O jogo entre Brasil e Camarões, nesta segunda-feira à tarde, serviu como uma espécie de "teste de resistência" para o goleiro Bruno Fernandes. Preso desde julho de 2010 e condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte do ex-amante Eliza Sacudiu, na última sexta-feira, ele foi transferido da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, para a Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, Norte de Minas. Na nova “casa”, pela primeira vez, Bruno ficou impedido de assistir a um jogo da Seleção Brasileira, pois, na região rural onde fica a unidade prisional não é captado sinal de TV. Desta forma, os funcionários da penitenciária também ficam impedidos de assistir às partidas da Copa do Mundo pela televisão.
Na Penitenciária Nelson Hungria, o ex-goleiro tinha o “conforto” de assistir partidas de futebol e programas televisivos, tendo em vista que seus familiares levaram uma aparelho de televisão para a cela na prisão em Contagem. Na Penitenciária de Francisco Sá, de acordo com as normas da prisão, ele pode receber da família apenas um rádio, no tamanho de 15 cm x 25 cm. No lugar também não é captado sinal de telefone celular e o acesso da sede do município até a unidade se dá por uma estrada de terra, de 11 quilômetros.
A transferência foi autorizada pela Justiça e pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) no dia 10 de junho, em atendimento a solicitação dos advogados de Bruno. A mudança faz parte da estratégia da defesa, que tenta conseguir autorização da Justiça para que o ex-atleta retorne aos gramados. Em 28 de fevereiro, ele assinou um contrato com o Montes Claros Futebol Clube - equipe da segunda divisão do futebol mineiro. No pedido de transferência, a defesa justificou que Bruno precisava ficar perto da família, sendo que em janeiro deste ano, a noiva do goleiro, a dentista carioca Ingrid Calheiros, alugou um apartamento em Montes Claros, que fica distante 53 quilômetros da Penitenciária de Francisco Sá.
Ele reiterou que o próximo da defesa será entrar com o pedido de autorização na Justiça para que o detento possa sair da prisão durante o dia para treinar no Montes Claros FC. Mas, primeiramente, os advogados terão que esperar a documentação do preso ser transferida para a Penitenciária do Norte de Minas, o que deve demorar pelo menos 15 dias. Especialistas asseguram que, como cumpre em regime fechado, Bruno só poderá sair da cela para trabalhar a partir de 2019. Mas, os advogados dele alegam que existe brecha na lei que faculta a saída temporária mesmo para que os presos em regime fechado. Nesta semana, os advogados de Bruno deverão visitar a Penitenciaria para verificarem em que condição o cliente se encontra. “Mas, as informações que recebemos é que ele está recebendo um tratamento adequado”, afirmou Tiago Lenoir.