A juíza do Tribunal do Júri de Contagem, Marixa Rodrigues, acredita que o plano para matá-la é verdadeiro. Nessa segunda-feira, a magistrada remeteu ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) denúncia protocolada pelo assistente de acusação José Arteiro Cavalcante, que será avaliada pelo Centro de Segurança Institucional (Cesi) do órgão. Em 20 de abril, um dia depois de o documento ter sido entregue ao Fórum de Contagem por Cavalcante, o detento Jailson Alves de Oliveira, autor das revelações, e o companheiro de cela Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como arquiteto do plano, foram transferidos de presídio. Ambos foram levados para a Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH, e colocados em espaços diferentes.
Além de Marixa Rodrigues, o chefe do Departamento de Investigações, delegado Edson Moreira, constaria na suposta lista de alvos de Bola, acusado de ter assassinado e ocultado o cadáver de Eliza Samudio, a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. "Acredito em tudo", declara o policial. Moreira acrescenta que as informações corroboram o que está presente nos autos do processo.
De acordo com Jaílson Oliveira, Bola também teria confessado que queimou o corpo da mulher e jogou as cinzas na Lagoa do Nado, no Bairro Itapuã, na Região da Pampulha. A polícia fez buscas no local depois de ter identificado chamadas telefônicas feitas do celular do acusado a partir do local, mas, à época, nada encontrou.
Outro que estaria na mira de Bola é o próprio José Arteiro Cavalcante. O assistente de acusação diz não estar intimidado. "Eu estou esperando virem me pegar", desafia. O presidiário contou que Bola planejaria a morte de outras pessoas que estariam atrapalhando sua vida, mas que só revelaria os demais nomes na presença de um juiz. O suposto plano de Bola seria executado por traficantes cariocas, liderados por um homem chamado Nem.
O advogado do réu, Zanone de Oliveira, considerou as denúncias "levianas". Para o defensor, tudo não passa de uma tática da acusação para manter o caso em evidência. "É tudo invenção para que a causa não caia no anonimato. Quem falou foi um latrocida, é um absurdo, não tenho palavras para rechaçar", comenta Oliveira. O criminalista garante que, desde que atua no caso, nunca presenciou qualquer tipo de rancor por parte de Bola, "principalmente contra a magistrada", ressalta.
Sobre a transferência de Bola e Jaílson Oliveira, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) disse se tratar de um procedimento normal, ligado ao remanejamento de vagas, e que não tem relação com a denúncia. As revelações foram feitas em 18 de abril, quando José Arteiro, depois de procurado pela mulher de Jaílson, foi à penitenciária para conversar com o detento.