O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi absolvido pela morte do carcereiro Rogério Martins Novelo, ocorrida em maio de 2000. Dos sete jurados, quatro votaram pela absolvição, dois pela condenação e um se absteve. Enquanto os advogados de defesa comemoraram, o promotor Henry Wagner Vasconcelos afirmou que vai recorrer da sentença.
O júri começou nesta quarta-feira com cerca de 40 minutos de atraso. Vasconcelos falou sobre a trajetória de crimes que teriam o envolvimento do ex-policial e leu o depoimento da irmã da vítima, que testemunhou o assassinato. Ele mostrou aos jurados a reconstituição do crime e o retrato falado do autor.
Porém, os advogados de defesa conseguiram convencer o júri. Eles insistiram na tese de que Bola, como ex-policial, tem conhecimentos suficientes para saber que uma arma com este calibre tem pouca precisão e escolheria uma arma 40 ou 380. Isso porque, no dia do crime, a vítima estava dentro de uma Kombi quando foi abordada pelo suspeito. O homem chegou a cerca de um metro do veículo e disparou três vezes. Um tiro acertou o vidro do carro dois atingiram o carcereiro, que chegou a perseguir o bandido.
Para a defesa, se ele foi contratado para matar, atiraria na cabeça, e com possibilidade mínima de errar o alvo, dada a sua habilidade. Os defensores também afirmaram que o retrato falado feito por uma testemunhas do crime, de que o suspeito era magro, moreno e de 1,80, não batia com as características de Marcos Aparecido.
Após os debates entre defesa e acusação, o júri se reuniu para dar a sentença. Às 17h, Bola foi chamado de volta. O ex-policial chorou muito e rezava enquanto ouvia as falas da juíza. Quando ouviu que estava livre das acusações, Marcos Aparecido comemorou junto com os advogados, que se abraçaram.
A família de Bola também ficou aliviada com a decisão. “Sempre acreditei na inocência do meu pai porque conheço a índole dele”, disse Mídian Kely dos Santos. “Sinto só felicidade neste momento”, comemorou Diego, filho do ex-policial.
Os advogados de defesa afirmaram que desde o início estavam confiantes do absolvição. “A promotoria não tinha provas suficientes contra o réu. A promotoria estava acusando sem prova. Usaram mais o caso da Eliza para tentar condenar o réu do que o caso Rogério”, afirmou Ércio Quaresma.
O promotor Henry Vasconcelos pretende recorrer da decisão. “Devo recorrer nos próximos cinco dias tenho convicção das provas. Não sei porque perdi o caso, pois isso está no inconsciente dos jurados. No meu conhecimento tenho a convicção das provas e acredito que a decisão dos jurados foi contrária as provas dos autos no que diz respeito a autoria do crime”, explicou.
Entenda o caso
Bola era acusado da morte de Rogério Martins Novelo, em maio de 2000, no Bairro São Joaquim. Bola foi reconhecido pela irmã da vítima, que testemunhou o crime, depois que a imagem dele foi veiculada em diversas emissoras de TV e em jornais pelo suposto envolvimento no assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno.
Segundo denúncia do Ministério Público (MP), Bola teria atirado contra a vítima, que estava dentro de um veículo em frente ao estabelecimento comercial onde trabalhava. Para o MP, o crime teria sido encomendado, já que os envolvidos não se conheciam. Dados do processo revelam que o réu teria espreitado o local de trabalho de Rogério, na tentativa de identificá-lo.