresentaram obras que desafiaram as convenções artísticas, tanto na pintura, na literatura e na música. Além disso, a presença de aspectos considerados chocantes na década de 20, como a valorização da cultura popular brasileira em oposição à cultura acadêmica, a abordagem de temas considerados tabus e a experimentação estética, causaram respostas negativas da parte do público e da imprensa. No entanto, apesar das vaias e críticas iniciais, a Semana de Arte Moderna foi um marco importante para as consolidações do movimento modernista no Brasil. Com o passar do tempo, as ideias revolucionárias apresentadas naquele momento passaram a ser cada vez mais aceitas e influenciaram profundamente a arte e a cultura brasileiras.
2. Gal Costa e a Tropicália
A cantora homenageada por Marina Sena, Gal Costa, foi uma figura central do movimento tropicalista. O Tropicalismo foi um movimento cultural brasileiro que surgiu na década de 1960, incorporando elementos de música, arte, poesia e filosofia. Gal Costa contribuiu para o Tropicalismo com sua voz única e sua técnica vocal apurada. Ela explorou uma variedade de estilos, mesclando elementos da música popular brasileira com influências estrangeiras e seus experimentos sonoros refletiam as inquietações políticas e sociais da época.
Uma das principais características do Tropicalismo foi sua postura crítica em relação aos valores culturais tradicionais, buscando romper com padrões estabelecidos e experimentando novas formas de expressão. Ao desafiar as convenções, o Tropicalismo contribuiu para uma redefinição da identidade nacional, celebrando a pluralidade cultural do país e abrindo caminhos para a construção de uma sociedade mais inclusiva. Apesar de ter sido um movimento polêmico e ter enfrentado resistência no início, o legado do Tropicalismo na construção da diversidade brasileira é inegável. As variedades musicais e expressivas que o movimento promoveu se tornaram elementos propulsores da nossa cultura, influenciando gerações subsequentes de artistas – e entre eles a jovem cantora Marina Sena!
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