Jornal Estado de Minas

EMPREGO NO EXTERIOR

EUA vão contratar mais de 300 mil profissionais de saúde em 10 anos

Uma boa notícia para quem sonha em viver nos Estados Unidos, as emissões de green cards, como são chamados os vistos de residência permanente que garantem o direito de morar e trabalhar nos EUA, aumentaram e atingiram o segundo maior patamar da história, com 17.952 novas expedições para brasileiros.



A falta de mão de obra tem tido uma grande importância no avanço desses números. Apenas no primeiro trimestre deste ano, o país tinha 11,5 milhões de vagas de emprego abertas, o maior número já registrado na história.

E a demanda continua crescendo mais do que a disponibilidade de profissionais. No setor da saúde, desde o início da retomada da economia americana, no chamado pós-pandemia, houve um êxodo de trabalhadores do mercado. O movimento é motivado por diferentes fatores, entre elas a busca por salários melhores, o conforto de benefícios para desempregados e um grande número de trabalhadores se aposentando.

Segundo estimativas do próprio governo dos EUA, o país precisa atualmente de mais de 16 mil trabalhadores de cuidado primário (médicos e enfermeiros), 11 mil novos dentistas e 7 mil profissionais da área da saúde mental para acabar com a falta de mão de obra especializada na área. 





Fuga de jalecos

A chamada fuga dos jalecos do Brasil já é uma realidade, muitos profissionais da saúde estão mudando de vida e país, trocando os reais pelos dólares, mas antes é preciso fazer os processos para revalidação do diploma e emissão de visto para trabalho nos EUA.


Leia também:  Fuga de jalecos: profissionais da saúde trocam Brasil pelos EUA.

“Temos uma demanda de vagas, existe uma necessidade de mão de obra e, profissionais brasileiros cada vez mais capacitados, por isso a chamada fuga de jalecos, de profissionais da saúde que estão buscando essa nova vida nos Estados Unidos. Atualmente são muitos médicos, enfermeiros, dentistas e fisioterapeutas que esperam encontrar mais reconhecimento e melhor qualidade de vida”, explica o advogado Leonardo Leão, fundador e CEO/consultor de imigração e negócios internacionais da Leão Group.


Mas não basta arrumar as malas e partir


Parece simples, eles precisam de profissionais e o médico, fisioterapeuta, profissional de enfermagem ou dentista está aqui, pronto para arrumar as malas e voar para uma nova vida na terra do Tio Sam... Não é tão simples assim, alerta Leão.





“Todas as etapas devem ser respeitadas antes de uma mudança para os EUA. As autoridades americanas são pragmáticas e eficientes. Se você cumprir a lei e fizer todo o processo de visto de forma correta,  conseguirá sua permissão para atuar nos UA”, explica Leão, que há mais de 15 anos trabalha com migração para os Estados Unidos.

Ainda sobre a falta de mão de obra na saúde, Leão lembra que não é uma exclusividade apenas para esses profissionais, que outras áreas, como tecnologia, engenharia, entre outras também estão carentes de profissionais qualificados.


Os vistos permanentes

 
Os vistos permanentes para os EUA, são divididos em EB-1, EB-2, e EB-2 NIW. Cada categoria traz diferentes exigências, mas todas esperam que o imigrante comprove interesse e condições de contribuir com alguma demanda da sociedade americana.



Para profissionais brasileiros, as categorias EB-2 e EB-2 NIW são as que trazem melhores oportunidades, pois visam justamente suprir carências no mercado de trabalho americano. É o visto que permite ao estrangeiro com uma carreira sólida adquira um trabalho nos EUA e possa viver com sua família no país.

“É importante salientar que não é preciso ser milionário ou um gênio para conseguir um visto de trabalho nos EUA. O tipo EB-2 são para pessoas focadas, o cidadão comum, aquele que quer trabalhar, contribuir com a sociedade americana. Existe hoje uma preocupação das autoridades dos EUA em acelerar a ida desses profissionais. Os  americanos precisam, mas é sempre bom lembrar, que é necessário cumprir todos os requisitos para obter o green card”, alerta o especialista.

Apenas na área da saúde, informa a Associação Americana de Hospitais, os EUA ainda vão enfrentar uma escassez de 124.000 médicos até 2033 e precisarão contratar pelo menos 200.000 novos enfermeiros anualmente para atender ao aumento da demanda e substituir os profissionais que vão se aposentar.



Além disso, de acordo com a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas, serão gerados, em média, cerca de 5.000 vagas para dentistas e 15.600 para fisioterapeutas a cada ano, em média, ao longo da próxima década.

No Brasil, ciência sucateada


Leonardo Leão destaca que, no Brasil, a pandemia trouxe a dura realidade do quanto o país precisa do profissional de saúde. "A COVID-19 nos mostrou que somos dependentes desses profissionais e isso não foi diferente em outros países, como os Estados Unidos e acaba refletindo em números. Temos uma grande procura por formação em diferentes cursos relacionados a saúde no Brasil", comenta.

"Uma pesquisa divulgada no primeiro trimestre deste ano, feita pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), a partir dos dados do último Censo de Educação Superior, existe um crescimento, principalmente dentro da modalidade EAD. Apenas durante os 12 primeiros meses de pandemia – a procura foi 78% maior em comparação com o ano anterior. Ao todo, 78.527 novos alunos ingressaram durante o período, totalizando 100.863 estudantes da saúde."



Nos EUA, também cresceu a demanda pelos profissionais da saúde e com salários mais atraentes, muitos brasileirios têm trocado de país. "Os EUA encerraram o mês de março com 11,5 milhões de vagas de emprego abertas, (em diferentes áreas, não só na saúde) o maior número já registrado na história do país. E a demanda continua crescendo mais do que a disponibilidade de profissionais. Na área da saúde, o governo americano estima que o país precisa atualmente de mais de 16 mil trabalhadores de cuidado primário (médicos e enfermeiros), 11 mil novos dentistas e 7 mil profissionais da área da saúde mental para acabar com a falta de mão de obra especializada". 

Decisão por deixar o Brasil

 
Leonardo Leão conta que, quando um profissional decide ter uma nova vida nos EUA, quando tudo é feito dentro da lei, obedecendo todas as regras e com a ajuda de profissionais especializados no assunto, as perspectivas são as melhores possíveis. "Existe um grande interesse do governo americano em contar com esses profissionais, se seguir todas as regras, o profissional brasileiro de saúde conseguirá o seu visto e poderá mudar devida, mas sempre seguindo todas as regras."
 
Para o advogado, ao migrar para os EUA, o que se leva em conta, no caso específico da saúde, é a necessidade dos EUA em ter profissionais da área: "Literalmente falta mão de obra por lá, os profissionais que se formam não estão dando conta do mercado, por isso, essa busca por profissionais em outros países e isso acaba refletindo no Brasil. O que acabou chamando a atenção, a chamada “fuga dos jalecos”, já que por lá, esses profissionais acabam recebendo melhores condições de trabalho, salário e consequentemente uma melhora em sua qualidade de vida."





Para aprovação no exterior, não há um perfil determinado. COnforme Leonardo Leão, cada caso é um caso: "Existem modalidades em que o curso de revalidação nos EUA demora um pouco mais, isso acaba fugindo da nossa especialidade. O que é importante lembrar é que existe uma modalidade de passaporte que é o EB-2 NIW, que é um green card direcionado para profissionais que são considerados de "interesse nacional" para os EUA. São profissionais que podem ocupar vagas que beneficiam a economia, o sistema educacional ou de saúde ou algum outro aspecto dos EUA. Esses profissionais não precisam de uma oferta de trabalho vindo de lá para obter o green card e muitas vezes pode tornar o processo imigratório mais rápido."

Qualificação dos profissionais brasileiros


Leonardo Leão destaca que todo profissional bem qualificado e preparado é candidato em potencial: "Eles têm seus mecanismos próprios para revalidar diplomas e avaliar os profissionais. Tradicionalmente, nossas escolas que formam profissionais de saúde são bem-conceituadas no exterior. Por isso, temos muitos médicos, enfermeiros, dentistas e fisioterapeutas que esperam encontrar mais reconhecimento nos EUA".