Jornal Estado de Minas

Educação

Luísa Sonza, Capitu e a relação com a prova de literatura do ENEM 2023

*Conteúdo produzido por Flávio de Castro
 
 
Aproveitando a onda dos tópicos mais comentados e impulsionados pelas redes sociais, nos deparamos com a repercussão fervorosa do episódio midiático envolvendo Luísa Sonza, de 25 anos. Recentemente, a cantora tornou público o fato de ter sido traída por seu namorado, um investidor em criptomoedas de 27 anos conhecido como Chico Moedas. A artista tomou a decisão de aparecer em um programa matutino de grande audiência na televisão aberta, onde leu ao vivo uma carta que expressava sua indignação com o caso de infidelidade e fez uma reflexão sobre o "fim do amor".





Babado, né? Pois é. Não cabe aqui, no entanto, julgar a atitude da moça ou do rapaz. Porém, o fato de ela ter ido a público e se exposto dessa maneira nos autoriza a pensar na importância que o binômio casamento versus adultério tem em nossa cultura, e essa constatação nos permite fazer uma conexão entre as separações midiáticas e a prova de linguagens do ENEM. 

O episódio envolvendo a cantora gaúcha remete, ainda que por oposição, à ideia de felicidade conjugal, proposta incessantemente durante o movimento romântico, que se iniciou no Brasil em 1836. Ao analisarmos os romances românticos de folhetim, muitas vezes nos deparamos com a expectativa do esperado "final feliz". E o que seria isso? O final feliz não é nada menos que a representação dos valores de uma classe em formação – a burguesia. Vale lembrar aqui o final do romance clássico (e previsível) “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. No final do livro, o protagonista, Augusto, após diversas peripécias e desentendimentos com Carolina, a Moreninha, finalmente declara o seu amor por ela. Carolina também manifesta seus sentimentos por Augusto. O casal se reconcilia, e o romance termina com a celebração de um casamento, simbolizando a união dos jovens apaixonados e encerrando a história com um autêntico happy end romântico.

Capas de famosos romances românticos brasileiros (foto: Reprodução)

Já o adultério, por sua vez, é um tema recorrente no romance realista. Lembramos que o suposto adultério em Dom Casmurro, o “eterno enigma de Capitu”, continua sendo uma questão atual e intrigante em nossos estudos literários e culturais. Sabemos de antemão que é impossível responder se Capitu traiu ou não Bentinho, porém ainda é importante especular sobre quais motivos fazem Bentinho querer convencer seus leitores de que foi traído.





O "eterno enigma de Capitu" é uma questão literária que se origina da obra "Dom Casmurro" de Machado de Assis. Este enigma gira em torno do personagem Capitu e da suspeita de adultério que paira sobre ela ao longo da história. O protagonista, Dom Casmurro, narra sua relação com Capitu e sua crescente desconfiança de que ela o traiu com seu melhor amigo, Escobar, baseando-se em detalhes ambíguos e na suposta semelhança entre seu filho, Ezequiel, e o amigo Escobar. A obra deixa em aberto a culpa ou inocência de Capitu, tornando-se um tema de discussão constante na literatura brasileira, simbolizando a habilidade de Machado de Assis em criar personagens complexos e desafiar as certezas do leitor. Isso faz com que a obra seja continuamente revisitada e debatida, mantendo sua relevância ao longo do tempo.

Flávio Castro, professor de língua portuguesa e literatura, é apaixonado pelos romances românticos brasileiros (foto: Arquivo pessoal)

Se a talentosa cantora vai perdoar o investidor ou se ela vai seguir sua vida sentimental, não sabemos, porém, suspeitamos que os acontecimentos relativos à vida privada de Luísa vão se repercutir novamente na mídia. A espetacularização da vida íntima, o culto das celebridades e o narcisismo desenvolvido pelas redes sociais também podem ser temas relevantes para a prova de linguagens do Enem e, quem sabe, um tema de redação. E sendo assim, não podemos deixar de pensar no conceito criado por um dos mais importantes escritores e pensadores franceses do século XX.

A sociedade do espetáculo, conceito desenvolvido pelo filósofo francês Guy Debord (1931-1994), descreve uma era em que a vida cotidiana é dominada pela representação, imagem e espetáculo em detrimento da experiência direta. Nesse contexto, as interações sociais, a cultura e até mesmo a política tornam-se cada vez mais mediadas por imagens, mídia e consumo, criando uma realidade superficial e alienante. Debord argumenta que essa sociedade espetacular aliena as pessoas de sua própria existência, modificando a desvantagem pela ilusão, e coloca o espetáculo como uma força poderosa que mantém o status quo e perpetua a alienação social.





Dito isso, desejamos sucesso para a cantora e sucesso no ENEM para nossas leitoras e leitores!

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Sobre o autor: Flávio de Castro é pós-graduado em Letras pela Unicamp e escritor.  Escreveu Desaparecida (2018) e Minério de Ferro (2021), além de colaborar em diversas revistas, jornais e suplementos. Atualmente é pesquisador no Posling do CEFET-MG e professor de Literatura e Interpretação de Textos no Curso DetOnline.