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Estado de Minas Mercado de trabalho

Profissionalização pode ser saída para atenuar desemprego entre jovens

Especialista alerta para a importância de cursos para aumentar as chances de ingresso no mercado de trabalho


23/09/2020 14:41 - atualizado 23/09/2020 16:27

Em meio à pandemia do novo coronavírus, conteúdos profissionalizantes on-line ganham espaço(foto: Pixabay/Reprodução)
Em meio à pandemia do novo coronavírus, conteúdos profissionalizantes on-line ganham espaço (foto: Pixabay/Reprodução)
Estudo feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que um em cada seis jovens – entre 18 e 29 anos – no mundo perdeu o emprego durante a pandemia de COVID-19. No entanto, no Brasil, a taxa de desemprego nesse grupo já era alta antes mesmo da proliferação do novo coronavírus e o consequente isolamento social. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a média nacional é de 12,2%, entre quem tem entre 18 e 24 anos ela sobe para 27,1%.  

Para a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG), Eliane Ramos, apesar de essa ser uma problemática de ordem mundial, alguns aspectos podem ser trabalhados individualmente, por meio da profissionalização.

Conforme a especialista, para além do fator pandemia, o despreparo hábil dos jovens tem sido determinante para os altos índices de desemprego. “Os jovens não têm chegado ao ensino superior com habilidades para cursar uma boa faculdade e/ou ingressar no mercado de trabalho", alerta Eliane Ramos.

"Mesmo apresentando desenvolvimento em conteúdos pedagógicos e capacidades técnicas, o aspecto socioemocional (aptidão em tomar decisões e fazer escolhas) não é bem desempenhado. Por isso, é importante que ações que trabalhem o autoconhecimento de talentos e dons profissionais sejam feitas por universidades”, destaca. 

Esse autoconhecimento pode ser crucial para o desenvolvimento profissional. Isso porque é a partir desse hábito que o estudante vai entender quais são seus pontos fortes e fracos, suas habilidades, o que é preciso desenvolver e, ainda, o que lhe faz mais feliz

Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG)(foto: Carmine Furletti/Divulgação)
Eliane Ramos, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Minas Gerais (ABRH-MG) (foto: Carmine Furletti/Divulgação)
“Outra característica super importante é a análise de cenários ou seja, aprender a usar mais da habilidade social para conviver com pessoas diversas. O autoconhecimento e a gestão de si, acrescida da gestão do outro, podem ser bem úteis nessa situação. É preciso que todas as habilidades do jovem sejam trabalhadas, desde sua capacidade de se comunicar até a de trabalhar em grupo”, afirma Eliane Ramos. 

Esses profissionais, ressalta a presidente da ABRH-MG, precisam também estar aptos a se adaptarem e engajarem. Segundo Eliana, as vagas existem, mas faltam técnicos para supri-las: “As pessoas querem ‘pular’ logo para a faculdade e não querem se submeter a um curso técnico. E, muitas vezes, uma pessoa com formação técnica é justamente a ideal para realizar algumas atividades que pagam bem”. 


A solução: curso profissionalizante 


Neste contexto de educação profissional, ganhou forma o curso da Casa dos Quadrinhos. A fim de disponibilizar oportunidades para jovens que desejam atuar no campo das artes visuais e gráficas, a instituição desenvolveu um curso profissionalizante, que teve a primeira turma em 2011.

“Buscamos preparar novos profissionais em Minas Gerais para atuar em diversos subcampos de nossas áreas principais de ensino prático, como animação 3D, quadrinhos e storyboard, criação de personagens e roteiros para as mais diversas mídias, pré-produção de arte para a área de games e cinema, ilustração para o mercado editorial e publicitário e até mesmo preparar e vender suas próprias criações. A ideia é termos profissionais preparados para o mercado crescente de entretenimento e artes visuais e digitais o mais cedo possível”, explica Cristiano Seixas, cofundador da Casa dos Quadrinhos. 

Mesmo com o isolamento social, o curso segue atuante, em formato on-line

E quem pode participar dessa iniciativa? Segundo o cofundador da Casa dos Quadrinhos, qualquer pessoa que esteja cursando o ensino médio ou o tenha concluído: “A grande maioria das nossas disciplinas tem seis meses letivos, o que significa algo em torno de quatro meses seguidos, mas se a pessoa quer fazer o curso técnico profissionalizante é importante se dedicar dois anos ao menos”. 

Cristiano Seixas, cofundador da Casa dos Quadrinhos(foto: Igor Clementino/Divulgação)
Cristiano Seixas, cofundador da Casa dos Quadrinhos (foto: Igor Clementino/Divulgação)
Cristiano Seixas conta que uma nova turma do curso técnico terá início em 5 de outubro – com recesso para as festas de fim de ano (21/12 e 2/1/2021) – e as primeiras aulas de todas as disciplinas dos módulos iniciais são gratuitas. A partir daí, o aluno pode decidir se quer se inscrever no curso completo e negociar as formas de pagamento.  

Para sanar dúvidas e fazer matrícula estão disponíveis os números de telefone (31) 3224-0040 e (31) 98423-8428 e o e-mail contato@casadosquadrinhos.com.br. 

As disciplinas disponíveis na Casa dos Quadrinhos são: ilustração e pintura digital, ilustração e pintura nos suportes tradicionais, mercado de trabalho, montagem de portfólio, roteiro e criação de personagens, elementos de narrativa visual, concept art, 3D, história e fundamentos de animação, história das histórias em quadrinhos, anatomia da figura humana e anatomia aplicada, composição e teoria cromática, desenho de observação, perspectiva, escultura e modelagem tradicional, escultura e modelagem digital, história da arte com foco nos três últimos séculos, quadrinhos e seus estilos e desenho de humor. 

‘Eu faço, eu conto!’ 

 

João Pedro Zanon Amorim, de 24 anos, estudante da Casa dos Quadrinhos(foto: Arquivo pessoal)
João Pedro Zanon Amorim, de 24 anos, estudante da Casa dos Quadrinhos (foto: Arquivo pessoal)
João Pedro Zanon Amorim, de 24 anos, não estava desempregado quando deu início ao curso na Casa dos Quadrinhos, mas, tendo em vista seu sonho e a possibilidade de crescimento profissional, pediu demissão para se dedicar ao curso técnico e se formar como ilustrador, um sonho de infância.  

“Por cinco anos (entre 2014 e 2019), passei por dois cursos diferentes na faculdade, ciências biológicas e psicologia, mas não me senti seguro em nenhum deles e tranquei. Foi quando resolvi ressuscitar um sonho de criança: viver dos meus desenhos. Escolhi, então, a Casa dos Quadrinhos, pois desde os eventos mais antigos da Feira Internacional de Quadrinhos (FIQ) era o estande que mais me interessava e fui amplamente apoiado pela minha família. Foi a melhor decisão.” 

A maior expectativa de João Pedro é aprender cada vez mais, se “armando de conhecimentos variados” para, assim, pode atender às demandas de futuros clientes.

“Estar cursando artes visuais me tirou da categoria de amador para me tornar um profissional, não só em qualidade técnica, mas também na visão do mercado. O serviço que posso oferecer agora está à altura de qualquer requisito das empresas nos mais diversos setores, e olha que eu estou apenas no início da jornada”, diz o jovem. 

Já experiência de Laura Lopes Soares, de 19, estudante do quarto período do curso técnico da Casa dos Quadrinhos, apesar de incialmente diferente, trouxe resultados parecidos com o de João Pedro.

 Laura Lopes Soares, de 19 anos, estudante da Casa dos Quadrinhos(foto: Arquivo pessoal)
Laura Lopes Soares, de 19 anos, estudante da Casa dos Quadrinhos (foto: Arquivo pessoal)
Ela entende que com o conteúdo irá desenvolver seu portfólio e habilidades para o mercado de trabalho: “Sempre gostei de fazer arte, qualquer que fosse, mas não sabia muito bem o caminho a seguir e, muito menos, como conseguir uma profissão nessa área. Assim que terminei o ensino médio procurei um curso que pudesse me ajudar a desenvolver as habilidades artísticas e me inserir no mercado de trabalho. E foi na Casa dos Quadrinhos que encontrei. Lá, tenho experiências e conselhos valiosos que já me fizeram crescer muito como artista e pessoa. O que aprendi fez com que me expressasse melhor através dos meus trabalhos, além de abrir um horizonte de possibilidades para trabalhar com artes”. 

A partir desse aprendizado, Laura já tem até um futuro traçado: ela quer participar de eventos e se inserir no mercado de trabalho por meio de parcerias e indicações: “Pretendo trabalhar com freela, animação, pintura tradicional e digital. Desenvolver projetos independentes e, quem sabe, fazer parcerias com colegas talentosos que tive contato durante o curso”. 


Mais cursos

Além da Casa dos Quadrinhos, o Senac e o Uaitec oferecem cursos técnicos em suas redes. Para mais informações, acesse os respectivos sites oficiais. 

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Kelen Cristina 


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