"Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil". Este é o tema da redação 2022 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, divulgado pelo ministro Victor Godoy cerca de 20 minutos após os estudantes começarem a fazer a prova e que foi bastante comemorado pelos professores de redação e português.
Regina Mota, professora de português e redação no curso que leva seu nome, exalava alegria e empolgação com tema: "Tenho a expectativa por este tema há muito tempo, ainda mais em meio a este atual governo, em os povos tradicionais foram deixados de lado".
Para Regina, na edição em que o Enem sofre sua maior queda de inscritos, é importante o resgate de um tema tão importante: "Um Brasil de história escravocrata, de desprezo pelos povos originários, falar dos povos indígenas, é maravilhoso. O Enem tem função social, e acredito que esse tema é um resgate que a instituição se propôs".
E para a professora de redação, seus alunos estão preparados para a missão: "Eles têm muitos caminhos. É um tema sensacional, e eles estão confortáveis para discorrer. Podem citar o antropólogo Darci Ribeiro, o geógrado Milton Santos, a filósofa Djamila Ribeiro, a Agenda 2030 que propõe o fim das questões de vulnerabilidade... O fundametal é circular as palavras norteadoras, fazer o recorte e ir direcionando".
Não há dúvida, para Regina Mota, que quem quiser se sair bem na redação diante desse tema tem uma direção certeira: "Políticas públicas. Não há outro caminho".
Foi dado um recado
A professora de redação Lygia Calil, do curso 1000naRedação, adorou o tema e destacou que são muitas as possibilidades: "Os alunos podem abordar desde os indígenas, os quilombolas, o processo de gentrificação das cidades, enfim, é um tema amplo, rico, e tudo dependerá do texto motivador o acompanha e que fecha o tema".
Pela riqueza e extensão do tema, "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil", Lygia Calil enfatiza que ele "dá margem à argumentação inteligente, privilegia o aluno que está ligado no Brasil". A professora aposta que "quem prestou atenção na campanha eleitoral para presidente se sairá bem, vai lembrar da promessa do candidato Lula para a criação do Ministério dos Povos Originários".
Lygia argumenta ainda que a escolha do tema pareceu "um recado muito bem dado. Nos últimos quatro anos, ocorreram muitos conflitos entre os técnicos do Inep e o Ministério da Educação, portanto, acredito ser um recado de que a caravana passou".
Ela compartilha com os leitores um caminho pelo qual os estudantes poderão se guiar no momento da redação. Confira:
Pela riqueza e extensão do tema, "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil", Lygia Calil enfatiza que ele "dá margem à argumentação inteligente, privilegia o aluno que está ligado no Brasil". A professora aposta que "quem prestou atenção na campanha eleitoral para presidente se sairá bem, vai lembrar da promessa do candidato Lula para a criação do Ministério dos Povos Originários".
Lygia argumenta ainda que a escolha do tema pareceu "um recado muito bem dado. Nos últimos quatro anos, ocorreram muitos conflitos entre os técnicos do Inep e o Ministério da Educação, portanto, acredito ser um recado de que a caravana passou".
Ela compartilha com os leitores um caminho pelo qual os estudantes poderão se guiar no momento da redação. Confira:
Índios no Brasil
Argumentação
- Ausência de políticas de longo prazo que busquem a convivência pacífica e produtiva entre a sociedade contemporânea brasileira e a indígena
- Falta de representação política (Executivo e Legislativo), bem como de protagonismo em órgãos que deveriam ser representantes, como a Funai (Fundação Nacional do Índio)
- Negligência governamental em relação aos direitos conquistados pelos povos indígenas, como as propostas de mudanças na legislação que retiram prerrogativas / influência da Frente Parlamentar do Agronegócio (Bancada Ruralista) nas decisões oficiais
- Interesse da iniciativa privada (agronegócio e mineração, sobretudo) pelas terras demarcadas e ocupadas pelas aldeias / destruição das áreas de floresta e contaminação dos rios na Amazônia
- Desaculturação do índio (missões religiosas que continuam acontecendo)
- Preconceito / desconhecimento acerca dos povos indígenas e de sua cultura na sociedade
- Dificuldades para a demarcação de terras indígenas no Brasil / invasões de terras demarcadas por grileiros, madeireiros e garimpeiros
Interdisciplinaridade - Atualidade - Intertextualidade
- 2021: Marco Temporal sendo discutido nos poderes Legislativo (PL 490) e Judiciário (julgamento no Supremo Tribunal Federal)
- Extermínio do povo Juma (o último guerreiro da etnia morreu em 2021, vítima de COVID-19; no início do século XX, eram 15 mil)
- Antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro - “O governo declarou guerra aos índios” / “ofensiva final”
- 2021 / 2022: Invasão das terras yanomamis (Roraima)
- “Macunaíma” - livro e filme
- “Iracema” - livro
- “Terra dos índios” - documentário.
Propostas de intervenção
- Pressão popular para extinção do PL 490 / retomada dos processos de demarcação de áreas ocupadas
- Estabelecer meios, fóruns e espaços democráticos de debate para que os povos indígenas passem a influenciar nas decisões para o futuro de suas próprias comunidades. A participação dos índios nesses contextos deve ser expressiva e atuante.
- Impedir a atuação de missões religiosas, de expedições clandestinas cientificas ou de qualquer natureza como meio de combater a aculturação e a biopirataria.
- Criação de mais meios, programas e iniciativas de registro da história, cultura e costumes dos índios por meio de seus próprios olhares.
- Estabelecimento de cotas para indígenas no Poder Legislativo
- Reestruturação da Funai para que haja maior atuação, presença e valorização dos índios na forma como a instituição atua.