Responsável pelo indiciamento do goleiro Bruno Fernandes e mais oito pessoas pelo assassinato da ex-amante do atleta, Eliza Samudio, de 25 anos, o delegado Edson Moreira afirmou nesta terça-feira que já esperava que a defesa do ex-jogador do Flamengo tentasse responsabilizar seu braço-direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", pelo crime. Para o delegado, porém, a mudança na estratégia da defesa, que até então negava a morte devido ao fato de o corpo de Eliza não ter sido encontrado, não altera o andamento do caso.
"Na instrução criminal, percebi que o Macarrão podia assumir o crime porque foi o único que nunca deu declarações. (Mas) o Bruno é o mandante e não tem jeito de tirar isso de cima dele", declarou o policial, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) da Polícia Civil mineira. "É uma estratégia de defesa. Estão tentando tirar (Bruno) do homicídio triplamente qualificado para ele responder só pelo sequestro e cárcere privado", acrescentou.
No entanto, em dezembro de 2011, outro advogado que defendeu Bruno, Cláudio Dalledone Júnior, deixou o caso afirmando que o argumento de que Eliza não foi morta é "retórico" e "infantil". Um mês antes de renunciar à defesa de Bruno, Dalledone acompanhou julgamento do ex-cabo da Polícia Militar Edivaldo Sales Simplício e de sua ex-mulher Geralda da Silva Sales Simplício no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Eles foram condenados a 15 e 14 anos de prisão, respectivamente, pelo assassinato da amante de Edivaldo, a secretária Viviane Andrade Brandão Camargos, em 2002, apesar de o corpo dela nunca ter sido encontrado.
O próprio Edson Moreira foi responsável pelas investigações e indiciamento do casal. "Ele (Dalledone) e a Ingrid estavam no julgamento. Logo depois deixou a defesa do Bruno", disse o delegado. Ingrid Calheiros é a dentista que está noiva do goleiro. "Viram que o Bruno vai ser condenado e mudaram a defesa. A tendência é Macarrão assumir e aí o amigo (Bruno) segura as pontas", avaliou Moreira.