Escolhida por Eliza Samudio, que estava grávida de Bruninho, para ser madrinha do bebê, a amiga que a acolheu em Santos (SP) diz que a escondeu dele porque a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes tinha medo e recebia ameaças. A cinco dias do julgamento do atleta, marcado para segunda-feira, um inquérito sigiloso da Polícia Civil de BH, instaurado a pedido do Ministério Público, trabalha com a informação de que Eliza chegou a ser alvo de tocaia do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, na cidade paulista, quando vivia com a amiga e os pais dela, dois meses antes de ser morta, em abril de 2010. Como o Estado de Minas informou ontem, a nova investigação envolve também o policial aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, e o policial civil Gilson Costa, ambos ligados a Bola. O EM teve acesso ao documento por fontes extraoficiais e, ontem, no último dia de juntada de peças no processo, a defesa do goleiro anexou o inquérido aos autos.
“Vários jogadores do Flamengo e pessoas que trabalhavam para o Bruno procuravam a Eliza para saber onde ela estava, até por e-mails e mensagens de MSN. Pediam o endereço com a desculpa de que mandariam presentes para o Bruninho, mas queriam vir atrás dela. Lembro de uma madrugada em que acordamos com o Bruno aos gritos pelo rádio, que estava no viva voz. Foi logo depois que ela entrou com o processo de paternidade e as coisas pioraram. Ele dizia com todas as palavras que iria matá-la”, afirma a amiga, que pediu para não ter o nome divulgado.
Segundo a amiga, Eliza andava assustada. “Ela demonstrava ter medo, embora gostasse do Bruno e acreditasse que ele ia assumir o bebê. Ela ficou lá em casa até Bruninho nascer e sabia que não ia ficar com o pai dele, até porque Bruno tinha várias namoradas. Até a Dayanne (Rodrigues, ex-mulher do goleiro) ligou para ela dizendo que ele não prestava”, conta. “Mas ele tentava se aproximar, mandava dinheiro e queria que ela fosse para o Rio. Era o Macarrão quem fazia a maioria dos contatos e Eliza morria de medo dele porque ele bateu nela, quando tentaram fazer com que ela abortasse”.
INVESTIGAÇÃO Ontem, o chefe do Departamento Investigação de Homicídios e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte, delegado Wagner Pinto, confirmou a investigação: “Após a conclusão das investigações, houve solicitação da Corregedoria Geral de Polícia e do Ministério Público para uma investigação complementar, para verificar a eventual participação de outros indivíduos”.
O policial civil Gilson Costa trabalhou com Bola no extinto Grupamento de Respostas Especiais (GRE) e é corréu em outro processo que apura o desaparecimento, tortura e morte de duas pessoas dentro do centro de treinamento do GRE, em Esmeraldas. Segundo o relatório assinado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos enviado à juíza Marixa Rodrigues, em que ele pedia a quebra dos sigilos bancários e telefônicos dos envolvidos, os suspeitos mantiveram “inúmeros contatos telefônicos” durante o período em que Eliza esteve em Minas. O promotor alegou que se trata de investigação sigilosa e não quis comentar o caso. O TJ informou que a juíza vai analisar em plenário se vai ler aos jurados o procedimento cautelar sigiloso, caso haja pedido de alguma das parte.
Ontem, o advogado de Bola, Fernando Magalhães, impetrou no Tribunal de Justiça um pedido de amplo acesso ao processo, com a revogação da decisão da juíza de que a defesa de Bola não poderá fazer perguntas aos réus e às testemunhas do julgamento de Bruno e Dayanne. A advogada Carla Silene, que representa Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada de Bruno condenada em novembro a cinco anos em regime aberto, quando Macarrão também foi condenado, fez o mesmo pedido à juíza, mas foi indeferido. A advogada poderá fazer perguntas somente aos réus. Em outra votação, o TJ adiou para quarta-feira a análise de habeas corpus para que Bruno permaneça em prisão domiciliar. Os advogados dele juntaram um pré-contrato que mostra o interesse do Boa Esporte no passe do goleiro.