Fim do e-Sedex pode ser oportunidade de negócio para aplicativos de entrega
Em 1º de janeiro de 2017, será desativado o serviço dos Correios para o comércio eletrônico e um dos impactos previstos é o aumento de até 30% nos fretes para compras online
postado em 07/12/2016 17:08
Considerado um dos incentivadores para o crescimento das encomendas no varejo online, o serviço e-Sedex dos Correios, criado há 16 anos, chega ao fim a partir do dia 1º de janeiro, de 2017. Embora o impacto da mudança possa trazer o encarecimento no valor dos fretes em até 30% para os consumidores, empresas alternativas de entrega enxergam novas oportunidades de negócio.
“Recebemos essa notícia com muita apreensão por ser uma mudança ruim para o mercado. O e-Sedex é um serviço muito usado pelas pequenas e médias empresas”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador. Para a entidade, em 2017, é possível que os preços dos fretes dos produtos online subam em até 30%.
Quando surgiu no mercado, em 2000, o e-Sedex foi considerada uma iniciativa nobre dos Correios por incentivar o mercado de vendas online. “O empresário desse ramo aproveitava a logística e a qualidade das entregas por Sedex com preços mais baixos”, comenta Salvador. Para ele, neste momento em que o e-commerce cresce muito no país, o fim do serviço é preocupante.
Por outro lado, ele reconhece que o e-Sedex não representa 100% das entregas das lojas online no Brasil. “Ele só alcançava as capitais e os grandes centros urbanos.” A entidade aconselha os empresários do ramo a buscarem alternativas. “O nível do trabalho dos Correios caiu muito, principalmente, diante das greves dos funcionários e aumento nos valores das tabelas de fretes”, analisa.
OPORTUNIDADES
É nesse cenário que o fim do e-Sedex pode ser uma oportunidade, principalmente, para as empresas que buscaram na inovação uma nova forma de fazer entregas. É o caso, por exemplo, da Shippify, que está desde 2015 atuando em Belo Horizonte com um serviço de entrega colaborativa de mercadorias e documentos.
Por meio do aplicativo da Shippify, ciclistas, motoqueiros, taxistas, motoristas ou quaisquer proprietário de veículos podem fazer entregas em poucas horas. Atualmente, já são cerca de 1,5 mil pessoas em BH que fazem esse tipo de trabalho sem vínculo empregatício.
“Com o fim do e-Sedex, muitas lojas com comércio virtual estão nos procurando”, diz, otimista, o gerente de relacionamento da Shippify, Lucas Grossi. Segundo ele, a empresa já possui 15 mil colaboradores em toda América Latinha e, neste mês de dezembro e com o fim do serviço dos Correios, eles pretendem crescer mais.
O Eu Entrego, aplicativo de entregas de São Paulo e com atuação em BH, espera um aumento de até 20% na demanda por entregas. De acordo com o proprietário da empresa, João Paulo Camargo, trata-se de uma janela de oportunidades para esse tipo de negócio. Ele explica que o Eu Entrego, que atua também com a ideia de economia colaborativa, pretende “surfar nesta onda”.
“Com o fim do serviço pelos Correios, as empresas online vão ficar na mão e seremos uma alternativa.” Com o aplicativo, as lojas optam por quanto querem pagar pela entrega. “Além de mais barato, entregamos no mesmo dia. Em todo o Brasil, por dia, fazemos cerca de 100 entregas”, diz Camargo.
CORREIOS
Por meio de nota enviada ao Big Ideia, os Correios informaram ser parceiros do comércio eletrônico e possuir soluções de entrega conhecidas por vendedores e compradores, tais como o Sedex, Pac Logística Reversa e Correios Log.
“Atualmente, todos os serviços de encomendas dos Correios são utilizados pelo e-commerce para o envio de produtos a todas as localidades do país. Para manter a capacidade dessa oferta, o serviço e-SEDEX será descontinuado a partir de 1º de janeiro, porém, os Correios continuam a oferecer um conjunto de soluções que atendem às necessidades de entrega dos produtos vendidos via web, incluindo ferramentas tecnológicas para integração de sistemas, preparação e gestão das postagens”, diz o texto.
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