Uma briga entre o goleiro Bruno Fernandes de Souza e um outro detento resultou na transferência do jogador de pavilhão e a suspensão do direito de trabalhar na lavanderia da penitenciária para remição de pena, conforme o Estado de Minas mostrou ontem. O atrito entre os internos foi na manhã do dia 1º, segundo revelou um agente que trabalha no Complexo Prisional Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os dois, que estavam internados no pavilhão 4, destinado ao detentos que trabalham, iniciaram uma discussão e passaram a se agredir, mas não ficaram feridos.
Como punição pelo ato de indisciplina, Bruno Fernandes foi transferido para o pavilhão 1, onde cerca de 90 presos se rebelaram no final de fevereiro, fazendo uma professora e um agente penitenciário reféns. Ontem, o advogado do goleiro, Lúcio Adolfo, minimizou um possível risco de seu cliente ser alvo dos detentos do pavilhão 1. Segundo ele, o perfil dos presos no local é de bom comportamento. O advogado acrescentou que Bruno foi “injustiçado”, já que não fez nada para ser punido.
A Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) reafirmou ontem que a punição ao goleiro foi resultado de um ato de indisciplina. A instituição, porém, não confirmou a informação de que tal ato seria a briga entre Bruno e um colega de pavilhão. Segundo a Suapi, a punição ao preso é somente a suspensão do direito de trabalhar, já que para cada três dias de serviço ele reduz um da pena. A transferência de pavilhão foi considerada uma ação rotineira. O direito a visitas do goleiro não foi suspenso e hoje a sua mulher, a dentista Ingrid Oliveira, vai encontrá-lo no novo pavilhão.
CONDENADO
Bruno está preso na Nelson Hungria desde junho de 2010. Ele e outras sete pessoas respondem pela trama de sequestro e morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro, com quem teve um filho. No dia 8 do mês passado ele foi condenado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver de Eliza, além de sequestro do filho do casal, com pena total de 22 anos e três meses. Para ter direito à progressão do regime fechado para o semiaberto, em que poderia sair diariamente para trabalhar, Bruno tem que cumprir sete anos, nove meses e 15 dias de prisão. O trabalho na penitenciária, bem como o benefício de estudar, é fundamental para que ele reduza esse período atrás das grades.