Condenado a 22 anos e três meses de prisão, sem direito a recurso em liberdade, o goleiro Bruno Fernandes de Souza pode passar ao regime semiaberto em pelo menos cinco anos. Nesta situação, o preso tem autorização para trabalhar ou estudar durante o dia, retornando à unidade prisional à noite. Tanto por parte da defesa quanto da acusação, os cálculos divergem.
De acordo com o advogado do atleta, Lúcio Adolfo Silva, para alcançar a progressão, Bruno teria que cumprir 2/5 da pena de 17 anos e seis meses em regime fechado, pena pelo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, asfixia e sem chance de defesa para a vítima -, o equivalente a sete anos de prisão. Como o goleiro está preso há dois anos e nove meses, esse tempo seria reduzido em pelo menos três anos e meio. Durante esse período, Bruno esteve trabalhando na penitenciária. A cada três dias trabalhados, ele tem um descontado na pena. Com pelo menos mais um ano de trabalho, Bruno poderia passar para o semiaberto em 2015.
Ouça a dosimetria da pena feita durante a leitura da sentença de Bruno pela juíza Marixa Rodrigues:
Para chegar à sentença de 22 anos e três meses, a juíza Marixa Fabiana Rodrigues considerou também três anos e três meses em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho e um ano e seis meses pela ocultação de cadáver, também em regime aberto. Em outra projeções, considerando a necessidade de cumprimento de 2/5 da pena (sete anos), e um ano de remissão por trabalhar na Penitenciária Nelson Hungria, ele pode ter direito de pedir a progressão de pena em quatro anos, em 2017. Já na avaliação do promotor Henry Wagner Vasconcelos, considerando outros itens referentes à pena, como a adição de 1/6 correspondente às outras penas (sequestro do filho e ocultação de cadáver de Eliza), e os dias úteis trabalhados, Bruno poderia ter direito ao benefício em cinco anos.
Recursos
Pouco depois do anúncio da sentença, que foi dada na madrugada desta sexta-feira, Dia Internacional da Mulher, os advogados do goleiro e o promotor anunciaram que pretendem recorrer da sentença. O defensor de Bruno, Lúcio Adolfo, disse que vai encaminhar um pedido de anulação do júri para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e, caso necessário, deve recorrer às instâncias superiores contra a decisão. Em entrevistas à Rede Globo, Henry Vasconcelos anunciou que a promotoria vai entrar com um recurso na segunda-feira. Ele não concorda com a redução que Bruno teve na pena e acredita que a culpabilidade pede uma punição mais severa, no mínimo 30 anos.
Caso Bruno terá novos julgamentos nos próximos meses
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor de Eliza Samudio, está preso desde 2010 em São Joaquim de Bicas, na Grande BH. Ele aguarda o julgamento que acontecerá no dia 22 de abril. Durante o julgamento desta semana, Bruno citou o ex-policial civil como assassino da modelo.
Ex-funcionários do goleiro, Elenilson da Silva e Wemerson Marques, o Coxinha, também serão julgados, mas estão em liberdade. Eles irão a júri popular em 15 de maio, pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho. Moradores de Ribeirão das Neves, os dois trabalham na região.