A Udemy, marketplace de ensino e aprendizado on-line, acaba de divulgar a segunda edição da pesquisa “Lacuna de Habilidades” com mais de mil profissionais brasileiros em tempo integral, o que é basicamente um termômetro do mercado de trabalho atual. O resultado revela cenários dos mais interessantes. Entre tantos recortes, destaca o fato de cerca de 95% dos profissionais brasileiros em tempo integral reconhecerem que existe uma lacuna de habilidades no país e 72% se sentem pessoalmente afetados por ela – mulheres mais que homens.
Sérgio Agudo, country manager da Udemy para o Brasil, afirma que é possível ver que há, sim, um déficit de habilidades entre o que as pessoas sabem fazer e o que o mercado de trabalho e o empregador exige, e o brasileiro reconhece isso de uma forma muito imediata. “E isso se deve a vários fatores, desde uma educação tradicional limitada até uma renovação constante de conhecimentos empregados no campo profissional. Mas um bom sinal é que, para além dos profissionais brasileiros terem ciência dessa lacuna de habilidades, eles estão se esforçando para diminuir este gap, buscando qualificação, cobrando formação profissional por parte da empresa, fazendo curso on-line, tudo para manter seus skills atualizados e, assim, se manter competitivo no mercado de trabalho.”
Para Sérgio Agudo, a formação do profissional hoje não pode ser vista apenas sob a ótica de quem formou esse profissional, como escolas tradicionais, programas de capacitação corporativa etc. “A capacitação hoje envolve muito o querer aprender de cada indivíduo, que deve entender suas carências de habilidade e ter um plano de ação para preencher esse gap. No Brasil, infelizmente, a maioria das pessoas não tem essa visão de autogestão da carreira. Com certeza, na nossa visão, os modelos tradicionais de educação não vão poder atender essas novas demandas de conhecimento. Por isso, acreditamos que soluções que conectem quem quer aprender com quem quer ensinar seja o caminho a ser seguido. O melhor professor não estará necessariamente na sala de aula.”
Sérgio Agudo enfatiza que, por meio de cada um dos resultados obtidos com a pesquisa, fica claro que a prática da atualização constante de conhecimento é fundamental para se manter a par do mercado e, mais ainda, para compor a força de trabalho do futuro em profissões que só agora estão surgindo e se consolidando, como a ciência de dados, para citar um exemplo, que ainda não conta com um curso de graduação específico no país. “Este aprendizado contínuo, também chamado de lifelong learning, vai garantir que o profissional não apenas se mantenha empregado, mas também progrida na carreira. Por isso, aliar o ensino escolar/superior com cursos on-line ou outros tipos de formação, treinamento e aliado ao network, é o melhor caminho a ser seguido.”
Se o reconhecimento da defasagem de aprendizagem é quase imediata pelo profissional brasileiro, a questão é saber o que tem feito para mudar isso. Sérgio Agudo destaca que é interessante observar que, “quando traçamos um paralelo entre os seis países estudados pelo relatório Lacuna de Habilidade, o Brasil aparece não apenas como o mais ciente desse déficit de habilidades profissionais, mas também o mais preocupado em ser afetado por esse gap. E apesar de os dados diferirem bastante dos resultados dos EUA, Portugal, França e Espanha – países desenvolvidos, digamos assim – em certos momentos se assemelha aos dados do México, que assim como o Brasil está em desenvolvimento e se coloca em alerta para as mudanças constantes do mercado de trabalho. Isso mostra que as crises econômicas e políticas, por exemplo, desempenham um papel fundamental nesta perspectiva mais negativa do futuro.”
Conforme ele, outra característica brasileira que aparece como um fator neste contexto é a educação tradicional, que ainda é muito limitada, desde o ensino básico até o superior. “Vemos que ainda há uma defasagem grande entre as habilidades que os profissionais dispõem e as exigidas pelos empregadores. Mas, ao mesmo tempo, estar ciente disso é o primeiro passo para a mudança. E vemos que os brasileiros estão agindo para mudar esse cenário, principalmente por conta própria, apostando em cursos on-line para atualizar ou aprender novas habilidades, a modalidade mais usada pelos nossos profissionais conforme mostra a pesquisa. Então, se por um lado os profissionais brasileiros estão com uma certa defasagem nas suas habilidades, eles têm consciência disso e estão empenhados em mudar essa situação. O que é um excelente sinal, o primeiro passo já está sendo dado.”
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Pela pesquisa, o brasileiro acredita que dentro de cinco anos a inteligência artificial (IA) tomará seu emprego. Como eles se sentem afetados por essa realidade? Sérgio Agudo alerta que essa é uma questão que não afeta apenas o Brasil, é uma tendência global achar que a tecnologia irá substituir ou pelo menos mudar muitos empregos. No entanto, ainda não é uma realidade assim tão clara. “Mas há, sim, esse receio por parte do profissional brasileiro de que, se o seu trabalho é muito repetitivo ou mecânico, a máquina eventualmente poderá assumir aquilo. Num primeiro momento, pode até haver a eliminação de algumas vagas, mas num segundo momento, isso fará com que apareçam novos cargos e profissões. Então, tomando a IA como exemplo: ok, você está sendo atendido num chat por um robô, o que pode vir a eliminar algumas vagas de um call center. Mas depois haverá uma demanda crescente por profissionais que saibam gerir essa IA, que saibam controlar o algoritmo sendo empregado ali. Então, é uma discussão que não para em substituir cargos, mas sim em transformar em novas profissões e carreiras.”
Diante da transformação do mercado de trabalho, vale registrar o comportamento da geração Millennials. De que forma ela está se virando profissionalmente: “Como é uma geração mais nova, que saiu da faculdade há pouco tempo e está entrando no mercado de trabalho agora, é compreensível que eles formem o grupo etário que demonstra maior preocupação com essa lacuna de habilidades, e como isso impacta o futuro, como os resultados comprovam. Talvez por ainda não ter tanta experiência profissional, os Millennials temem que não estejam aptos para o mercado de trabalho. Mas, com as possibilidades de aprendizado de hoje, com a internet, vídeos, cursos on-line, e a aptidão digital natural dessa geração, eles também são os mais preparados a adquirir o conhecimento necessário para os cargos atuais e futuros. Então, sim, eles estão cientes dos desafios que vão encarar no mercado de trabalho atual, estão preocupados, mas se preparam para isso.”
Com mais esta pesquisa, Sérgio Agudo afirma que, no geral, foi positivo ver que o brasileiro tem a percepção mais clara (95%) entre todos os países de que, sim, existe uma lacuna de habilidades; que 46% deles já estão tentando preencher essa lacuna por meio de capacitação com cursos on-line e, em terceiro lugar, que existe uma preocupação clara de que investimentos em habilidades técnicas e comportamentais se farão necessárias para um novo ciclo competitivo com IA que deve afetar o mundo nos próximos cinco anos. “O relatório da Udemy focou na lacuna de habilidades. A relação entre as habilidades das pessoas, que estão buscando trabalho, e as qualificações exigidas pelos empregadores. Em alguns casos, esse fenômeno deixou cargos vagos. Em outros lugares, deixou os trabalhadores com habilidades ultrapassadas na periferia de uma economia crescente. Conforme as forças tecnológicas e econômicas continuam remodelando o mundo, nós buscamos determinar como as perspectivas das pessoas estão mudando.”
VEJA ALGUNS NÚMEROS DA PESQUISA
– Cerca de 95% dos profissionais brasileiros em tempo integral reconhecem que existe uma lacuna de habilidades no país e 72% se sentem pessoalmente afetados por ela – mulheres mais que homens
– Mesmo assim, 80% concordam que a educação formal os equipou com as habilidades necessárias para o trabalho de hoje, mas 93% admitiram precisar de treinamento adicional para trabalhar de forma eficaz, com 46% desses recorrendo a cursos on-line para aprender novas habilidades
– 37% dos trabalhadores acreditam que precisam aprender novas habilidades técnicas e digitais para avançar em suas carreiras, enquanto dizem que as habilidades de liderança e gerenciamento são as mais difíceis de aprender (35%) e que o pensamento crítico e a resolução de problemas são as habilidades pessoais que mais fazem falta aos colegas (27%)
– 93% concordam que as habilidades necessárias para o trabalho atual mudarão dentro dos próximos cinco anos, outra crença ainda mais forte entre os Millennials (94%). Por outro lado, apenas 61% dos brasileiros acreditam que a automação ou a IA substituirão seus trabalhos nos próximos cinco anos
– Apenas 46% têm confiança nas iniciativas governamentais para reabilitar funcionários e 61% dizem que deixariam o emprego caso o empregador não fornecesse treinamento para alavancar suas carreiras, enquanto 88% disseram que se mudariam para outro país para uma boa oportunidade profissional
– 66% dos profissionais têm um segundo emprego ou estão pensando em iniciar um (queda de 20 pontos percentuais em comparação a 2017) e 70% deles fazem isso com o objetivo de gerar renda extra
– 76% consideram o mercado de trabalho brasileiro competitivo ou altamente competitivo, com 43% acreditando que a força de trabalho do Brasil é a mais poderosa em nossa economia global em constante mudança
– Com base na própria experiência, os profissionais brasileiros classificaram os idiomas estrangeiros mais úteis para se trabalhar ou fazer negócios: inglês (99,6%), espanhol (88%), francês (53%), mandarim (32%) e alemão (18%) formam o top 5
– 86% acham que alguns adultos não estão participando atualmente da força de trabalho porque não estão dispostos a aprender novas habilidades
SAIBA QUAIS SÃO AS 10 TECH SKILLS MAIS PROCURADAS: AS HABILIDADES TÉCNICAS
1 – Kotlin: a linguagem de programação Kotlin v1.0 foi lançada em 2016 como uma alternativa ao Java para o desenvolvimento de aplicativos Android. O consumo de cursos sobre Kotlin aumentou 95% no ano passado, tornando-se a habilidade tecnológica número 1 em 2018
2 – Redes neurais ou 'deep learning': redes neurais artificiais imitam como o cérebro humano processa, armazena e reage com a informação e podem ser usadas em quase todas as indústrias: comércio on-line (análise de carrinho de compras), finanças (prevenção de fraude com cartão de crédito), saúde (prevenção de doenças) ou agricultura (gestão de cultivos), por exemplo
3 – Gestão de projetos: esta é uma das profissões em mais rápido crescimento: 87,7 milhões de gerentes de projetos serão necessários em 2027, de acordo com o Project Management Institute
4 – Apache kafka: o Apache é um diferencial para empresas que buscam se manter um passo à frente. Sua capacidade de fornecer dados em tempo real e aplicar análise preditiva permite estudar o comportamento do cliente
5 – GraphQL: à medida em que os aplicativos para smartphones se tornam mais complexos e ricos em dados, o GraphQL (desenvolvido pelo Facebook) otimiza o desempenho móvel ao redesenhar a aquisição de dados
6 – Chef: muitas empresas usam o software Chef para controlar e gerenciar sua infraestrutura de TI, por isso não é surpreendente que o Chef seja a sexta habilidade mais popular do ano
7 – Certificações da Microsoft: o Azure, o SQL Server, o Windows Server e o Microsoft Office (Excel, Word, Outlook e Powerpoint) ainda têm seu lugar no pódio entre as habilidades mais ensinadas neste ano
8 – Inteligência Artificial: a Inteligência Artificial (I.A.) é a tecnologia mais inovadora da nossa era e, por enquanto, estamos apenas arranhando a superfície. A velocidade com a qual a IA melhorou em pouco tempo possibilita seu uso em muitas indústrias – desde ajudar a detectar câncer até analisar padrões para capturar esquemas de lavagem de dinheiro
9 – Ethereum e Blockchain: semelhante ao blockchain do bitcoin, o Ethereum permite que você execute código em qualquer aplicativo descentralizado para gerenciar registros ou transações. A revolução ligada ao blockchain continua em expansão
10 – RPA (Robotic Process Automation): assim como os robôs físicos revolucionaram a indústria de manufatura, os robôs de software agora afetam diretamente o mundo dos negócios, libertando os trabalhadores de tarefas mecânicas
SAIBA QUAIS SÃO AS 10 SOFT SKILLS MAIS EXIGIDAS: AS HABILIDADES COMPORTAMENTAIS
1 – Treinamento gerencial: liderança e gestão sempre foram habilidades críticas e permanecem no topo das mais exigidas pelas empresas atualmente. A pesquisa mostrou que bons gerentes fazem uma grande diferença no engajamento e na produtividade dos funcionários. De fato, empresas bem lideradas resultam em 89% de comprometimento por parte dos funcionários
2 – Inteligência emocional: algo crucial quando se trata de construir culturas colaborativas no local de trabalho, razão pela qual ocupa o segundo lugar nesta lista. Funcionários com boas habilidades interpessoais e empatia têm maior probabilidade de sucesso, especialmente em áreas como vendas, atendimento ao cliente ou gestão
3 – Escrita de negócios: devido à crescente importância dos canais de e-mail e redes social no local de trabalho, ter boas habilidades de redação tornou-se uma obrigação para todos. Escrita orientada aos negócios, concisa e persuasiva, normalmente não é ensinada no estágio escolar, mas é cada vez mais indispensável para qualquer área
4 – Estratégias de concentração: quase um em cada quatro trabalhadores acredita que eles estão mais distraídos agora no trabalho do que há alguns anos, de acordo com o estudo Workplace Distraction Report 2018 da Udemy. Redes sociais e escritórios abertos são algumas das razões por trás do declínio na produtividade, por isso não é uma total surpresa que essa habilidade apareça em quarto lugar nesta relação
5 – Desenvolvimento pessoal: aspectos pessoais, como motivação ou autoestima, também nos ajudam em nossos trabalhos e, portanto, melhoram o ambiente e a produtividade no trabalho
6 – Falar em público: uma certeza entre as soft skills mais úteis na carreira profissional é saber falar e explicar bem quando se dirigindo ao público, sejam clientes, chefes ou colegas. Precisamos aprender como nos conectar com o público e apresentar discursos persuasivos para alcançar resultados cada vez melhores
7 – Negociação: em locais de trabalho cada vez mais colaborativos, a negociação é uma habilidade muito importante, já que as decisões são baseadas em consenso e não tanto no estilo antigo de gerenciamento hierárquico
8 – Gestão de estresse: 52% dos funcionários se sentem mais estressados do que há um ano, segundo o estudo Workplace Stress Study 2017 da Udemy. Gerenciar a ansiedade e o estresse no trabalho é especialmente relevante em tempos de rápidas mudanças nos escritórios devido à automação
9 – Atendimento ao cliente: um setor de atendimento ao cliente é bem-sucedido quando sabe como construir relações autênticas de confiança. Habilidades como empatia ou compreensão são essenciais para construir relacionamentos sólidos com clientes, para que possam se tornar defensores espontâneos da sua marca
10 – Habilidades de entrevista: quer estejamos de um lado da mesa ou do outro, o aprimoramento dessas habilidades nos ajudará a administrar a forma como conduzimos uma entrevista ou a conseguir prender a atenção de um recrutador
Sérgio Agudo, country manager da Udemy para o Brasil, afirma que é possível ver que há, sim, um déficit de habilidades entre o que as pessoas sabem fazer e o que o mercado de trabalho e o empregador exige, e o brasileiro reconhece isso de uma forma muito imediata. “E isso se deve a vários fatores, desde uma educação tradicional limitada até uma renovação constante de conhecimentos empregados no campo profissional. Mas um bom sinal é que, para além dos profissionais brasileiros terem ciência dessa lacuna de habilidades, eles estão se esforçando para diminuir este gap, buscando qualificação, cobrando formação profissional por parte da empresa, fazendo curso on-line, tudo para manter seus skills atualizados e, assim, se manter competitivo no mercado de trabalho.”
Para Sérgio Agudo, a formação do profissional hoje não pode ser vista apenas sob a ótica de quem formou esse profissional, como escolas tradicionais, programas de capacitação corporativa etc. “A capacitação hoje envolve muito o querer aprender de cada indivíduo, que deve entender suas carências de habilidade e ter um plano de ação para preencher esse gap. No Brasil, infelizmente, a maioria das pessoas não tem essa visão de autogestão da carreira. Com certeza, na nossa visão, os modelos tradicionais de educação não vão poder atender essas novas demandas de conhecimento. Por isso, acreditamos que soluções que conectem quem quer aprender com quem quer ensinar seja o caminho a ser seguido. O melhor professor não estará necessariamente na sala de aula.”
Sérgio Agudo enfatiza que, por meio de cada um dos resultados obtidos com a pesquisa, fica claro que a prática da atualização constante de conhecimento é fundamental para se manter a par do mercado e, mais ainda, para compor a força de trabalho do futuro em profissões que só agora estão surgindo e se consolidando, como a ciência de dados, para citar um exemplo, que ainda não conta com um curso de graduação específico no país. “Este aprendizado contínuo, também chamado de lifelong learning, vai garantir que o profissional não apenas se mantenha empregado, mas também progrida na carreira. Por isso, aliar o ensino escolar/superior com cursos on-line ou outros tipos de formação, treinamento e aliado ao network, é o melhor caminho a ser seguido.”
Se o reconhecimento da defasagem de aprendizagem é quase imediata pelo profissional brasileiro, a questão é saber o que tem feito para mudar isso. Sérgio Agudo destaca que é interessante observar que, “quando traçamos um paralelo entre os seis países estudados pelo relatório Lacuna de Habilidade, o Brasil aparece não apenas como o mais ciente desse déficit de habilidades profissionais, mas também o mais preocupado em ser afetado por esse gap. E apesar de os dados diferirem bastante dos resultados dos EUA, Portugal, França e Espanha – países desenvolvidos, digamos assim – em certos momentos se assemelha aos dados do México, que assim como o Brasil está em desenvolvimento e se coloca em alerta para as mudanças constantes do mercado de trabalho. Isso mostra que as crises econômicas e políticas, por exemplo, desempenham um papel fundamental nesta perspectiva mais negativa do futuro.”
Há o receio por parte do profissional brasileiro de que, se o seu trabalho é muito repetitivo ou mecânico, a máquina eventualmente poderá assumir aquilo. Num primeiro momento, pode até haver a eliminação de algumas vagas, mas, num segundo, isso fará com que apareçam novos cargos e profissões. Então. é uma discussão que não para em substituir cargos, mas sim em transformar em novas profissões e carreiras
Sérgio Agudo, country manager da Udemy para o Brasil
Conforme ele, outra característica brasileira que aparece como um fator neste contexto é a educação tradicional, que ainda é muito limitada, desde o ensino básico até o superior. “Vemos que ainda há uma defasagem grande entre as habilidades que os profissionais dispõem e as exigidas pelos empregadores. Mas, ao mesmo tempo, estar ciente disso é o primeiro passo para a mudança. E vemos que os brasileiros estão agindo para mudar esse cenário, principalmente por conta própria, apostando em cursos on-line para atualizar ou aprender novas habilidades, a modalidade mais usada pelos nossos profissionais conforme mostra a pesquisa. Então, se por um lado os profissionais brasileiros estão com uma certa defasagem nas suas habilidades, eles têm consciência disso e estão empenhados em mudar essa situação. O que é um excelente sinal, o primeiro passo já está sendo dado.”
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Pela pesquisa, o brasileiro acredita que dentro de cinco anos a inteligência artificial (IA) tomará seu emprego. Como eles se sentem afetados por essa realidade? Sérgio Agudo alerta que essa é uma questão que não afeta apenas o Brasil, é uma tendência global achar que a tecnologia irá substituir ou pelo menos mudar muitos empregos. No entanto, ainda não é uma realidade assim tão clara. “Mas há, sim, esse receio por parte do profissional brasileiro de que, se o seu trabalho é muito repetitivo ou mecânico, a máquina eventualmente poderá assumir aquilo. Num primeiro momento, pode até haver a eliminação de algumas vagas, mas num segundo momento, isso fará com que apareçam novos cargos e profissões. Então, tomando a IA como exemplo: ok, você está sendo atendido num chat por um robô, o que pode vir a eliminar algumas vagas de um call center. Mas depois haverá uma demanda crescente por profissionais que saibam gerir essa IA, que saibam controlar o algoritmo sendo empregado ali. Então, é uma discussão que não para em substituir cargos, mas sim em transformar em novas profissões e carreiras.”
Diante da transformação do mercado de trabalho, vale registrar o comportamento da geração Millennials. De que forma ela está se virando profissionalmente: “Como é uma geração mais nova, que saiu da faculdade há pouco tempo e está entrando no mercado de trabalho agora, é compreensível que eles formem o grupo etário que demonstra maior preocupação com essa lacuna de habilidades, e como isso impacta o futuro, como os resultados comprovam. Talvez por ainda não ter tanta experiência profissional, os Millennials temem que não estejam aptos para o mercado de trabalho. Mas, com as possibilidades de aprendizado de hoje, com a internet, vídeos, cursos on-line, e a aptidão digital natural dessa geração, eles também são os mais preparados a adquirir o conhecimento necessário para os cargos atuais e futuros. Então, sim, eles estão cientes dos desafios que vão encarar no mercado de trabalho atual, estão preocupados, mas se preparam para isso.”
Com mais esta pesquisa, Sérgio Agudo afirma que, no geral, foi positivo ver que o brasileiro tem a percepção mais clara (95%) entre todos os países de que, sim, existe uma lacuna de habilidades; que 46% deles já estão tentando preencher essa lacuna por meio de capacitação com cursos on-line e, em terceiro lugar, que existe uma preocupação clara de que investimentos em habilidades técnicas e comportamentais se farão necessárias para um novo ciclo competitivo com IA que deve afetar o mundo nos próximos cinco anos. “O relatório da Udemy focou na lacuna de habilidades. A relação entre as habilidades das pessoas, que estão buscando trabalho, e as qualificações exigidas pelos empregadores. Em alguns casos, esse fenômeno deixou cargos vagos. Em outros lugares, deixou os trabalhadores com habilidades ultrapassadas na periferia de uma economia crescente. Conforme as forças tecnológicas e econômicas continuam remodelando o mundo, nós buscamos determinar como as perspectivas das pessoas estão mudando.”
VEJA ALGUNS NÚMEROS DA PESQUISA
– Cerca de 95% dos profissionais brasileiros em tempo integral reconhecem que existe uma lacuna de habilidades no país e 72% se sentem pessoalmente afetados por ela – mulheres mais que homens
– Mesmo assim, 80% concordam que a educação formal os equipou com as habilidades necessárias para o trabalho de hoje, mas 93% admitiram precisar de treinamento adicional para trabalhar de forma eficaz, com 46% desses recorrendo a cursos on-line para aprender novas habilidades
– 37% dos trabalhadores acreditam que precisam aprender novas habilidades técnicas e digitais para avançar em suas carreiras, enquanto dizem que as habilidades de liderança e gerenciamento são as mais difíceis de aprender (35%) e que o pensamento crítico e a resolução de problemas são as habilidades pessoais que mais fazem falta aos colegas (27%)
– 93% concordam que as habilidades necessárias para o trabalho atual mudarão dentro dos próximos cinco anos, outra crença ainda mais forte entre os Millennials (94%). Por outro lado, apenas 61% dos brasileiros acreditam que a automação ou a IA substituirão seus trabalhos nos próximos cinco anos
– Apenas 46% têm confiança nas iniciativas governamentais para reabilitar funcionários e 61% dizem que deixariam o emprego caso o empregador não fornecesse treinamento para alavancar suas carreiras, enquanto 88% disseram que se mudariam para outro país para uma boa oportunidade profissional
– 66% dos profissionais têm um segundo emprego ou estão pensando em iniciar um (queda de 20 pontos percentuais em comparação a 2017) e 70% deles fazem isso com o objetivo de gerar renda extra
– 76% consideram o mercado de trabalho brasileiro competitivo ou altamente competitivo, com 43% acreditando que a força de trabalho do Brasil é a mais poderosa em nossa economia global em constante mudança
– Com base na própria experiência, os profissionais brasileiros classificaram os idiomas estrangeiros mais úteis para se trabalhar ou fazer negócios: inglês (99,6%), espanhol (88%), francês (53%), mandarim (32%) e alemão (18%) formam o top 5
– 86% acham que alguns adultos não estão participando atualmente da força de trabalho porque não estão dispostos a aprender novas habilidades
SAIBA QUAIS SÃO AS 10 TECH SKILLS MAIS PROCURADAS: AS HABILIDADES TÉCNICAS
1 – Kotlin: a linguagem de programação Kotlin v1.0 foi lançada em 2016 como uma alternativa ao Java para o desenvolvimento de aplicativos Android. O consumo de cursos sobre Kotlin aumentou 95% no ano passado, tornando-se a habilidade tecnológica número 1 em 2018
2 – Redes neurais ou 'deep learning': redes neurais artificiais imitam como o cérebro humano processa, armazena e reage com a informação e podem ser usadas em quase todas as indústrias: comércio on-line (análise de carrinho de compras), finanças (prevenção de fraude com cartão de crédito), saúde (prevenção de doenças) ou agricultura (gestão de cultivos), por exemplo
3 – Gestão de projetos: esta é uma das profissões em mais rápido crescimento: 87,7 milhões de gerentes de projetos serão necessários em 2027, de acordo com o Project Management Institute
4 – Apache kafka: o Apache é um diferencial para empresas que buscam se manter um passo à frente. Sua capacidade de fornecer dados em tempo real e aplicar análise preditiva permite estudar o comportamento do cliente
5 – GraphQL: à medida em que os aplicativos para smartphones se tornam mais complexos e ricos em dados, o GraphQL (desenvolvido pelo Facebook) otimiza o desempenho móvel ao redesenhar a aquisição de dados
6 – Chef: muitas empresas usam o software Chef para controlar e gerenciar sua infraestrutura de TI, por isso não é surpreendente que o Chef seja a sexta habilidade mais popular do ano
7 – Certificações da Microsoft: o Azure, o SQL Server, o Windows Server e o Microsoft Office (Excel, Word, Outlook e Powerpoint) ainda têm seu lugar no pódio entre as habilidades mais ensinadas neste ano
8 – Inteligência Artificial: a Inteligência Artificial (I.A.) é a tecnologia mais inovadora da nossa era e, por enquanto, estamos apenas arranhando a superfície. A velocidade com a qual a IA melhorou em pouco tempo possibilita seu uso em muitas indústrias – desde ajudar a detectar câncer até analisar padrões para capturar esquemas de lavagem de dinheiro
9 – Ethereum e Blockchain: semelhante ao blockchain do bitcoin, o Ethereum permite que você execute código em qualquer aplicativo descentralizado para gerenciar registros ou transações. A revolução ligada ao blockchain continua em expansão
10 – RPA (Robotic Process Automation): assim como os robôs físicos revolucionaram a indústria de manufatura, os robôs de software agora afetam diretamente o mundo dos negócios, libertando os trabalhadores de tarefas mecânicas
SAIBA QUAIS SÃO AS 10 SOFT SKILLS MAIS EXIGIDAS: AS HABILIDADES COMPORTAMENTAIS
1 – Treinamento gerencial: liderança e gestão sempre foram habilidades críticas e permanecem no topo das mais exigidas pelas empresas atualmente. A pesquisa mostrou que bons gerentes fazem uma grande diferença no engajamento e na produtividade dos funcionários. De fato, empresas bem lideradas resultam em 89% de comprometimento por parte dos funcionários
2 – Inteligência emocional: algo crucial quando se trata de construir culturas colaborativas no local de trabalho, razão pela qual ocupa o segundo lugar nesta lista. Funcionários com boas habilidades interpessoais e empatia têm maior probabilidade de sucesso, especialmente em áreas como vendas, atendimento ao cliente ou gestão
3 – Escrita de negócios: devido à crescente importância dos canais de e-mail e redes social no local de trabalho, ter boas habilidades de redação tornou-se uma obrigação para todos. Escrita orientada aos negócios, concisa e persuasiva, normalmente não é ensinada no estágio escolar, mas é cada vez mais indispensável para qualquer área
4 – Estratégias de concentração: quase um em cada quatro trabalhadores acredita que eles estão mais distraídos agora no trabalho do que há alguns anos, de acordo com o estudo Workplace Distraction Report 2018 da Udemy. Redes sociais e escritórios abertos são algumas das razões por trás do declínio na produtividade, por isso não é uma total surpresa que essa habilidade apareça em quarto lugar nesta relação
5 – Desenvolvimento pessoal: aspectos pessoais, como motivação ou autoestima, também nos ajudam em nossos trabalhos e, portanto, melhoram o ambiente e a produtividade no trabalho
6 – Falar em público: uma certeza entre as soft skills mais úteis na carreira profissional é saber falar e explicar bem quando se dirigindo ao público, sejam clientes, chefes ou colegas. Precisamos aprender como nos conectar com o público e apresentar discursos persuasivos para alcançar resultados cada vez melhores
7 – Negociação: em locais de trabalho cada vez mais colaborativos, a negociação é uma habilidade muito importante, já que as decisões são baseadas em consenso e não tanto no estilo antigo de gerenciamento hierárquico
8 – Gestão de estresse: 52% dos funcionários se sentem mais estressados do que há um ano, segundo o estudo Workplace Stress Study 2017 da Udemy. Gerenciar a ansiedade e o estresse no trabalho é especialmente relevante em tempos de rápidas mudanças nos escritórios devido à automação
9 – Atendimento ao cliente: um setor de atendimento ao cliente é bem-sucedido quando sabe como construir relações autênticas de confiança. Habilidades como empatia ou compreensão são essenciais para construir relacionamentos sólidos com clientes, para que possam se tornar defensores espontâneos da sua marca
10 – Habilidades de entrevista: quer estejamos de um lado da mesa ou do outro, o aprimoramento dessas habilidades nos ajudará a administrar a forma como conduzimos uma entrevista ou a conseguir prender a atenção de um recrutador