No dia em que o promotor Henry Wagner Vasconcelos cozinhou Macarrão, a trupe da imprensa sofreu uma baixa assustadora. Caiu de 957.780 jornalistas para 957.778. Faltaram dois. Comportamento estranho esse da imprensa. Deixar sua tropa sofrer duas baixas exatamente na hora de saborear o prato da acusação. Henry Wagner, como bom nordestino, caprichou na receita. Botou um bom punhado de erva daninha, mostarda, caldo concentrado de jiló, pimenta de bode, de cheiro, mexicana, asiática, peruana, jalapeña, malagueta e a nativa pimenta-de-passarinho para homenagear a massacrada mata atlântica. Enquanto preparava o molho, Macarrão fervia em fogo alto.
Como em exigentes receitas de molho alguma coisa respinga fora do fogão, ao pegar o sal Henry Wagner deixou cair um punhadinho no colo da OAB-MG.
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O julgamento derrubou um mito. Aquela coisa de “vou peitar”, “vou botar peito” não é atestado de coragem. A “Fernanda dos peitão”, assim qualificada pela testemunha Marcos Vinícius Clarindo, pediu para deixar a cadeira dos réus (não é banco, gente) durante a acusação. Viram, caras senhoras e afins, silicone não é tudo na vida.
A lona imaginária vai deixar saudade. Havia gravadores tão viciados, mas tão viciados, que saíam correndo sozinhos atrás de advogados, juízes, promotores e parentes dos réus. Zanone Manuel, advogado de Bola, apareceu para se despedir e contou a um microfone independente que o prédio do fórum de Contagem já abrigou um sacolão. Daí a facilidade que Henry Wagner teve para conseguir condimentos imaginários e temperar Macarrão antes de servi-lo aos jurados.
A decisão da juíza de mandar congelar Macarrão foi o sinal para o desligamento das luzes da lona imaginária.