Brasília – Cento e trinta anos se passaram desde a abolição da escravidão e continua a haver no Brasil relações raciais desequilibradas, com negros condenados à exclusão social. Depois da libertação, poucas medidas para inserir a população negra na sociedade foram implementadas. Logo, essa parcela da população ficou condenada a uma realidade socioeconômica que perpetuou a escravidão com uma roupagem diferente: a desigualdade social. A abolição da escravidão, no entanto, foi o desfecho de um processo longo. Antes da promulgação da Lei Áurea, no domingo de 13 de maio de 1888, outras três normas começaram a dificultar e a encarecer a manutenção do trabalho escravo no país.
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A Comissão Pastoral da Terra, de acordo com Xavier Plassat, chega aos números com base nos resultados oficiais do Ministério do Trabalho, do Ministério Público Federal e de resgates realizados pela CPT e por outras organizações de ativismo. O governo, por sua vez, só notifica as operações que foram realizadas com um auditor de fiscalização oficial. Para Plassat, o trabalho escravo contemporâneo não ocorre por acaso, mas como o resultado de uma discriminação histórica estrutural.
PREVENÇÃO Questionado sobre a falta de campanhas de conscientização sobre o trabalho escravo contemporâneo, Plassat ressalta que faltam recursos financeiros para investir nessas ações, por causa de cortes no orçamento. “Houve um tempo que tentavam fazer a prevenção, mas não adianta. O problema central é a vulnerabilidade da classe, que não tem acesso à qualificação, à educação e à liberdade profissional para ter autonomia e entender o que vai topar fazer.”
O combate ao trabalho escravo é feito por grupos móveis desde 1995, quando o Brasil assumiu a existência dessa exploração. Contudo, o número de fiscais é o menor em 20 anos. Atualmente, 2.350 fazem o combate.
A igualdade racial no mercado de trabalho ainda é subdesenvolvida no país. “A inserção, a preparação e a ascensão do negro é excludente e exercitada todos os dias. Nossa função é monitorar e exigir oportunidades iguais. Isso deve fazer parte do projeto de governo para o país. Tratar o negro como minoria é uma violência”, critica Jacira da Silva, militante do Movimento Unificado Negro..