Final de ano é um período prodigioso para quem está procurando vagas de trabalho, e 2021 será o melhor nesse sentido em quase uma década. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços e Turismo (CNC), a estimativa, divulgada no início de novembro, é de que 94,2 mil pessoas sejam contratadas até o final do ano para ocupar vagas temporárias.
Durante esse período, renovam-se as esperanças de milhões de desempregados brasileiros, pois muitos veem nessas vagas a oportunidade de conseguirem um emprego duradouro. Para isso, além da conjuntura socioeconômica que escapa às forças dos profissionais (as empresas podem simplesmente não conseguir efetivar ninguém), eles precisam demonstrar aptidão e competência para exercerem à função e manifestar esforço a fim de conseguirem se destacar em relação aos concorrentes.
Em seu livro “Seja egoísta com sua carreira - descubra como colocar você em primeiro lugar em sua jornada profissional e alcance seus objetivos pessoais”, recém-publicado pela editora Gente, o executivo de vendas do Facebook, mentor de carreiras e escritor, Luciano Santos, ressalta outra atitude essencial que pode fazer a diferença para quem almeja ser efetivado: declarar as intenções.
Conforme Santos, este conselho vale tanto para quem deseja se firmar no emprego, quanto para aqueles que querem dar passos mais ambiciosos em busca de uma promoção ou de se tornarem líderes de uma equipe. “Uma das confusões que mais vejo acontecer no mundo corporativo, por exemplo, é profissional que acha que a empresa onde trabalha e seus gestores têm que adivinhar o que querem, a que aspiram e o que estão pensando sobre a própria carreira”, diz.
O mentor de carreiras destaca que essa atitude é típica de quem deseja terceirizar a própria carreira, eximindo-se de responsabilidades. “Quando queremos alguma coisa, temos que parar, tomar fôlego profundo e 'gritar' para todo mundo ouvir o que está em nossa cabeça e o que desejamos”, aconselha. Por isso, a grande importância de declarar as intenções. “Trata-se de uma das ferramentas mais eficientes para atingir os objetivos profissionais e é deve-se usar e abusar dela desde o começo da carreira”, afirma.
Especificamente sobre ser efetivado em uma vaga temporária, Santos relembra que durante seus anos de experiência como mentor de carreiras já testemunhou muitos profissionais que simplesmente não se posicionaram por receio de serem mal compreendidos. Isso, segundo ele, mesmo sabendo que a cultura da empresa permitia essa abertura.
“O meu conselho para estes profissionais é demonstrar a intenção o quanto antes. Se não o fizer, outra pessoa pode fazer, um candidato externo pode aparecer, e a oportunidade pode passar por você sem que consiga agarrá-la”, diz.
Santos está ciente de que em um mundo ideal o gestor tomaria iniciativa; teria uma boa conversa com o trabalhador sobre a possibilidade de a vaga ser convertida em efetivada, indicando o que funcionário poderia fazer para ter mais chances de consegui-la, fornecendo o contexto necessário para que tivesse uma noção real de suas chances e dessa forma encontrasse paz de espírito.
“Mas o mundo em que vivemos está longe de ser o ideal. Na maioria das vezes, você precisa declarar suas intenções. Se não o fizer, ninguém fará por você”, afirma.
Mas e se o medo é justificado? E se realmente a empresa tem uma cultura tão fechada e formal que o simples ato de dizer o que se quer, pode ser interpretado de modo negativo? Bom, nesse caso, de acordo com Santos, há maneiras mais sutis de declarar as intenções.
“Um bom jeito, por exemplo, é fazendo cursos e consumindo conteúdos a respeito do assunto”, diz. Sem esquecer, obviamente, de mostrar ao seu gestor que está tomando essas atitudes. “Converse com o seu líder, diga que está fazendo um curso na área em que atua, conte um pouco do que está aprendendo e pergunte a ele sobre sua experiência e se tem alguma indicação de livro ou mesmo sugestão de como explorar o tema”, diz.
Não obstante, para o mentor de carreiras, a melhor estratégia continua sendo expor claramente o que tenciona. “Entendo que para algumas pessoas declarar suas intenções diretamente pode ser apavorante. Ainda assim acho que é a melhor coisa a se fazer", comenta. Para Santos, agindo dessa forma o profissional só tem a ganhar: pode descobrir que está em uma cultura corporativa muito ruim e que não deseja realmente ficar nela ou que estava errado o tempo todo quanto a ter medo de dizer o que quer.
*Estagiária sob supervisão