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Estado de Minas Inteligência artificial

Deepfake: conheça a perigosa tecnologia que está mudando a sociedade

Deepfake faz referência ao uso de sistemas de inteligência artificial para criar conteúdos que imitam realisticamente pessoas reais


01/06/2023 17:21
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Deepfake é o uso de sistemas de inteligência artificial para criar conteúdos extremamente realistas de pessoas reais
Deepfake é o uso de sistemas de inteligência artificial para criar áudios, vídeos e imagens extremamente realistas de pessoas reais (foto: Pixabay)

 
O cotidiano de uma pessoa comum em 2023 poderia ser considerado um absurdo da ficção científica há apenas algumas décadas: computadores superpoderosos controlados pelo toque dos dedos e que cabem em nossos bolsos, comunicação imediata com o mundo inteiro, câmeras de alta resolução portáteis, sistemas de navegação por satélite, transmissão sem fio de músicas e vídeos, entre tantas outras conveniências que consideramos triviais. 

É justo dizer que todas essas grandes evoluções tecnológicas trouxeram grandes consequências para o funcionamento da sociedade moderna, e eventos como a pandemia de COVID-19 ressaltaram o papel crítico do mundo digital em nossa sobrevivência. É válido dizer que uma vez que a tecnologia é criada e disponibilizada, não há como voltar atrás - por bem ou por mal, apenas podemos nos adaptar à convivência com suas consequências. É esta percepção que preocupa especialistas em 2023, pois a chegada dos deepfakes mudará completamente aspectos profundos de nossa vida cotidiana. Confira. 

O que é deepfake? 


O conjunto de tecnologias apelidado de deepfake faz referência ao uso de sistemas de inteligência artificial para criar imagens, áudios e vídeos extremamente realistas de pessoas reais, utilizando seu rosto, expressões e voz, mas em qualquer situação, contexto ou posição imaginado. Um exemplo cada vez mais comum do uso desses sistemas é encontrado na indústria cinematográfica, a série The Mandalorian, por exemplo, possui cenas com o personagem Luke Skywalker jovem - mesmo que o ator Mark Hamill já tenha 71 anos. Isso é possível pois o computador foi capaz de reconstruir o rosto do ator na cena como se fosse gravada no mundo real. 

Há também aplicativos para celular como o FaceApp, que permite que usuários comuns se divirtam conhecendo os deepfakes: é possível enviar uma foto sua ou de um amigo e inserir seu rosto em vídeos famosos do cinema, clipes de dança, cantores e outras cenas engraçadas. Apesar do uso prático nas produções de Hollywood e da diversão em aplicativos de smartphone, os deepfakes possuem um lado mais tenebroso e perigoso, e podem até mesmo transformar nossas próprias memórias, alerta a ExpressVPN

Manipulação eleitoral e notícias falsas


A possibilidade de criar uma representação realista do rosto de qualquer pessoa em qualquer contexto abriu as portas para diversos tipos de debates éticos, e em 2023, algoritmos de inteligência artificial são poderosos e eficientes o bastante para serem executados em qualquer computador - fora do ambiente restrito dos grandes centros de pesquisa e desenvolvimento.
Há algumas semanas, a internet comentava sobre a foto viral do Papa Francisco vestindo uma roupa extravagante e luxuosa - muitos debatendo se o traje seria apropriado ao Papa. No entanto, a imagem era uma deepfake criada por uma pessoa comum que estava testando suas habilidades - para uma pessoa qualquer, era quase impossível perceber que se tratava de algo falso. 

Embora a roupa do Papa não traga grandes consequências, as notícias que são lidas e compartilhadas diariamente possuem o potencial de alterar a forma como entendemos o mundo, nossas decisões políticas, e as lembranças que construímos sobre o passado.

Jornalistas apontaram que em grupos de redes sociais como o WhatsApp, Facebook e Telegram, vídeos falsos já circulam como notícias reais para tentar modificar o resultado das eleições de 2024 nos Estados Unidos - há vídeos de Hillary Clinton apoiando opositores, Joe Biden proferindo afirmações grotescas, Donald Trump em situações embaraçosas, e diversas outras personalidades da política dos Estados Unidos pegas em áudios ou vídeos comprometedores - no entanto, é tudo falso e criado meticulosamente para convencer um grupo específico a alterar seus votos ou, a longo prazo, acreditar mais facilmente em narrativas mentirosas.  

É possível imaginar, por exemplo, o estrago que um áudio falso admitindo um crime perverso poderia causar se liberado na noite anterior ao dia de votação - antes que o candidato tenha tempo de comprovar sua inocência. 
 

Conteúdo adulto involuntário 


Um fenômeno crescente e preocupante é a geração de conteúdo adulto involuntário através dos deepfakes, isto é, utilizar o rosto de pessoas em conteúdo explícito sem sua autorização, seja para chantagem, publicação e divulgação na internet ou erotização.  Aplicativos automáticos compartilhados em sites como o Reddit e 4Chan são capazes de receber uma foto de qualquer pessoa e imediatamente gerar diversas imagens adultas com seu rosto e tipo corporal, com alto grau de detalhamento. 

Websites dedicados a venda de imagens adultas falsas de celebridades estão cada vez mais comuns, e atrizes como Kristen Bell e Emma Watson já se pronunciaram sobre seu profundo descontentamento com a produção e exibição deste tipo de conteúdo utilizando suas imagens. 

O problema é grave e ainda não há uma solução definitiva. Algumas plataformas online bloqueiam qualquer conteúdo suspeito de ser gerado por computador e permitem que usuários abram denúncias para pedir a remoção de conteúdo adulto involuntário. Em alguns países como o Brasil, juristas defendem a interpretação de que as leis que proíbem o vazamento não autorizado de fotos íntimas também possam ser aplicadas às fotos falsas geradas pelo computador, já que as consequências para as vítimas podem ser as mesmas. Ainda assim, especialistas pedem pela rápida elaboração de leis e regulamentos específicos para esse tipo de situação, já que a tecnologia que permite sua criação está cada vez mais acessível. 

 

Futuro tecnológico


Embora diversos exemplos de seu uso para fins ilegais ou mal intencionados assustem o público, este tipo de tecnologia de imagem pode possibilitar uma série de avanços positivos: é possível criar filmes onde a boca dos atores se adapta em tempo real à dublagem para outros idiomas, elaborar plataformas interativas com personagens virtuais, recriar eventos históricos, e até mesmo ajudar pessoas com problemas motores. 

A tecnologia de deepfake já está popularizada e acessível o suficiente para não ser possível voltar atrás e removê-la da internet, assim, é importante que todos se familiarizem com sua existência e que novos debates tentem avançar a educação a seu respeito, além de sua regularização e controle legal. 

Em 2023, é especialmente importante se atentar para a verificação de fatos antes de compartilhar alguma mensagem ou notícia - mesmo que um áudio, foto ou vídeo prometam fornecer evidências daquilo que está sendo afirmado. Por sorte, ainda é possível identificar pequenos erros em detalhes que desmascaram as imagens falsas, mas no futuro, essa tarefa poderá ser mais difícil, aumentando a importância do papel do jornalismo confiável. 


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