Em tempos de crise, alto desemprego, competitividade absurda, seleção cada vez mais exigente e o avanço da tecnologia que engole muitos cargos (ainda que crie outros, mas não na mesma velocidade!), saber lidar com gente é fundamental. Por isso, a gestão de pessoas em um departamento de recursos humanos de qualquer empresa é imprescindível.
A ideia do RH subjetivo, pautado em ações e informações pouco concretas caiu por terra. Hoje, como nunca antes, é preciso se basear em práticas, ferramentas e ações que auxiliam em tomadas de decisões cada vez mais inteligentes e assertivas. Assim, os profissionais da área têm buscado cursos, palestras, eventos e meios de entender e redesenhar a gestão de pessoas a fim de torná-la cada vez mais fundamental para o sucesso das organizações.
A Solides, uma HR Tech mineira especializada em gestão comportamental e people analytics, especializada em software para identificação de perfil comportamental em processo de contratação, gestão e desenvolvimento de pessoas feito para profissionais de RH, coaches, educadores e treinadores, divulga resultado da pesquisa anual que faz todos os anos para ajudar os profissionais de recursos humanos a entender seu mercado de atuação e identificar as tendências do setor para o ano seguinte. O Censo RH de 2018 contou com quase três mil participantes e, de acordo com os resultados, o departamento de RH ainda é negligenciado em muitas empresas, mas também tem assumido o protagonismo em outras. No levantamento de 2017, 62% dos participantes consideravam o RH pouco ou nada valorizado pela empresa. Em 2018, 51,8% dos participantes responderam a mesma coisa, ou seja, queda de mais de 10% em um ano.
Mônica Hauck, CEO da Solides, afirma que o RH está passando por um processo de transformação muito grande e isso mostra dois cenários: “O primeiro é que, durante a crise, as empresas tiveram que substituir profissionais mais sênior por profissionais com menor experiência, por conta da redução de custo. E o segundo ponto se confirma com a atual aquecimento da economia, que é a substituição por profissionais mais jovens por conta da automação do RH. O setor está sendo automatizado e com isso, você tem uma presença maior do público jovem que domina as ferramentas e tecnologias que estão presentes nesse setor”.
Como toda área, o departamento de RH passa por inovações. Mônica Hauck alerta que hoje esse profissional sai de um cenário de trabalho extremamente manual e operacional e começa a contar com o uso de inteligência artificial e recursos que deixam o RH mais estratégico. “A grande a inovação é a entrada de tecnologias que permitem com que esse profissional faça uma gestão mais efetiva e objetiva a um baixo custo.”
A CEO conta que na Solides, por exemplo, há oferta de duas tecnologias: “O Profiler, que consiste em um teste de perfil comportamental que, por meio de um questionário que pode ser respondido em apenas sete minutos, gera mais de 50 insights sobre um colaborador. Tais dados mostram indicadores sobre autoestima, como o profissional lida com pressão, influências, empatia, detalhismo, capacidade de sonhar e muitos outros direcionamentos. E o Solides Gestão, que é um sistema de automatização que conta com as funcionalidades essenciais para o bom funcionamento dos subsistemas de RH, unindo people analytics e gestão comportamental. O software atua desde o processo de recrutamento e seleção até o desenvolvimento dos colaboradores, levando inteligência de dados para a gestão de pessoas em empresas de todos os portes.” Ela destaca que, além de disponibilizar testes de perfil comportamental, essa plataforma permite cadastro completo dos colaboradores, realização da engenharia de cargos, otimização do processo seletivo e muito mais em um único espaço.
DEFASAGEM E FORMAÇÃO Mônica Hauck destaca que a grande defasagem do setor nesse momento é de mentalidade desse profissional. “O que falta no mercado hoje são profissionais que tenham um alinhamento e habilidades correspondentes à nova economia. Esse público costuma ser muito estudioso. A pesquisa mostra que a maioria tem pós-graduação e está em busca de curso, o que falta mesmo é um profissional mais ligado e antenado ao novo.”
Com relação ao desenvolvimento humano, Mônica Hauck acredita que muitos profissionais têm uma visão estratégica, sabe o que tem que fazer, mas até então, ficava preso em atividades operacionais. “O que essa revolução tecnológica tem contribuído com o RH é na questão da otimização dos processos. Com as tecnologias e automação eles conseguem exercer uma postura mais estratégica e o jovem tem uma maturidade maior para lidar com isso, pois a tecnologia já faz parte do seu cotidiano.”
Ela alerta que o profissional da área tem de entender que, além da formação clássica e básica, é preciso buscar habilidade e conhecimento que não são transmitidos na universidade ou cursos formais: “O profissional precisa entender e dominar a tecnologia, tem de ser um bom consumidor de tecnologia. O estudo formal ainda tem sua importância, mas a partir de agora, é preciso trabalhar com formas de aprendizados mais alternativas. O profissional precisa ter a mentalidade de aprendizado continuo. Não é com uma faculdade que ele vai construir o conhecimento. Muitas vezes, isso vem de novos cursos, experiências profissionais e na busca constante por conteúdos, pois, como em todas as áreas, a forma de trabalhar muda diariamente”.
Mônica Hauck lembra que, em 2018, o censo mostrou uma pulverização dos saberes no setor. “Hoje, nós vemos muitos administradores, tecnólogos e até mesmo estatísticos que analisam as questões de people analytics. Não existe uma tendência de concentração de uma qualificação no RH e, embora tenha aumentado a participação psicólogos na pesquisa, isso não reflete, necessariamente, o aumento de psicólogos no mercado. Há 10 ou 15 anos, você tinha uma participação muito maior de psicólogos e hoje você tem uma distribuição em diferentes áreas do saber.”
Com tantas mudanças, para Mônica Hauck, o RH está diante de uma janela de oportunidades, que se apresenta como grande desafio. “Hoje, a gente percebe claramente uma abertura e uma sensibilização dos gestores em relação ao comportamento das pessoas. O grande desafio é aproveitar essa 'janela de sensibilização para pessoas' e fazer a entrega correta, focada em resultado, aliando com a estratégia da empresa. Se o RH mudar a forma de fazer gestão e entregar um trabalho aliado as estratégias como um todo, a gente muda aquele resultado em relação a valorização. A gente está em uma janela de oportunidades muito grande de ver o RH sendo mais valorizado, a gente só precisa ter a entrega certa daqui para frente.”
PRINCIPAIS PONTOS DA PESQUISA
Um tripé
1 – O primeiro grande ponto de avanço é que 30% dos participantes usavam mapeamento comportamental nas contratações e isso muda completamente o resultado do recrutamento e faz com que ele seja muito mais assertivo e aumenta o tempo de permanência de pessoas na empresa. Nas primeiras pesquisas, você tinha a participação de 10% dos que utilizavam o mapeamento comportamental, então isso mostra uma sensibilização maior em relação a gerir o comportamento dos profissionais nas empresas.
2 – O segundo ponto é o aumento de um RH separado do DP, antigamente o setor de RH trabalhava muito junto com o setor de DP e ao longo dos anos percebemos que isso vem mudando. Cada vez, mais o RH tem trabalhado de forma mais autônoma e isso mostra uma maturidade na forma de se ver e fazer gestão de pessoas.
3 – O terceiro e último ponto é a questão da valorização do RH. Apesar de ser um gargalo ainda, no Censo passado, 62% dos participantes consideravam o RH uma área pouco valorizada na empresa, nesse você tem queda de 10% percentual, onde 51% responderam a mesma coisa. Ou seja, em um ano você cai em 10%. Ainda é um número ruim, mas a notícia boa é que você tem uma concentração maior de profissionais que se sentem valorizado, cerca de 48% das empresas já têm profissionais que se sentem mais valorizados. Isso mudou muito e mostra que estamos em um momento bastante positivo para gestão de pessoas no Brasil.
ALGUNS RESULTADOS DA PESQUISA
- Foto: Solides/Divulgação