As palavras utilizadas em um anúncio de vaga de emprego podem afetar diretamente no número de candidaturas, especialmente quando analisada a questão de gênero. Os dados são do Estudo Global de Diversidade e Gênero “A Linguagem Importa”¹, feito pelo LinkedIn, maior rede social profissional do mundo.
A pesquisa mostrou que adjetivos como "agressivo" em uma descrição de cargo ou local de trabalho podem, por exemplo, desencorajar 44% das mulheres e 33% dos homens a se aplicarem à vaga em questão. Atualmente, mais de 50 mil descrições de cargos no LinkedIn incluem a palavra "agressivo".
Um quarto (25%) das mulheres entrevistadas disse ainda que seriam desencorajadas de se candidatarem se a palavra "exigente" fosse incluída em uma descrição do cargo. Já em comparação com os homens, o percentual é de 21%.
A pesquisa revelou também que as mulheres são mais propensas do que os homens a não se candidatarem para uma vaga se as palavras "líder nato(a)" forem incluídas na descrição do cargo, com 22% das respostas, enquanto o índice foi de 20% para os homens.
Durante a entrevista
Homens e mulheres preferem as mesmas três principais palavras para se descreverem em uma entrevista de emprego: trabalhador(a) (58% das mulheres e 49% dos homens), bom(a) no meu trabalho (48% das mulheres e 42% dos homens) e confiante (42% das mulheres e 40% dos homens).
No entanto, as mulheres têm uma probabilidade 40% maior que os homens de serem percebidas em uma entrevista de emprego como "qualificadas", "inteligentes" e "competentes".
Habilidades interpessoais
As soft skills, conhecidas como as habilidades interpessoais, são usadas por 61% das mulheres e 52% dos homens ao falar sobre suas competências mais destacadas. Cerca de dois em cada cinco respondentes (39%) ainda afirmou associar o gênero feminino a este tipo de competência.
As mulheres também priorizam termos que se relacionam mais com seu caráter; especificamente, adjetivos como "simpática" e "favorável" foram citados por mulheres mais do que homens.
O viés inconsciente
Pouco menos de um terço (32%) dos entrevistados diz que sempre considera o gênero ao redigir uma cópia para anúncios de emprego. No Brasil, o percentual é o mesmo. Outros 36% responderam que nunca consideram a questão em abertura de vagas, com o mesmo percentual um pouco menor no Brasil (29%). Em compensação, quatro em cada cinco entrevistados brasileiros (81%) afirmaram que a diversidade de gênero é algo "importante" para sua organização.
Quando questionados se as suas empresas tinham o costume de fazer processos seletivos às cegas, 30% afirmou nunca ter incorporado uma abordagem do tipo em seu processo de recrutamento. No Brasil, o índice foi de 22%. Já na quebra por gênero, 33% das mulheres entrevistadas afirmaram sempre incorporar processos "às cegas" em seu processo de recrutamento, em comparação com 30% dos homens entrevistados. Para entrevistados brasileiros, os percentuais na quebra por gênero foram de 44% e 31%, respectivamente.
"Nosso estudo mostrou que a linguagem é concebida de maneira diferente para homens e mulheres; portanto, é necessário que as empresas se adaptem a ambas as partes para formar uma equipe baseada na diversidade de gênero", recomenda Ana Plihal, diretora de soluções de talento do LinkedIn no Brasil.
O Estudo Global de Diversidade e Gênero "A Linguagem Importa" foi conduzido pela Censuswide a pedido do LinkedIn, com mais de 12 mil profissionais e 3 mil empresas de recrutamento de diferentes países, incluindo dados de respondentes brasileiros, no período de 10 a 31 de maio de 2019. O método utilizado foi questionário online.
Vale registrar que a identidade de gênero não é binária e reconhecemos que alguns membros do LinkedIn se identificam além das construções tradicionais de gênero de 'masculino' e 'feminino'. No entanto, os dados de gênero do LinkedIn – que foram usados para informar partes substanciais deste relatório – são inferidos com base no primeiro nome e atualmente não são responsáveis por outras identidades de gênero. À medida que os membros começam a relatar o gênero, estamos ansiosos para compartilhar dados de gênero mais inclusivos.
Sobre a rede: https://www.linkedin.com