Acaba de estrear na Netflix a minissérie "O Espião", baseada em fatos reais ocorridos no conflito Israel e Síria na década de 60. Durante quatro anos, o espião israelense Eli Cohen se infiltrou na cúpula do governo inimigo e acompanhou a ascensão do partido Baath do atual ditador Bashar al-Assad.
Até ser desmascarado pela contra-inteligência da síria, em janeiro de 1965, ele foi Kamal Amin Ta'abet, um milionário filho de pais sírios que frenquentava o seleto círculo militar e na alta sociedade de Damasco a ponto de virar confidente de membros do governo.
O espião mestre
Apesar de ter atuado como agente sionista de inteligência no Egito desde 1944, Eli só foi recrutado na década de 60 pelo Mossad - Agência de Inteligência Israelense. Seu primeiro compromisso foi no sentido de assegurar aos superiores que ninguém, nem mesmo a mulher ou a mãe, saberiam de suas atividades. O foco do seu trabalho seria a Síria, um país islâmico ditatorial que estava praticamente em estado de guerra com Israel.
Para entrar na Síria, o espião mudou-se para Buenos Aires, Argentina em março de 1961. Como disfarce, se apresentava como um rico empresário sírio na área de comércio exterior. Em pouco tempo, Ta'abet - nome do disface de Cohen - introduziu-se nos grupos de imigrantes árabes e tornou-se uma figura popular entre os sírios e libaneses. Convidava-os para jantares luxuosos em seu apartamento e sempre falava sobre o enorme desejo de conhecer a Síria. Em menos de três meses, ele embarcou na primeira classe do navio italiano "Ausonia", rumo a Beirute e depois a Damasco de carro. Era o início de uma das mais fantásticas operações de espionagem do século XX.
O destino de Cohen (SPOILERS)
Durante quatro anos de serviço, o agente teve acesso a centenas de documentos confidenciais, registrou as movimentações militares e posições fortificadas do exército sírio, que foram cruciais para garantir a supremacia de Israel na região e a vitória na Guerra dos Seis Dias em 1967. Seu prestígio era tanto no Governo Sírio que ele foi indicado ao cargo de vice-ministro da Defesa.
Cohen nunca chegou a ocupar o posto - seu disfarce foi descoberto pouco antes com ajuda de agentes russos. Ele foi julgado e enforcado em praça pública, tinha apenas 40 anos. E apesar dos apelos da família, seus restos mortais nunca foram devolvidos à Israel até hoje.
Um breve resumo dos conflitos árabes-israelenses
Após a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto, aumentou a pressão pelo estabelecimento de um Estado judeu. O plano original previa a partilha do território da Palestina controlado pelos britânicos entre judeus e árabes-palestinos.
Com a fundação de Israel em 14 de maio de 1948, cinco nações árabes (Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Líbano) invadiram o país logo no dia seguinte. Iniciou a primeira guerra árabe-israelense, que foi vencida pelos israelenses e o território originalmente planejado pela ONU para um Estado palestino foi reduzido pela metade.
Para os palestinos, povo que ali vivia, começava a "Nakba", palavra em árabe para "catástrofe". A data é relembrada anualmente como o dia em que 750 mil palestinos deixaram suas casas e fugiram para países vizinhos ou foram expulsos por tropas israelenses.
Mas 1948 era apenas o início do longo confronto entre os povos hebraicos e árabes. Em 1956, Israel enfrentou o Egito em uma crise motivada pelo controle do Canal de Suez, conflito que foi definido fora do campo de batalha, com a confirmação pela ONU da soberania egípcia sobre a passagem naval, após forte pressão internacional sobre Israel, França e Grã-Bretanha.
Guerra dos Seis Dias
Em 1967, veio o conflito que mudaria definitivamente o cenário na região: a Guerra dos Seis Dias. Iniciada por ofensivas de Egito e Síria, a disputa terminou com vitória humilhante de Israel sobre a coalizão árabe. Após o conflito, Israel ocupou a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, no Egito, tomou o controle da Cisjordânia, incluindo toda Jerusalem, da Jordânia e das Colinas de Golã da Síria. Houve mais de meio milhão de palestinos refugiados.
Yom Kippur e o reconhecimento de Israel
Israel e seus vizinhos voltaram a se enfrentar em 1973. A Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão) colocou novamente Egito e Síria contra Israel, numa tentativa dos árabes de reaver os territórios ocupados em 1967. Mais uma vez os países arabes foram derrotados. Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a chegar à paz com Israel, que desocupou a Península do Sinai. Com o acordo, o Egito do presidente Anwar Sadat, tornou-se o primeiro país árabe a reconhecer oficialmente o Estado de Israel. Sendo ele assassinado em 1981, por membros da Jihad Islâmica Egípcia que era contra o acordo. A Jordânia só chegaria a um acordo de paz em 1994. E até hoje, a Síria não reconhece Israel e os dois países permanecem em estado de guerra em uma fronteira de apenas 76km.
Artigo de História do Percurso Pré-Vestibular e Enem.
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