Conjunto Palmares se protege com grades e silêncio
No Bairro Bom Jardim, em Fortaleza, localidade foi palco de assassinato cruel da travesti Dandara
Flávia Ayer, Fred Bottrel - Enviados Especiais
“Vocês vão para o Bom Jardim? Ninguém pega passageiro para deixar lá à noite, não. É assalto na certa”, afirma o taxista à reportagem do Estado de Minas. Na periferia de Fortaleza, o Bairro Bom Jardim, onde a travesti Dandara foi assassinada, é considerado uma das regiões mais violentas da capital cearense.
A execução ocorreu no Conjunto Palmares, já no fim do bairro. As ruas têm calçamento esburacado, a fiação elétrica exibe ligações clandestinas e falta saneamento básico. Mas a criminalidade é o maior problema.
No Conjunto Palmares, a população, ainda assustada com a morte de Dandara, vive sob a Lei do Silêncio e a ameaça de gangues ligadas ao tráfico de drogas. As grades nas janelas, portas e varandas chamam atenção no comércio e nas casas, geralmente de um pavimento.
É chegar uma equipe de reportagem e os moradores se trancam nas casas, com medo de represália. “Aqui quem fala demais morre”, afirma uma das moradoras, que escutou os tiros que mataram a travesti.