Uma das principais testemunhas do sequestro, cárcere privado e morte de Eliza Samudio está de volta às ruas e sob proteção do Sistema Nacional de Assistência a Vítimas e Testemunhas. Jorge Rosa Sales, hoje com 19 anos, é primo do goleiro Bruno Fernandes e teria participado de todo o crime, desde quando Eliza foi trazida do Rio de Janeiro para Minas Gerais. Ele deixou o Centro Socioeducativo onde cumpria medida disciplinar por atos infracionais análogos aos crimes de homicídio triplamente qualificado e a sequestro e cárcere privado.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou que Jorge terminou de cumprir a punição e ganhou liberdade na última semana. No entanto, o órgão não pode informar o dia em que ele deixou o Centro, para garantir a sua segurança.
A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), responsável pela administração dos Centros Socioeducativos, garantiu que o jovem já se encontra sob proteção especial do estado. A medida protetiva foi solicitada pelo advogado de Jorge, Eliézer Jônatas de Almeida Lima. Segundo o defensor, embora não tema queima de arquivo, é prudente que Jorge tenha sua integridade preservada.
O primo do goleiro era adolescente quando Eliza Samudio desapareceu. A participação do garoto no crime foi denunciada à polícia por um tio, que teria ouvido os relatos dele sobre o caso. Jorge contou que ele e Luiz Henrique Romão, o Macarrão, trouxeram Eliza do Rio de Janeiro.
Nos depoimentos que prestou à polícia e à Justiça, Jorge admitiu ter agredido Eliza dentro do carro com coronhadas na cabeça e que também foi ferido por ela durante uma discussão. Vestígios de sangue de ambos foram identificados no estofado do carro. Jorge também testemunhou os momentos finais da ex-modelo. Ele afirmou que viu o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, arremessar pedaços do corpo da vítima para cachorros.
O outro primo de Bruno considerado testemunha-chave do caso foi assassinado a tiros em agosto deste ano. Sérgio Rosa Sales, que aguardava julgamento em liberdade, foi executado próximo à casa onde morava, no Bairro Minaslândia, na capital. Segundo a polícia, ele foi vítima de um crime passional, sendo morto por um homem cuja mulher teria sido assediada por Sérgio.
Permanecem presos aguardando julgamento pelo sumiço e morte de Eliza o goleiro Bruno, o amigo dele Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Os três respondem por sequestro e cárcere privado (pena de 1 a 3 anos), homicídio qualificado ( 12 a 30 anos) e ocultação de cadáver (1 a 3 anos). Bola ainda é acusado de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Em liberdade, aguardam julgamento a ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, que responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do bebê. Dayanne dos Santos, ex-mulher do jogador, Wemerson Marques de Souza, que era motorista de Bruno, e o caseiro do sítio do jogador, Elenilson Vitor da Silva. Todos respondem pelo sequestro e cárcere privado da criança.