Enquanto uns se preparam para o retorno às aulas amanhã, muitos não sabem quando voltarão a estudar. Professores da rede estadual seguem em greve por tempo indeterminado e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) já admite que o ano letivo de 2011 pode se entender até 2012, o que comprometeria as férias de janeiro. O impasse não tem solução à vista, já que o estado confirma a disposição de não negociar se a categoria não suspender a paralisação. Se estudantes das redes particular e municipal dão hoje adeus ao último dia da folga de julho, pais e alunos das escolas estaduais prosseguem na incerteza, que agora já ameaça o próximo período de recesso escolar e que com certeza vai prejudicar vários fins de semana ao longo do ano.
Como presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola Estadual Pandiá Calógeras, que fica no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, Neyse apoia a causa dos professores, pois acredita que eles realmente precisam de melhoria nos salários e nas condições de trabalho, mas ressalta que a formação dos futuros cidadãos deve ser a prioridade de todos. A psicóloga está apreensiva com a reposição das aulas e pede que os grevistas pensem na melhor maneira de fazer isso, sem ferir o direito de aprendizagem dos alunos. “Pela falta de tempo, as matérias nunca são passadas integralmente. Os estudantes fazem um trabalho aqui e outro ali, só para terem nota, e acabam passando de ano sem saber todo o conteúdo.”
A Secretaria de Estado da Educação esclarece que o novo calendário só será definido com o fim da greve, já que ainda não dá para saber quantas horas ficaram para trás. Embora nunca tenha ocorrido reposição no ano seguinte, o estado deixa claro que, se houver necessidade, as aulas serão dadas em sábados, recessos ou nas férias de janeiro. “Faço um apelo aos professores para que retornem à sala de aula amanhã, para que possamos avançar de forma mais tranquila nas negociações. Estamos dispostos a sentar e negociar, mas a escola precisa estar funcionando. Se a categoria ficar parada, a probabilidade de a greve demorar é maior”, afirma a secretária-adjunta, Maria Ceres Pimenta.
A coordenadora geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, informa que a categoria está disposta a acabar com a greve quando o estado apresentar alguma proposta referente ao piso salarial profissional nacional. "Não avançamos em praticamente nada neste tempo todo. Então, dificilmente, as aulas voltarão amanhã", diz. Segundo ela, só haverá reposição se o salário do período de paralisação não for cortado.
O próximo passo do movimento será decidido na quarta-feira, quando ocorre assembleia da categoria. (Colaboraram Humberto Siqueira e Vanessa Jacinto)