Jornal Estado de Minas

FUTURO

Metade dos brasileiros vê automação como ameaça para os empregos

Para o líder de clientes e mercados da PwC Brasil, Fábio Cajazeira, desenvolver novas habilidades será cada vez mais relevante e tem de ser uma preocupação permanente (foto: PWC/Divulgação)


O uso crescente da tecnologia e o impacto da automação sobre o mercado de trabalho são motivo de apreensão para 45% dos brasileiros. É o que aponta uma pesquisa global da PwC e que contou com cerca de dois mil entrevistados no Brasil — foram 22 mil pessoas em 11 países.


Segundo o estudo, 53% dos brasileiros acreditam que a automação vai modificar significativamente ou tornar seu trabalho obsoleto nos próximos 10 anos — mesmo percentual identificado em nível global. Entre os profissionais brasileiros com escolaridade até o ensino médio, essa percepção chega a 67%.

Os maiores temores incluem o de que a tecnologia torne o emprego redundante (50%), além da incerteza sobre o futuro (43%). Mas também foram mencionados o medo de não ter as habilidades exigidas no futuro (26%) e a preocupação de não ser capaz de aprender as habilidades necessárias (23%).

Impactos da tecnologia na rotina de trabalho


Por outro lado, 65% dos brasileiros entrevistados responderam que as novas tecnologias e a automação trarão oportunidades

Sobre os aspectos positivos do avanço tecnológico no trabalho, 46% acreditam que haverá um aumento da produção e 44% disseram que o trabalho será mais interessante.



Mais tempo livre disponível para o lazer foi citado como um dos benefícios trazidos pela tecnologia por 34% dos entrevistados. Para 94% dos consultados, a tecnologia vai melhorar a rotina de trabalho diária (fazendo-os mais eficientes, por exemplo).

"Para lidar com os atuais e futuros desafios do mercado de trabalho, desenvolver novas habilidades será cada vez mais relevante na vida profissional das pessoas. Todos têm de se preocupar com isso permanentemente.", alerta explica o líder de clientes e mercados da PwC Brasil, Fábio Cajazeira.

Para Fábio Cajazeira, cientes dessa realidade, as empresas precisam buscar os meios necessários para viabilizar a qualificação dos seus colaboradores, de modo que estes estejam plenamente capacitados para os novos tempos. "O conceito de Upskilling, com o qual a PwC vem trabalhando atualmente, remete exatamente a isso, a uma cultura contínua de aprendizado e curiosidade". 

A agenda da requalificação


A requalificação está entre as preocupações de 92% dos adultos brasileiros (no mundo, 77% das pessoas se mostraram dispostas a aprender novas habilidades ou passar por uma reciclagem no intuito de melhorar a empregabilidade).


No Brasil, este aprendizado está sendo realizado por conta própria (81%), ou a partir da iniciativa de seus empregadores (20%). Com a chegada das novas tecnologias ao ambiente de trabalho, 97% afirmam aproveitar essa oportunidade para usá-las ou entendê-las melhor.

A preocupação com a requalificação é maior entre as pessoas na faixa de 18 a 34 anos. Dentre os motivos que aumentariam o interesse por um treinamento de habilidades digitais, o principal é o potencial de aumentar os salários (27%), seguido pelo aumento de empregabilidade (24%) e pela possibilidade de incorporar o treinamento ao dia a dia de trabalho, sem comprometer nenhum tempo adicional (18%).

Sobre o tipo de aprendizado, 28% relataram a vontade de se desenvolver, aprender e adaptar-se às novas tecnologias, sejam elas quais forem, além de melhorar seus conhecimentos gerais de negócio. Outros 25% gostariam de ser proficientes em uma tecnologia específica.


Em relação à responsabilidade pela requalificação, 50% acreditam que são os próprios indivíduos os responsáveis por avançar neste processo, enquanto 34% atribuem essa responsabilidade às empresas.

Comparações entre países


A China e a Índia são os países onde os profissionais são mais otimistas em relação ao impacto da tecnologia no mercado de trabalho, mas também são os mais propensos a acreditar que seus empregos passarão por mudanças. Eles afirmam estar obtendo mais oportunidades de qualificação: 97% e 95%, respectivamente.

Por outro lado, profissionais do Reino Unido e da Austrália dizem ter menos oportunidades e tendem a enxergar o impacto da tecnologia de forma menos positiva.

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