A precarização dos postos de trabalho e falta de assistência médica são fatores que aumentam o desenvolvimento de doenças psicossociais. Segundo a International Stress Management Association, Brasil é o segundo país mais estressado do mundo. Diante desse cenário, de tão comuns, as doenças causadas pelo trabalho atualmente deixaram de ser dignas de nota. Ter uma crise de estresse com efeitos fisiológicos que demandem atendimento médico não é mais o alerta vermelho de "vamos repensar essa rotina". As referências para esta parada se tornaram Burnout, cateterismo, ataque cardíaco e depressão crônica.
"Estamos falando de uma maioria de profissionais que têm entre 20 e 40 anos. Claro que dados são importantes, mas não precisamos pesquisar muito para encontrar profissionais que atuam à beira de um colapso e, é claro, que tem algo errado nisso", conta Liamar Fernandes, psicóloga e master coach da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching).
Com 43 anos de experiência em desenvolvimento humano, Liamar é taxativa. "Você tem caminhos para tomar as rédeas da sua trajetória profissional e estabelecer limites do quanto ela vai consumir da sua energia."
MÁ GESTÃO Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, alguns fatores contribuem para o aumento e desenvolvimento de doenças psicossociais: cargas de trabalho excessivas, exigências contraditórias e falta de clareza na definição de funções, falta de autonomia para executar o trabalho, assédio psicológico ou sexual, insegurança se irá permanecer na empresa, falta de apoio da chefia e dos colegas e má gestão.
"Como master coach, trabalho com as pessoas para melhorar a performance delas. Horas excessivas de trabalho não são sinônimo de produtividade.
O Instituto Americano do Estresse calcula que o custo anual causado pelo estresse chega a US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão) ou seja, economicamente o sistema atual não é vantajoso.
Como amenizar os fatores de influência
Liamar Fernandes tem uma visão bem diferente do cenário. "O trabalho edifica o homem, dignifica, dá oportunidade de desenvolvimento e crescimento. É positivo. É maravilhoso. Não concordo com visões que já levem para um lado de que só serve para escravizar as pessoas. Como tudo na vida, ele precisa de equilíbrio", pontua.
A seguir algumas sugestões bem objetivas que a psicóloga e master coach deixa para quem quer melhorar sua qualidade de vida no trabalho.
– Trabalhe um número X de horas e tenha disciplina para cumprir este número: a maioria dos meus clientes começa dizendo que isso não é definido por eles e termina com uma rotina definida. Claro que um ou outro dia haverá exceções, dependendo da sua atividade, mas a exceção não pode virar regra ou se for, você tem que partir deste princípio e trabalhar suas expectativas
– Performance: trabalhar mais em menos tempo é um exemplo de aumento de performance. Este é um ponto que desenvolvo nos meus clientes por meio de ferramentas do coaching
– Ter o restante da carga horária livre para fazer as atividades que julgar importantes para sua vida: ir ao teatro, fazer um jantar, ler, andar, dormir, ligar para uma amiga e bater papo, enfim, ter tempo para si e para fazer a manutenção do seu corpo, mente e alma
– Assuma responsabilidades e tome decisões coerentes com a qualidade de vida que busca: passe a fazer exercícios de administração do tempo, estabeleça métodos de organização de atividades, defina metas para si que limitem sua entrega ao trabalho.
Números que fazem pensar
– A Organização Mundial do Trabalho (OIT) levantou que 40 milhões de pessoas no mundo sofrem de estresse grave relacionado ao trabalho
– As reações ao estresse grave, transtornos de adaptação e episódios depressivos causaram 79% dos afastamentos no período de 2012 a 2016
– A depressão é a principal causa de pagamento de auxílio-doença não ligado a acidentes, com 31% dos casos. Os transtornos de ansiedade vêm logo em seguida, com 18%
– Instituto Americano do Estresse calcula que o custo anual causado pelo estresse chega a US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão)
– As reações ao estresse grave, transtornos de adaptação e episódios depressivos causaram 79% dos afastamentos no período de 2012 a 2016
– A depressão é a principal causa de pagamento de auxílio-doença não ligado a acidentes, com 31% dos casos. Os transtornos de ansiedade vêm logo em seguida, com 18%
– Instituto Americano do Estresse calcula que o custo anual causado pelo estresse chega a US$ 300 bilhões (R$ 1,1 trilhão)