Ser microinfluenciador se tornou mais que uma alternativa para aqueles que não conseguem obter renda nas atividades formais ou querem complementá-la. Na verdade, muitos começaram com esse propósito e acabaram por largar suas profissões de origem para se tornar novas celebridades, atividade que pode gerar um retorno financeiro maior do que permanecer no mercado de trabalho formal. “Apesar dessa tendência, várias pessoas ainda não sabem que podem ganhar dinheiro com isso”, afirma Thiago Cavalcante, sócio-fundador da Inflr, plataforma que conecta influenciadores a empresas.
A perspectiva de obter uma alternativa de renda ou mesmo de se tornar uma celebridade tem atraído novas personalidades nesse mercado e o número de microinfluenciadores no Brasil, hoje estimado em 8 mil pessoas, tem espaço para crescer ainda mais. “Os microinfluenciadores são pessoas que contam com milhares de seguidores e atuam em determinados nichos de mercado. Têm conhecimento sobre temas específicos e, por isso, chamam a atenção de alguns públicos que interessam às empresas. Assim, acabam gerando conversões”, explica Thiago Cavalcante. Segundo ele, além de infinitamente mais barata, a recomendação feita por um especialista pode ser mais efetiva para os negócios.
Esse é o caso de André Mafra, engenheiro eletricista de profissão e idealizador do canal do YouTube Engehall Elétrica, que conta com cerca de 650 mil seguidores. Mineiro de Caratinga, ele começou no mercado de trabalho como auxiliar geral em uma loja de materiais elétricos aos 14 anos. “Comecei a aprender como fazer pequenas manutenções elétricas e passei a ganhar um extra com isso. Aí, decidi fazer um curso técnico na área e me formei com 18 anos. Parti para a faculdade e me tornei engenheiro eletricista. Apesar de já formado, continuava a trabalhar como autônomo.”
Com o crescimento da visibilidade, a Engehall passou a usar o canal para divulgar seus cursos presenciais e criou outros em EAD. “O canal começou a oferecer um conteúdo próprio com três vídeos por semana e, depois de um ano de trabalho, com 15 mil inscritos, a gente obteve o primeiro patrocínio.” O crescimento foi exponencial. No segundo ano, o Engehall contava com 350 mil inscritos e conquistou novos patrocinadores. “Hoje, somos o maior canal voltado para a área elétrica, com 650 mil seguidores. Sou um engenheiro eletricista que passou a atuar em marketing digital e, em apenas três anos, mudei minha vida da água para o vinho. Hoje, ganho o dobro do que ganhava como engenheiro”, conta André Mafra.
DE MULHER PARA MULHER Outro case de sucesso é a história de Katherine Cristine Pavloski. Logo após concluir o curso de arquitetura pela Universidade Positivo de Curitiba, em 2011, Katherine mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez o projeto e trabalhou na obra de um shopping center. Além da formação acadêmica, se interessou pelo ofício de pedreiro e eletricista. “Foi ali que me apaixonei e decidi que era com isso que eu queria trabalhar”, conta. Porém, o trabalho em um canteiro de obras, onde ela era a única mulher, acabou por ser uma fonte de estresse, o que a fez buscar outros caminhos para atuar. “Pretendia seguir para a área acadêmica, dar aula de arquitetura ou fazer um mestrado ou outra faculdade para mudar totalmente de área atuação.”
Decidida, Katherine Cristine Pavloski começou a fazer pesquisas em busca de novos rumos profissionais, quando, no Facebook, viu um post de oferta de serviços de manutenção residencial por mulheres para mulheres. A postagem foi feita por Ana Luisa Monteiro Correard, formada em cinema de animação. Insatisfeita com a carreira, Ana resolveu ofertar serviços como pequenos consertos básicos, como instalar tomadas ou trocar luminárias. A ideia surgiu após um prestador de serviço assediá-la em sua própria casa. “Como, além dos reparos e instalações, ensinamos as mulheres como fazer, há muito empatia. Então, ouvimos casos de assédio por que elas passam, o que é muito mais comum do que se imagina.”
O post obteve mais de mil compartilhamentos orgânicos em 24 horas. “Fui uma das atingidas”, conta Katherine. “Enviei uma mensagem para ela falando que eu era arquiteta, que a ideia dela era muito legal e que podíamos unir forças e trabalhar juntas. Eu tinha know how vasto devido à minha experiência dentro de obras e tinha um dinheiro para investir”, lembra.
As duas se uniram para fundar a M'Ana – Mulher conserta para Mulher em 2015. Além do conhecimento trazido por Katherine, elas passaram a fazer cursos para ampliar o portfólio de serviços. Hoje, atuam com elétrica, hidráulica, reparos gerais, instalações, montagem de prateleiras, pintura, entre outros. Além da receita que obtêm com os atendimentos mensais, elas têm rendimentos com patrocínios em seus perfis no Facebook, que conta com 36,7 mil seguidores. Não só geram receitas, as mídias sociais impulsionam o negócio.
NA MODA O Brasil fechou 2016 com 116 milhões de pessoas conectadas à internet, o equivalente a 64,7% da população com idade acima de 10 anos. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Grande parcela desse público já acompanha dicas, segredos, tutoriais de diversos assuntos que foram elaborados por pessoas conhecidas como digitais influencers, a nova profissão que cria celebridades na web.
O alto número de seguidores nas redes sociais e forte engajamento, transformaram os influenciadores em grandes aliados de empresas que enxergam nesse nicho um mercado para a divulgação de produtos e serviços por meio de propagandas inseridas no dia a dia do influenciador, que tem o poder de, em uma única postagem, enaltecer ou reprimir a imagem da marca.
“A última pesquisa feita pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, em 2016, mostrou que 65% das marcas passaram a adotar essa estratégia e 20% dos consumidores estavam dispostos a pagar mais por um produto endossado pelos influenciadores. Hoje, com toda certeza, esse número está bem maior”, destaca a influenciadora digital e advogada especialista em direito da família e sucessões Lili Paiva.
No Instagram, Lili Paiva tem invejáveis 272 mil seguidores a quem sempre transmite conteúdo do universo fashionista, desde looks básicos até as últimas novidades. Ela é especialista em fashion law, área do direito que envolve todo o universo da moda, desde meio ambiente e trabalho escravo até pirataria e direitos autorais. Ela também discute e fomenta a abrangência do marketing de influência e como o campo jurídico pode amparar essa nova profissão, nada mais coerente do que desenvolver todos os aparatos legais para que essa nova profissão possa ser idônea e dar voz aos influencers digitais que tanto detêm o poder de escolha de milhares de pessoas dentro da web.
Como nem tudo são flores nesse cenário digital, os contratos de trabalho entre os profissionais e as empresas, quando existem, não são feitos de forma legal. “As prestações de serviços são autorizadas de maneira absolutamente informal, por meio de conversas pessoais, telefônicas, mensagens ou e-mails, deixando as partes sem nenhuma formalização jurídica”, alerta Lili Paiva.
Sobre a nova profissão, ela destaca que certamente podemos dizer que digital influencer é uma profissão nova, sem qualquer previsão na lei até o momento. “Existem dois projetos de lei visando regulamentar a profissão de blogueiro e vlogueiro, PLs 4289/2016 e 8569/2017. Enquanto não é aprovada uma lei específica, o ideal é usar as regras de prestação de serviços, que têm previsão legal no Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Lei de Direito Autorais, Marco Civil da Internet, normas do Conar e outras normas aplicáveis”, orienta Paiva.
CONHEÇA OS CANAIS
- Inflr: https://inflr.com/
- YouTube Engehall Elétrica:https://www.youtube.com/channel/UCEfj0OBQaSK5jNnVXi0QBoQ
- M'Ana – Mulher conserta para Mulher:
https://manamanutencao.com.br/
- Lili Paiva: https://www.instagram.com/lilipaiva/?hl=pt-br
SAIBA MAIS
Oportunidades no mundo digital
O Sebrae Minas promove amanhã, dia 27, das 14h às 16h, no Ponto de Atendimento do Shopping UAI (Rua Saturnino de Brito, 17, Centro) palestra gratuita com o tema, Desmistificando a tecnologia, ministrada pela psicóloga e assessora em gestão de pessoas Heloísa Junqueira. Ela explica que vivemos hoje em um mundo digital, mas muitos empresários ainda têm uma mentalidade analógica. “Muita gente quer mudar, mas tem dificuldade em se adaptar aos novos tempos, abrir a cabeça. São pessoas que têm uma cultura muito arraigada e isso não depende de idade”, afirma. Assim, serão abordados comportamentos que irão ajudar os empresários a se adaptar à transformação digital. A psicóloga também vai mostrar as oportunidades que a tecnologia trouxe para o mundo do trabalho. “A tecnologia é democrática, acessível. Por isso, devemos usá-la a nosso favor. No caso das empresas, existe um mundo de possibilidades: desenvolvimento de aplicativos, mapeamento de mercados, uso das mídias sociais para divulgação do negócio.” Durante a palestra serão abordados, ainda, conceitos importantes para se compreender o contexto atual, como indústria 4.0 e mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo).
Serviço:
Palestra: Desmistificando a tecnologia
Dia: 27/11
Horário: Das 14h às 16h
Endereço: PA Sebrae Shopping UAI (Rua Saturnino de Brito, 17, Centro)
Informações e inscrições: 0800-5700800 ou https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/mg?codUf=14